Coordenação: Acácio Piedade | Bolsista: Gustavo Guimarães Elias
Flora Holderbaum é Bacharel em Violino pela UDESC, Mestre em Música pela UFPR e Doutora em Sonologia pela USP. Atualmente é Professora Colaboradora em Tecnologia Musical no DMU/UDESC. Na exposição Criação com Voz e Eletrônica, Flora falará sobre seu processo criativo em torno de poéticas vocais e instrumentais com eletrônica em tempo diferido, a partir da cena vocal experimental atual, através de seus estudos de mestrado e doutorado.
Eduardo Vidili é Mestre em Música pela Udesc (2017), na linha de pesquisa Musicologia/Etnomusicologia, com a dissertação “Pandeiro brasileiro: transformações técnicas e estilísticas conduzidas por Jorginho do Pandeiro e Marcos Suzano”, orientada pelo Prof. Dr. Luiz Henrique Fiaminghi. Bacharel em Música com Habilitação em Percussão pela USP (1996). É doutorando em Música pela UniRio, sob orientação da Profa. Dra. Maya Suemi Lemos e coorientação do Prof. Dr. Pedro de Moura Aragão. Em 2019-20 realizou estágio de doutorado sanduíche na University of Texas at Austin, onde foi supervisionado pelo Prof. Dr. Robin D. Moore. É professor assistente (professor substituto) de História da Música na Udesc. Desenvolve trabalhos artísticos como percussionista.
A vida social do pandeiro no Rio de Janeiro (1900-1939): trânsitos, significados e a profissionalização dos pandeiristas
Com esse título, Eduardo Vidili abordará sua tese de doutorado em desenvolvimento. O objetivo geral do estudo é compreender o que significava tocar pandeiro no contexto histórico em questão, tanto nos ambientes amadores quanto nos profissionalizados. Os objetivos específicos são: mapear os ambientes pelos quais o pandeiro transitava no Rio de Janeiro, então a Capital Federal brasileira; entender quais foram os papéis simbólicos ocupados pelo instrumento e instrumentistas no imaginário nacional que se constituía naquele período; compreender como se deu a inserção dos pandeiristas nos âmbitos da música popular em vias de profissionalização, bem como a construção de suas imagens artísticas; analisar como soava o pandeiro na fonografia do período. Como questão inicial, problematiza-se o estatuto do pandeiro como instrumento nacional brasileiro vis-à-vis a suposta proibição a ele imposta. A metodologia adotada é a pesquisa em periódicos e fonogramas da época.
Semitha Cevallos é pianista e musicóloga, sua formação se deu no Brasil e na Polônia. Doutora pela UniRio. Mestre pela UFPR. Pós-Graduada em Performance Solo e Música de Câmara pela Akademia Muzyczna J. I. Paderewskiego, Poznań, Polônia. Bacharel em Piano pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Seus interesses de pesquisa estão na área de musicologia histórica brasileira e polonesa da segunda metade do século XX. A pesquisadora se concentra especialmente em temas da música de concerto brasileira, pouco pesquisados, ou assuntos que ainda não foram objetos de pesquisa. Semitha é atualmente gerente da Casa da Cultura de Joinville.
Os Festivais da Guanabara
Semitha irá apresentar um dos capítulos de sua tese de doutorado que compõe a narrativa sobre as duas únicas edições do Festival da Guanabara, ocorridas em 1969 e 1970, respectivamente. Foram eventos dedicados à música de concerto nos mesmos moldes dos Festivais da Música Popular. Traçar esse discurso só foi possível pela consulta aos jornais, através de artigos jornalísticos dos críticos de música atuantes na época, bem como do material acerca dos festivais disponibilizado pela Funarte, além das gravações ao vivo dos concertos realizados pelo Museu da Imagem e do Som. Através desta investigação foi possível constatar a importância dos Festivais da Guanabara, não somente para a história da música de concerto brasileira da segunda metade do séc. XX, bem como para a narrativa artístico-nacional, trazendo o entendimento de que a “Era dos Festivais” também compreendeu dois eventos da música erudita.
