Curso de extensão
OFICINA DE ANÁLISE DE CANÇÕES BRASILEIRAS
Com Marcos Baltar (UFSC/UDESC)
Monitora Tayná Miranda (UFSC)
Encontros Remotos:
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As Oficinas ocorrerão semanalmente a distância, online,
segundas-feiras das 8h30 às 11h30.
Serão 08 encontros de 3h nos meses de outubro e novembro de 2021.
O público-alvo são alunos de música e outras áreas afins, pesquisadores dos gêneros discursivos, professores universitários e de educação básica.
Inscrições encerradas
MARCOS BALTAR
Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, é graduado em Letras Licenciatura Plena Português-Francês pela Universidade Federal de Pelotas (1992), mestre em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995), doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003). Pós-doutorado na Universidade de Genebra, Suíça (2006). Pós-doutorado na Escola Superior do Professorado e do Ensino - ESPE de Versailles - Universidade de Cergy Pontoise, França (2015). Em 2006 publicou o livro Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de sala de aula. Em 2012 publicou Rádio escolar: uma experiência de letramento midiático. Em 2017 gravou o Álbum Luzes Acesas (MPB), em 2019 publicou o livro Oficina da canção: do maxixe ao samba-canção. Atualmente, investiga "A canção como um gênero de discurso multissemiótico influenciando construções identitárias: da corte francesa do século XIII à polis do século XX, na França e no Brasil". Atua principalmente nas áreas linguística aplicada e mídia: teorias do agir humano, teorias de gêneros textuais/discursivos, letramento(s) e formação inicial e continuada de professores. É coordenador da área Letras - Português (PIBID/UFSC) Programa de Iniciação à Docência.
OFICINA DE ANÁLISE DE CANÇÕES BRASILEIRAS
Este curso de extensão problematiza a recepção e a produção da música brasileira atual, por intermédio do estudo, análise de composições do cancioneiro popular, desde o surgimento do choro, do samba, da bossa nova, discutindo o chamado gênero MPB, até a canção contemporânea, na forma de um livro e de oficinas online a distância.
O projeto está associado à pesquisa ao Grupo Estudo da Canção (GECAN), vinculado ao Núcleo de Linguística Aplicada (NELA) do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas – LLV do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da UFSC e à linha de pesquisa Teoria e História do PPGMUS da UDESC.
O objetivo principal é despertar a consciência crítica e aprimorar a percepção estética sócio-histórica das músicas e letras do gênero discursivo canção e compreender em síntese a vida e obra dos principais compositores da música brasileira. A canção é entendida como um gênero multissemiótico, signo verbal e musical, com sua estrutura triádica: temática, composicional e estilística e como um artefato da indústria fonográfica. O projeto visa também oferecer noções iniciais de teoria musical (harmonia, ritmo e melodia), para subsidiar a análise das canções, assim como servir de apoio para a vivência de composição, estimulando a produção autoral de novas canções.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O encontro de letras com melodias, melopeias, como chamou Pound (2006), assim como as próprias formas musicais que a canção nos sugere, podem ser repensadas a partir dos traumas que o Romantismo como linguagem musical trouxe à nossa percepção. Estes traumas desdobram-se em compreensão da música como disciplina isolada e completa em si mesma, não reflexiva, como signo unificado e não dialógico, desconsiderando a interdisciplinaridade, a relação da música com a literatura, com as artes visuais, com as artes cênicas, por exemplo. Esse equívoco em relação à música, enquanto linguagem humana dissociada da vida e das outras formas de fazer arte e de humanização dos povos, pode ser a base da compreensão equivocada de alguns ouvintes – sobretudo a juventude –, submetidos à recepção e à reprodução de clichês via mídia de massa, radiofônica e televisiva, que difundem estereótipos da música como espetáculo, com estética restrita às leis de mercado, como mera mercadoria panis et circense.
A arte de cantar poesias e crônicas nasceu na França no Século XI com os Trouvers e Trobadours e desenvolveu-se por toda a história da música até chegar no que chamamos canção ou “melopeia contemporânea”. As melodias enquanto narrativas pré-antropológicas sustentam-se em forma de canto. Por outro lado, fruto da sociedade grafocêntrica, a canção adquire forma escrita a partir da evolução do soneto e enquanto forma composicional é enquadrada no sistema musical temperado – ou seja, o sistema tonal. Uma boa referência sobre este percurso através da forma soneto pode ser vista no artigo “Da voz à Letra” de Sterzi (2012).
Avançando no tempo, os estudos contemporâneos da prosódia tiveram início no Brasil com os trabalhos do professor Luiz Tatit (Semiótica da Canção) e com os professores Celso Branco e Roberto Gnatalli (A Letra na Canção).
Em 1995, o professor Luiz Tatit apresenta de forma inaugural em seu livro “O cancionista : composições de canções no Brasil”, uma abordagem semiótica para a análise de canções em língua brasileira. Enquanto os professores Celso Branco e Roberto Gnatalli trabalhavam a “Letra na Canção” na abordagem dos estudos literários e culturais, o professor Tatit debruçava-se para a relação da letra com a entonação e a música.
