Um problema que atormenta administradores de redes e usuários a muitos anos é a nomenclatura de arquivos. Desde os primeiros computadores pessoais, quando o usuário final passou a ter interação direta com os computadores, dar nome para arquivos passou a ser um grande problema.
Nos primeiros sistemas operacionais haviam limitações e regras rígidas para os nomes de arquivos. Caracteres acentuados (é, á, ç, ü), espaços e mais de um ponto não eram permitidos. Também havia limitação do tamanhoum máximo de 8 caracteres, seguidos de um ponto e mais três caracteres. Dizia-se que esses primeiros 8 caracteres antes do ponto era o nome do arquivo e os três caracteres depois do ponto eram chamados de extensão ou tipo de arquivo.
Antigamente a extensão era intimamente ligada ao “tipo” do arquivo (e até hoje se mantém essa prática, porém de forma mais flexibilizada). Um arquivo de texto sempre teria seu nome terminado com “txt”, um arquivo de configuração do computador terminada com “sys” e muitos outros tipos. Hoje em dia ainda se usa isso para fazer uma associação entre o programa que origina o arquivo e seu nome, a diferença é que não existe a limitação de três caracteres e no ambiente gráfico (quase a totalidade dos sistemas operacionais para usuário final – Windows, Linux, OS, etc) a extensão é oculta para o usuário e o arquivo é representado por um ícone que lembra seu formato ou programa de origem. Os diretórios, ou pastas como são chamadas hoje em dia, tinham seus nomes com as mesmas limitações, a diferença é que não aceitavam extensões, ou seja, uma pasta tinha apenas 8 caracteres de nome.
Exemplos de nomes de arquivos antigos:
Hoje em dia estes arquivos poderiam se chamar assim:
No ambiente gráfico os arquivos aparecem apenas com ícones e sem a extensão. O fato das extensões não aparecerem não significa que não estejam lá, inclusive é possível exibir essas informações, bastar alterar algumas configurações de visualização de pastas.
Esse preâmbulo serve como introdução ao problema principal que queremos abordar: o tamanho e o uso de caracteres especiais/acentuação em nomes de arquivos. Agora que você já sabe como funcionava antigamente podemos abordar as novas “regras” e boas práticas para os nomes de arquivos em sistemas operacionais atuais.
Em relação ao tamanho, os sistemas operacionais passaram a tolerar nomes de arquivos com até 254 caracteres e também a aceitar acentuação, espaços em branco e símbolos (graus, ordem, parênteses, etc). Essa liberdade facilitou muito a vida do usuário ao criar nomes mais fáceis de identificar o conteúdo dos arquivos, o que antigamente era cidir001.doc passou a ser “ci_direcao_001_2013 Solicitação de verbas para reforma.doc”, porém existem cuidados que devem ser levados em conta ou corre-se o risco de enfrentar sérios problemas.
O primeiro cuidado é que o nome de um arquivo é composto também por sua localização na estrutura de diretórios (ou pastas como alguns preferem), por exemplo:
O nome do arquivo “ci001_2013 Solicitação de verbas para reforma” tem quantos caracteres? Alguns responderiam rapidamente 45, outros se lembrariam que existe uma extensão oculta e considerariam mais 4 caracteres (.doc) e responderiam 49, mas a verdade é que o nome deste arquivo tem 80 caracteres. Devemos sempre considerar seu caminho absoluto, veja então como fica o nome do arquivo:
C:\exemplos\geral\documentos\oficios\ci001_2013 Solicitação de verbas para reforma.doc
Nosso exemplo é de um arquivo localizado em um computador com sistema operacional Windows, então neste caso desconsideramos o “c:” que tem o papel de indicar em qual dispositivo de disco o arquivo está e contamos todos os demais caracteres. Uma nova expressão aqui é “caminho absoluto”, o que é isso? Caminho absoluto é o caminho “real” ou “físico” de onde o arquivo está armazenado, veja como isso pode ser “relativo”:
Vamos montar uma situação comum nas redes de computadores, em um servidor encontramos uma unidade “d:” com a seguinte estrutura de diretórios:
D:\arquivos\departamentos\direcao
Um arquivo chamado “teste.txt” teria como nome absoluto:
D:\arquivos\departamentos\direcao\teste.txt (41 caracteres)
Mas o usuário geralmente acessa estes arquivos através de um compartilhamento que é mapeado em seu computador, uma unidade de rede. Então se o diretório “direcao” for compartilhado e mapeado como unidade “i:” o nome do arquivo será composto pelo caminho relativo:
I:\teste.txt (9 caracteres)
É por esta situação que muitas vezes os usuários não conseguem mais abrir os arquivos ou não são copiados no momento da cópia de segurança (backup). Veja o seguinte caso:
Nome do arquivo no computador do usuário:
i:\posgraduacao em educacao fisica\bacharelado\ano de 2012\controles de documentos\artigos pesquisados no portal capes\autores brasileiros com doutorado\revisa da educação fisica\setembro\tempo de reacao simples em pessoas idosas com mais de 60 anos.pdf (251 caracteres)
Como a unidade i: é um diretório compartilhado de “D:\arquivos\departamentos”, o nome absoluto do arquivo para o servidor é:
D:\arquivos\departamentos\posgraduacao em educacao fisica\bacharelado\ano de 2012\controles de documentos\artigos pesquisados no portal capes\autores brasileiros com doutorado\revisa da educação fisica\setembro\tempo de reacao simples em pessoas idosas com mais de 60 anos.pdf (275 caracteres)
Então a conclusão é que o usuário vai criar o arquivo sem problemas pois para ele (caminho relativo) o nome do arquivo não ultrapassa os 254 caracteres de limite, porém quando o computador servidor tentar efetuar a cópia de segurança ele não vai conseguir, pois o nome do arquivo terá 275 caracteres.
Outra situação em que o nome extenso resulta em problemas é quando uma manutenção no servidor requer a alteração do local de armazenamento do arquivo, neste caso os arquivos como o do exemplo (que ultrapassam 254 caracteres) não seriam movidos ou copiados.
Também devemos lembrar que, apesar de ser bem menos crítico, o uso de caracteres especiais ou acentuados também pode ser um problema. Antigamente era pouco provável que você encontrasse um sistema operacional na linguagem nativa de sua região, por via de regra a linguagem básica do sistema era o inglês e os aplicativos (como os editores de texto e as planilhas eletrônicas) é que controlavam a acentuação ou o uso de caracteres como º ou ª . Atualmente isso não é mais verdade, os sistemas operacionais permitem que os arquivos sejam nomeados com o uso desses recursos, porém nem sempre o que se vê é o que se tem. Os arquivos, em determinada codificação podem ser exibidos assim:
E os mesmos arquivos em outro computador, com uma codificação diferente, podem ser exibidos assim:
Ou seja, quando você nomeia um arquivo em seu computador e usa acentuação ele pode ser exibido de forma diferente quando outro usuário visualiza o nome do arquivo. Em ambientes aonde o arquivo pode ser enviado para outros países ou para pessoas que utilizam computadores configurados com outras linguagens isso pode ser bem comum e pode resultar em problemas no momento de serem manipulados.
Um resumo para as boas práticas na nomenclatura de arquivos:
(Alguns sistemas operacionais fazem diferenciação de maiúsculas e minúsculas, no Windows o arquivo Epoca.txt é o mesmo epoca.txt, já o Linux e o MacOs consideram como dois arquivos diferentes)
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