Chico Saraiva é músico-pesquisador e vem trilhando uma trajetória ímpar. Como compositor, foi premiado em seis CDs autorais lançados a partir da reflexão sobre o campo de intersecção no qual atua. Trabalha com a diferença e a complementariedade de perspectivas entre o violão (ligado a tradição escrita) e a canção popular brasileira. Sua dissertação de mestrado “Violão-Canção”, desenvolvida na linha de processos composicionais da ECA/USP, foi lançada ano passado pela Sesc Edições SP e pode ser conferida no site www.violao-cancao.com.
"Transcriações" de J. S. Bach
Chico apresentará os resultados parciais de sua tese de doutorado (em andamento) que aprofunda as discussões trabalhadas no mestrado. Esse trabalho se desenvolve a partir de "transcriações" da obra de J.S.Bach, convertidos em canções brasileiras, (re)escritas para voz, violão e viola-machete e, alcançam a Ilha de Santa Catarina em suas letras. O trabalho ganhou novos horizontes após um recente intercâmbio de Chico no Instituto de Musicologia - Transcultural Musical Studies - da Universidade Franz Listz, de Weimar, Alemanha.
Nina Graeff é musicista e produtora cultural com doutorado em Antropologia da Educação e “Interart Studies” pela Universidade Livre de Berlim (2017). Desde 2020 é professora visitante do Programa em Pós-Graduação em Música da UFPB. Atuou como pesquisadora e docente da cátedra da UNESCO de Transcultural Music Studies em Weimar entre 2017 e 2019. Foi bolsista de pós-doutorado do programa HONORS da Universidade Livre de Berlim (2018) e do DAAD para realização de sua pesquisa “Tons de machete” em cooperação com a o INET-MD da Universidade de Aveiro, Portugal (2019). É iniciadora e coordenadora de diversos projetos em andamento: “Saberes em Roda”, projeto de extensão em colaboração com mestres do Coco de Roda e da Ciranda da Paraíba; “No Sotaque das Cordas”, série de lives sobre a diversidade de linguagens de instrumentos de corda, em parceria com os músicos-pesquisadores Ivan Vilela (Univ. de Aveiro) e Chico Saraiva (ECA-USP); e “Ressonâncias Atlânticas - preservação, reinvenção e disseminação de tradições musicais entre Paraíba, África e Portugal”, projeto de iniciação científica aliado ao PPGM-UFPB. É autora do livro “Os Ritmos da Roda: Tradição e Transformação no Samba de Roda” (2015), além de iniciadora e curadora do evento multiartístico “Sarau Mundi” em Berlim (2018-2019). http://www.ninagraeff.com/pt/research/
Ressonâncias Atlânticas e Encruzilhadas Sensíveis
Nesta comunicação, Nina apresentará o percurso de pesquisa que tem trilhado, cada vez mais de forma coletiva, desde sua pesquisa de pós-doutorado “Tons de Machete: Recuperação de cinco técnicas da viola machete do samba de roda” até os mais recentes desdobramentos de seu projeto científico-pedagógico “Ressonâncias Atlânticas” na UFPB. No início do percurso impôs-se um método que proponho chamar de encruzilhada sensível, que consiste na produção e multiplicação de saberes a partir do confronto e troca de experiências musicais diversas e não hierárquicas, privilegiadas em detrimento de construções teóricas fundamentadas em fontes escritas e legitimadas na academia. O conceito polissêmico de ressonância se ancora na proposição do sociólogo alemão Hartmut Rosa de que a solução para os problemas de aceleração e alienação social do mundo moderno (Rosa 2009) e emudecimento das relações do indivíduo com o mundo, com a natureza e, portanto, consigo mesmo, estaria no estabelecimento e cultivo de um modo mais ressonante de estar-no-mundo (Rosa, 2016). Essa proposição tem permeado buscas tanto por ressonâncias entre culturas musicais africanas, ibéricas, indígenas, árabes etc. como por metodologias pedagógicas e científicas mais fluidas e afinadas com a realidade – inclusive pandêmica – dos pesquisadores, estudantes e praticantes das culturas musicais abordadas.