A guitarra acústica no Brasil é chamada de Violão de Nylon, neologismo nascido da música antiga, viola portuguesa, Viola da Gamba. A trajetória desse instrumento teve um diferencial enorme sobre a questão do acompanhamento. Em outros países o violão/guitarra acústica desenvolveu-se em potencialidade como instrumento solo, já o violão brasileiro desenvolveu-se como violão de acompanhamento, fazendo a “canção” brasileira modernizar-se também por influência das especificidades do instrumento, tanto na expressividade rítmica, execução da mão direita, através de levadas e arpejos, quanto na transformação harmônica que a especificidade do instrumento emprestou à forma canção. Neste projeto buscaremos mostrar um pouco do percurso da transformação harmônica e rítmica do instrumento através da análise das obras de alguns de seus expressivos violonistas cantautores.
Além disso e complementarmente o projeto pretende criar um espaço para novos escritores e músicos que desejam compreender e expressar-se pela canção, entendendo-a como um gênero multissemiótico, na perspectiva da linguística aplicada e da filosofia da linguagem, abarcando a poética, a retórica, a estilística e a ética, como disciplinas indispensáveis para interação do homem na vida social, de forma dialógica associando a cultura musical brasileira de sua correspondente literatura.
OBJETIVOS
O Objetivo Geral deste curso é despertar senso crítico e estético para a música, letra, autoria e contexto histórico de canções brasileiras, por intermédio de escritura de um livro e da concomitante preparação de material para oficinas da canção a serem oferecidos à comunidade da UFSC.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
METODOLOGIA
Escolha consensual de canções da MPB e análise das canções escolhidas com utilização do diagrama analítico (tetragrama) criado pelo GECAN, grupo coordenado pelo professor Marcos Baltar, a ser aprimorado com a contribuição dos debates no grupo da Oficina da Canção.
Neste diagrama, a canção é compreendida como gênero multissemiótico do discurso e e como artefato cultural de matriz híbrida, cujos componentes verbais, musicais, sócio- situacionais e autorais permitem uma abordagem interdisciplinar.
A partir das análises, pretende-se ampliar o conhecimento sobre a recepção e produção da música brasileira no atual cenário e propor novas abordagens de ensino e aprendizagem, a partir da interação dos sujeitos participantes com o projeto de dizer dos compositores das canções escolhidas, buscando acessar os principais elementos de formação desse gênero no Brasil.
ARTICULAÇÃO ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO
Este curso dialoga com o ensino pela importância da interdisciplinaridade entre linguagem verbal e musical, tanto para formação de professores, quanto para integração entre alunos, servidores (técnicos e professores) da Universidade e comunidade do entorno da UDESC, além de oferecer à comunidade acadêmica um material de estudo da canção como gênero de discurso multissemiótico. Também está articulado ao projeto de pesquisa “A canção como um gênero de discurso multissemiótico de manifestação artística influenciando construções identitárias: da corte na Europa medieval do século XIII à polis do século XX, na França e no Brasil”, inscrito no Sigpex - UFSC, sob o número 201800727.
AVALIAÇÃO
Avaliação será feita de modo progressivo e continuado, levando-se em conta:
PARTICIPAÇÃO DOS INSCRITOS NA OFICINA
Os inscritos na disciplina participarão da oficina praticando os exercícios de composição de canções (Letra e Música). Participarão tendo aulas expositivas, conversando com professores e artistas.
CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
BALTAR, Marcos. Oficina da canção: do maxixe ao samba canção. Curitiba: Appris, 2019.
BRANCO, Celso. Cadernos de aula – Festival de Música de Itajaí 1998 (A letra na Canção) Comunicação pessoal.
CHEDIAK, Almir. As 101 melhores canções do Séc. XX. Volume 1. Lumiar. Rio de Janeiro 2004.
CHEDIAK, Almir. As 101 melhores canções do Séc. XX. Volume 2. Lumiar. Rio de Janeiro 2004
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e Fios: Um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora UNESP, 2005.
GERALDI, João Wanderley. A aula como acontecimento. São Carlos: Pedro & João Editores, 2015.
GNATALLI, Roberto – Apostila de Curso – Festival de Música de Itajaí 1998 (A História dos Ritmos Brasileiros).
GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons e Ritmos. São Paulo: Ática, 1985.
KRIEGER, Elisabeth. Descobrindo Música: Ideias para sala de aula. Porto Alegre: Editora Sulina, 2007.
POUND, Erza. Os Cantos. Tradução de José Lino Grunwald – 1.ed. especial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2006.
STERZI, Eduardo. Da voz à letra. Alea [online]. 2002, vol.14, n.2, pp. 165-179
TATIT, Luiz. NESTROVSKI, Arthur. MAMMI, Lorenzo. Três Canções de Tom Jobim. São Paulo, Cosac Naify 2004
TATIT, Luiz. O Cancionista: Composições de Canções no Brasil. São Paulo, EdUSP, 1995 WISNIK, José Miguel. O som e o Sentido: Uma outra história das músicas. São Paulo, Companhia das Letras 1989.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha à canção de protesto. Rio de Janeiro: Vozes, 1974.
TINHORÃO, José Ramos. História social da música brasileira. São Paulo: Editora 34, 1997.
TINHORÃO, José Ramos. A origem da canção urbana. São Paulo: Editora 34, 2011.
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