Propor outras narrativas sobre a população negra em Santa Catarina é um esforço realizado direcionado para a equidade racial, para transformação da história e historiografia do Brasil. Como epicentro de reflexão e ação nesse sentido, o campo audiovisual é um ambiente possível para problematizar a gestão da informação e de conhecimentos da história, cultura africana e afro-brasileira, em função dos obstáculos apresentados pelo racismo estrutural.
Com população negra ainda sub representada, o imaginário e memória catarinense são constantemente estratégias de apagamento de ocupação de espaços, produção intelectual e cultural, fortalecendo os “saberes sepultados” que possuem múltiplos repertórios que geram ricas narrativas. Sueli Carneiro (2005) destaca a perspectiva metodológica do “paradigma do Outro” para (re)construir um outro lugar de fala para aqueles que foram subvalorizados na história oficial. Segundo a autora, esse paradigma “expressa a vivência pessoal da discriminação racial e ativista negra no combate ao racismo e às estratégias de subjugação racial” (CARNEIRO, 2005: 25). Além de conter as experiências compartilhadas da escravização, da memória ancestral, da afirmação ao pertencimento étnicocultural e da resistência à dominação e opressão as quais vivenciam.
A partir dessa leitura de contexto, essa proposta de trabalho aponta a perspectiva decolonial para estratégias de implementação da Lei Federal Nº 10.639/03 para propor a produção de um audiovisual sobre as referências de vida de Julia Chrispina do Nascimento, uma mulher negra, filha de escravizada que, no município de Laguna, em Santa Catarina, no início do século XX, foi professora e também proprietária da escola onde lecionava - a Escola Particular Mixta. A proposta baseia-se em estudos bibliográficos e de pesquisa realizados sobre a Julia Chrispina do Nascimento, pelas/os discentes de arquitetura do CERES/UDESC Maria Laura dos Santos Sebastião e Estevão Lucas Pereira Borges da Silva, discentes extensionistas e cursando arquitetura e urbanismo no CERES/UDESC, a partir do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros/NEAB, Laboratório Artemis/CERES-UDESC. Esta proposta é oriunda das ações conjugadas do Programa Memorial Antonieta de Barros com a Ação de Extensão “Caminhando com Antonieta de Barros: Narrativas de resistências e ancestralidades” que reúne atividades que recuperam o protagonismo, os modos de resistência, participação política e social, as vivências de religiosidades e as produções literárias de mulheres afro-brasileiras no seu processo de afirmação como sujeito político e sócio histórico na constituição da história de Santa Catarina e do Brasil - coordenada pela técnica universitária Maria Helena Tomaz e as ações do Programa de extensão Memória e Patrimônio: comunidade, escola e universidade unidas por um princípio educativo com a Ação de extensão “Itinerários de Educação patrimonial”, coordenada pela técnica universitária Marilane Machado de Azevedo Maia.
A produção do audiovisual retoma o Itinerário de Educação Patrimonial Caminhando com Julia Chrispina do Nascimento, a partir de ocupação de espaços dessa personagem, para colocar em evidência a população negra e suas existências e vivências no município de Laguna, que se destaca pela história e feitos de Anita Garibaldi.
Projeto aprovado no Edital de Cultura: Caminhando com Julia Chrispina do Nascimento
Coordenação: Técnica Universitária Ma. Maria Helena Tomaz
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