Palestra "Música e Meio Ambiente: Reflexões autobiográficas" com Antonio Borges Cunha UFRGS) na Semana da Música Brasileira (UDESC). Disponível em vídeo.
Compositor e maestro, Antônio Carlos Borges Cunha é professor do Departamento de Música na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um dos fundadores do programa de mestrado e doutorado em composição musical. A integração de culturas e de valores estéticos aparentemente antagônicos é uma das características de seu trabalho autoral. Sua música tem sido apresentada em países das Américas e Europa. Recebeu prêmios por suas composições e por sua atuação como regente de orquestra e pesquisador. Borges-Cunha tem contribuído para a atualização do repertório orquestral e para a divulgação da brasileira.
Música e Meio Ambiente: Reflexões autobiográficas
"Desde 2020, comentários e trabalhos acadêmicos sobre as peculiaridades de minha música revelam e me fazem acreditar que o meio ambiente e o entorno cultural de minha infância e pré-adolescência - no meio rural, convivendo e sentindo a natureza - compõem as principais referências sonoras e expressivas que estão registradas na minha memória. Meio ambiente e entorno são complementares, significando o conjunto de condições naturais e de todos os elementos que afetam e influenciam nossa existência, nosso desenvolvimento, nossos sentimentos e afetos. As condições naturais incluem elementos como ar, água, plantas, animais, espaços geográficos, estações do ano."
Silvio Mansani (PPGMUS-Processos Criativos). O trabalho de mestrado de Silvio Mansani almeja a criação de uma obra camerística intitulada Dante Negro para voz e instrumentos (voz, flauta, clarinete, violino, violoncelo e violão) com poemas de Cruz e Sousa e música inspirada na obra Pierrot Lunaire, de Arnold Schoenberg. Nessa oportunidade, Sílvio vai apresentar parte do artigo que está desenvolvendo sobre o canto falado na música de concerto.
A apresentação trará reflexões sobre as relações da fala com o canto em diferentes épocas e culturas até às vanguardas do século XX, com a técnica do Sprechgesang, de Arnold Schoenberg, na obra Pierrot Lunaire, chegando à contemporaneidade com o teatro musical Moi Singe (2017), do compositor brasileiro Januíbe Tejera.
Lançamento do livro MusiCS: Musicologia Histórica, Composição e Performance, organizado pelos professores Acácio Piedade e Marcos Holler. Os artigos desta coletânea dividem-se em três áreas temáticas, musicologia histórica, teoria e performance, repercutindo a produção dos membros do grupo de pesquisa MusiCS - Música, Cultura e Sociedade, vinculado ao Departamento e Programa de Pós-graduação em Música (PPGMUS) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Concebido durante a pandemia da Covid-19, o livro reflete o cenário atual dos trabalhos do grupo nas áreas referidas.
Com a participação dos autores dos capítulos: Marcos Holler, Cassiano Barros, Luís Fernando Hering Coelho, Luiz Henrique Fiaminghi, Acácio T. C. Piedade, Lourdes Saraiva, Luiz Mantovani, Valéria Bittar e Cristina Emboaba.
Outras informações e acesso gratuito ao livro aqui: EDITORA CRV
Sólon Mendes (UFRB/UDESC) apresenta a pesquisa Claves e invenção musical: africanidades brasileiras em várias vozes.
Resumo: O problema que permeia grande parte das questões apresentadas neste trabalho é o aprofundamento de estratégias teórico-aplicadas relativas à polifonia e contraponto na música popular. Através de minha atuação como docente do curso de Licenciatura em Música Popular Brasileira do CECULT/UFRB [o curso de Licenciatura em Música Popular Brasileira, do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CECULT/UFRB) iniciou em 2018, sendo sua proposta pedagógica inovadora e pautada em novas abordagens para o ensino da música popular] percebi certa oportunidade em relação a referenciais teóricos que embasem uma prática docente atualizada para componentes que de alguma maneira, tratem de aspectos relativos à polifonia e/ou contraponto. A falta de modelos pedagógicos adaptáveis a realidade e musicalidade dos discentes do curso surgiu como um problema para componentes curriculares como “Criação, Percepção e Práticas Musicais I” (1º semestre); “Aprofundamento de Estudos Musicais I” (2º semestre) “Contraponto I” (4º semestre) e “Contraponto II” (5º semestre). A partir dessas questões, iniciamos em 2016 um projeto de pesquisa, onde desenvolvemos alguns recortes, dentre os quais podemos citar: 1) contraponto no choro; 2) polifonia baseada nas claves de matriz africana do Recôncavo Baiano; 3) polifonia ou contraponto de riff’s; 4) contraponto de “blocos” em arranjos de big band; 5) contracantos subordinados na música popular; 6) contraponto por funções instrumentais nas Filarmônicas do Recôncavo.
Sólon de Albuquerque Mendes é professor de Arranjo e Composição, nível Adjunto A (dedicação exclusiva) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia _ UFRB, lotado no CECULT - Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas. Possui graduação em Composição e Regência pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2009), graduação em Música Bacharelado Em Instrumento pela Universidade Federal de Santa Maria (2002), graduação em Licenciatura Em Música pela Universidade Federal de Santa Maria (2002), mestrado em Teoria e Criação - UFPR (2009) e doutorado em composição musical pela UFBA (2014). Estudou composição com importantes compositores, como Dimitri Cervo, Harry Crowl, Maurício Dottori, Arrigo Barnabé, Rodolfo Coelho, Paulo Costa Lima, e arranjo com Daniel Morales, Ian Guest e Alfredo Moura. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Composição Musical, atuando principalmente nos seguintes temas: composição, análise musical, arranjo, música do séc. xx, música experimental e música eletrônica. Ao longo de 2021, Sólon Mendes desenvolve seu pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS/UDESC).
Magda Pucci
Pontes entre mundos: a performance atrelada a pesquisa como espaço de escuta, criação e educação
Haverá um breve panorama sobre as ações da autora com músicas indígenas iniciadas no Mestrado em Antropologia com os Paiter Surui de Rondônia, cujo foco foi a digitalização e a devolução de parte do acervo sonoro da antropóloga Betty Mindlin e sua tradução em oficinas interculturais com mestres Paiter. O mestrado estimulou a criação do projeto Rupestres Sonoros, uma pesquisa artística desenvolvida junto ao grupo Mawaca com canções indígenas perfazendo um processo de trânsito, reapropriação e ressignificação de tradições musicais dos Kayapó, Paiter Surui, Ikolen-Gavião, Huni-Kuin, Pakaa-Nova cujas temáticas foram relacionadas às imagens rupestres dos sítios arqueológicos brasileiros. O projeto ganhou força com a viagem à Amazonia em um intercâmbio musical com artistas Paiter Surui, Ikolen-Gavião, Karitiana, Kambeba and Huni-Kuin e da Comunidade Bayaroá, que compartilharam suas músicas, tocando e cantando com o grupo como convidados especiais, possibilitando novas escutas e olhares.
Magda Pucci
Magda Pucci é musicista (arranjadora, compositora e cantora) e pesquisadora independente de músicas do mundo e das culturas indígenas brasileiras. Formada em Música pela USP, mestre em Antropologia pela PUC-SP e Doutora em Pesquisa Artística pela Universidade de Leiden, na Holanda. É diretora musical e fundadora do Mawaca, um grupo de música de São Paulo que pesquisa e performa músicas em mais de 20 línguas tendo recebido os prêmios de melhor Grupo Vocal e de Cultura Popular pelo PPM.
É compositora de trilhas sonoras para teatro, dança e vídeo como Os Lusíadas, Quixote Caboclo, Samaúma, Quixote, e de obras encomendadas como Rapsódia Cobra Canoa para Orquestra da USP e CORALUSP, MDP84SP para Banda Sinfônica de Barcelona dentre outras. Trabalhou em projetos musicais em colaboração com comunidades indígenas brasileiras como Kayapó, Guarani Kaiowá, Huni-Kuin, Paiter Suruí e outros, além de projetos sociais com crianças e refugiados. Publicou artigos nas revistas Música Popular da UNICAMP, Vibrant, ABEM, e capítulos em livros como Um jogo chamado música: Escuta, experiência, criação, educação, de Teca Alencar, Entre gritos e sussurros (Musimid). A experiência de Magda Pucci com a temática indígena se aprofundou ao realizar seu mestrado em Antropologia, quando desenvolveu pesquisa sobre a arte oral do Paiter Suruí de Rondônia. Desde 2005, desenvolve projetos de divulgação das culturas indígenas desde a publicação de livros assim como espetáculos e intercâmbios entre indígenas e não indígenas como o CD e DVD Rupestres Sonoros – O canto dos povos da floresta, com recriações de músicas dos povos Kayapó, Paiter-Suruí, Ikolen-Gavião, Tupari, Huni-Kuin entre outros. Em 2011, realizou intercâmbios musicais na Amazônia com o Mawaca com músicos Ikolen-Gavião, Paiter Suruí, Kambeba, Huni-Kuin, Karitiana e Comunidade Bayaroá. Em 2019, apresentou o espetáculo Mekaron – A Imagem da Alma – gerado de uma residência artística de um grupo Kayapó com o Mawaca. É coordenadora de São Paulo do FLADEM - Fórum Latino-Americano de Educação Musical e membro do comitê de Estudos de Músicas Latino-Americanas e do Caribe do ICTM – International Council of Traditional Music.
Ministra oficinas e cursos em diversos espaços culturais e universidades. É curadora e diretora do Estúdio Mawaca, espaço dedicado a criar intercâmbios entre artistas de várias partes do mundo. Foi professora convidada pela Faculdade de Educação da UNICAMP, no curso de Pós-Graduação em Educação Musical na Escola de Música e Belas Artes da UNESPAR em Curitiba, da Pós-Graduação Lato Sensu A arte de ensinar arte no Instituto Singularidades em São Paulo, no Curso de Extensão em Educação Musical do Conservatório Brasileiro de Música com o Fladem - Brasil e projetos interculturais na UFGD. Coordenou cursos em parceria com diversos mestres indígenas pelo Centro de Pesquisa e Formação do SESC além de oficinas com a participação de músicos indígenas como Djuena Tikuna, Ibã Salles, Cafurnas Fulni-ô, Cristine Takuá, Kaê Guajajara, Anuiá Amaru, entre outros. Foi curadora do Festival de Músicas Indígenas do CCVM em parceria com Renata Tupinambá.
Igor Moreira, doutorando no Programa de Pós-Graduação em História (PPGH-UDESC), apresentará os resultados parciais de meu projeto de doutoramento em andamento que visa analisar a trajetória artística da cantora cubana exilada Gloria Estefan entre 1977 e 2011, com ênfase nas múltiplas formas de engajamento e na construção de representações de cubanidades e latinidades globalmente. Para esta apresentação, em especial, Igor vai abordar as relações estabelecidas entre Gloria Estefan e a cidade de Miami, espaço que foi sua base artística. Desde que se exilou nos Estados Unidos, em 1959, Gloria Estefan viveu na cidade de Miami integrando uma larga comunidade exilada anticastrista localizada na região de Little Havana. Na década de 1970, passou a integrar a banda Miami Sound Machine, grupo que a projetou artisticamente, sendo que desde então articulou suas projeções globais com suas relações com a cidade de Miami, fosse se envolvendo em pautas sociais e políticas ou no recebimento de prêmios e shows. Neste sentido, a cidade foi palco de sua trajetória e carreira e, desde 1975 e até o presente, uma espacialidade fundamental para a construção de sua identificação artística. Orientado pela História do Tempo Presente em diálogo com a História Global e a musicologia histórica, a pesquisa visa observar quais são as múltiplas camadas de temporalidades deixadas por uma cantora de música pop, considerada pelas indústrias culturais como símbolo da comunidade cubana exilada, assim como em Miami, e de que forma tais registros se integram com as tentativas de construção de representações de identidades cubanas globais e na elaboração de identificações de cubanidades no exílio.
Igor Moreira: Doutorando em História pelo programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGH-UDESC), sob orientação da Profa. Dra. Márcia Ramos de Oliveira, na linha de pesquisa Linguagens e Identificações. Atualmente é Visiting Scholar na University of Miami (Florida/EUA). Mestre e Graduado em História (Licenciatura) pela mesma instituição. Bolsista CAPES-DS, integrante do Laboratório de Imagem e Som (LIS/UDESC), do Núcleo de Estudos de Exílio e Migração da Universidade Federal de Minas Gerais (NEEM-UFMG), da Rede de Pesquisadores da História de Cuba, da Equipe de Apoio Editorial da Revista Tempo e Argumento e do Grupo de Música, Cultura e Sociedade (Musics-CEART/UDESC). Associado a ANPUH, ANPHLAC, LASA e IASPM-AL. Tem experiência na área de História, com ênfase em História das Américas, Teoria da História, História Contemporânea. Atua principalmente nos seguintes temas: Relações e trânsitos entre Estados Unidos e Caribe; Biografias e Trajetórias Artísticas; Exílios; Representações; História de Cuba e identidades cubanas: Música Pop; Música Latino-americana; Audiovisual e Canção; História Pública e História do Tempo Presente.
Palestra "Processos de criação da interpretação vocal" com Lucila Tragtenberg.
Resumo: Os processos de criação da interpretação, realizados por cantores, constituem-se no tema desta palestra. Investigamos a hipótese de que seu trabalho possui a dimensão da criação como transcriação, sendo por ela constituído em instâncias de comunicação relacionais, bem como, abordamos o problema de sua descrição e interpretação teórico-metodológica. Objetiva-se evidenciar aspectos teórico-críticos significativos daqueles processos, suas conexões em redes de criação relacionais. Os processos de criação da interpretação vocal se encontram em situação de incomunicabilidade, restritos apenas a quem os desenvolve, associados à ideia de execução musical que não contempla o aspecto da criação. Esta palestra busca contribuir na reversão de tal situação, ampliando o viés metodológico que, na musicologia, tem privilegiado audição de gravações e ainda, ampliar o conhecimento acerca desses processos, configurando a Interpretação vocal em sua processualidade em redes criativas.
Lucila Tragtenberg: Soprano e professora de voz. Mestre em Canto pela UFRJ e Doutora em Processos de criação nas mídias no Programa de Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Desenvolve intensa atividade como solista em música contemporânea, câmara, ópera, eventos multimídia. Possui gravações em CDs, como o CD Voz, Verso e Avesso com músicas de Livio Tragtenberg sobre poemas e transcriações do poeta Haroldo de Campos e registrou árias de ópera brasileira inéditas do século XIX no CD Ópera Brasileira em Língua Portuguesa. Atuando no campo de interrelação entre canto e pintura no âmbito da contemporaneidade, a soprano criou a performance Sound, pinturaforadapintura - disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=aA0ePta0Tbw. Além disso, exerce atividade docente em Canto e Voz Falada na Graduação e Extensão da PUC-SP, na Licenciatura em Música na UDESC-SC e na Pós-Graduação do Instituto de Artes da UNESP. Líder do Grupo de Pesquisa Criação, Transcriação e Voz pesquisando os processos de criação da interpretação realizados pelo cantor. Orientadora vocal na Casa das Rosas em 2016/2017/ 2018 ministrando cursos de criação vocal poética e dramática. Autora de artigos em revistas especializadas da área de música.
Prévia da defesa das dissertações:
Nicolau Clarindo
Título: Sonoridades Modernas em Trânsito: a origem das jazz bands catarinenses e suas trilhas de 1920 a 1940.
Resumo: Este trabalhou pretendeu contribuir para o conhecimento a respeito das jazz bands se inseriram em cidades da região Norte, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis entre os anos de 1920 a 1940 por meio dos periódicos catarinenses, além de perceber a relação dos músicos e artistas que transitaram por essas regiões, durante o surgimento das jazz bands. Tendo como proposta dar continuidade às pesquisas já realizadas na graduação sobre a jazz band “Os Foliões”, os objetivos são: de entender as possíveis contribuições das jazz bands catarinenses para música popular do estado, conhecer e mapear as atividades de músicos e jazz bands existentes no estado durante o período. Com isso, pretendo compreender os discursos da impressa catarinense, de modo a contribuir para a compreensão da formação do campo musical das jazz bands em Santa Catarina durante os anos 1920 a 1940.
Sílvio Mansani
Título: Pierrot Lunaire e o Dante Negro - Um ciclo de canções para voz e instrumentos
Resumo: O objetivo principal dessa pesquisa foi a criação de uma obra camerística para voz e instrumentos (flauta, clarinete, violino, violoncelo e violão), intitulada Dante Negro, com poemas de Cruz e Sousa e música inspirada na obra Pierrot Lunaire, de Arnold Schoenberg. Do ponto de vista teórico, a aproximação desses artistas tão distintos foi ancorada por convergências estéticas, tais como o estilo simbolista dos textos poéticos e as características dos versos mais radicais de Cruz e Sousa que antecipam técnicas deformadoras típicas das vanguardas modernistas, como o Expressionismo alemão. No ponto central desse encontro está o Sprechgesang, um modo exagerado de entonação que se tornou a marca vocal da música expressionista da segunda escola de Viena e que prenunciou uma revolução nos modos de uso da voz na música do século XX. Posicionado numa zona intermediária entre a fala e o canto, é o Sprechgesang que permite com que Pierrot Lunaire acomode a forma declamativa do melodrama em um ciclo de canções. Dante Negro, por sua vez, emula a fórmula de Pierrot, seja no plano da voz, da instrumentação ou da harmonia, livremente inspirada nas sonoridades atonais da segunda escola de Viena e rigorosamente comprometida com a estrutura dos sonetos de Cruz e Souza, de modo a resultar numa obra vocal que prioriza o aspecto semântico do discurso verbal.
Luiz Mantovani (UDESC)
Do Texto à Prática: A Redescoberta da Sonata em Mi Maior No. 2 (1941) de Ferdinand Rebay
Resumo: Luiz Mantovani explicará como trouxe à vida a Sonata in Mi Maior No. 2 de Ferdinand Rebay após 80 anos de sua composição, por meio de uma detalhada revisão do texto musical. Regente coral e professor de piano da Academia de Viena, Rebay foi um dos primeiros compositores não-violonistas a escrever para o violão no século XX, e se destaca como um dos maiores compositores de sonatas para violão de todos os tempos. Mais conhecido hoje em dia por sua música de câmara, ele também escreveu sete sonatas solo para violão. Ainda que duas delas tenham sido certamente executadas em seu tempo por Luise Walker e a sobrinha de Rebay, Gerta Hammerschmid, as outras permaneceram inéditas até recentemente.
O violonista brasileiro Luiz Mantovani recebeu o título de PhD pelo Royal College of Music de Londres em 2019, tendo investigado a música de câmara de Ferdinand Rebay. Desde então, tem apresentado palestras, publicado artigos em periódicos e um verbete sobre o compositor no Grove Music Online. O jornal The New York Times se referiu à sua execução das Five Bagatelles de Walton no Carnegie Hall como “poderosa, belamente delineada e praticamente impecável”. Um camerista nato, ele tocou por 11 anos com o Quarteto Brasileiro de Violões – com quem recebeu em 2011 o Grammy Latino – e atualmente toca com sua esposa, Nelly von Alven, no NOVA Guitar Duo. Desde 2003 Mantovani é professor do Departamento de Música da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, em Florianópolis.
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