Laboratório de Ensino de História

O escolar e o ensino de História: Sujeitos, espaços, gestos e materialidades na formação inicial docente em História

Coordenadora: Caroline Jaques Cubas 

O objetivo desta proposta é contribuir com as discussões contemporâneas no campo da formação docente inicial em História. Para tanto, assumimos o ensino de História como elemento constitutivo do conhecimento histórico e elegemos como problemas de pesquisa: 1) os sentidos atribuídos à instituição escolar no tempo presente e 2) o lugar do escolar na formação docente inicial em História. A dimensão escolar é aqui pensada a partir de Masschelein e Simons (2013), para os quais a escola não deve ser um espaço de formatação dos estudantes ao mundo, mas deve possibilitar o acesso a ferramentas de pensamento e ação que possibilitem justamente a renovação deste mundo vivido. Para tanto, este trabalho ampara-se metodologicamente na análise de documentos legais e no acompanhamento e observação de acadêmicos e acadêmicas em seus processos de formação docente inicial em História. Em termos teóricos, subsidiamo-nos especialmente em Jan Masschelein e Marteen Simons, Jorge Larrosa, Jacques Rancière e Hannah Arendt. 

Jornais escolares como culturas de memória: vestígios de presentes passados entre práticas culturais e políticas (Santa Catarina 1930-1960)

Coordenadora: Cristiani Bereta da Silva 

O objetivo desse projeto é inventariar, catalogar, digitalizar e analisar jornais escolares que foram produzidos e que circularam, em Santa Catarina, nas décadas de 1930 a 1960. Impressos ou manuscritos esses periódicos são compreendidos como fonte e objeto de pesquisa (LUCA, 2006; 2008), o que significa considerar tanto suas materialidades e lógicas próprias, como também as diferentes práticas culturais e políticas que as narrativas do passado são capazes de dar a ler e a ver. Eles conformam parte do universo polifônico da cultura escolar, são suportes de memórias e práticas vinculados ao tempo e ao espaço de sua elaboração. Para dar conta desse objetivo, a investigação proposta será desdobrada em duas ações distintas, mas complementares: a primeira consiste em inventariar, catalogar e digitalizar jornais preservados em bibliotecas e arquivos do Estado, incluindo os escolares e pessoais. Tal ação tem como metas contribuir para a organização de um catálogo descritivo para subsidiar pesquisas futuras e a ampliação do acervo de periódicos estudantis na Hemeroteca Digital Catarinense, projeto da Biblioteca Pública de Santa Catarina em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), por meio do Instituto de Documentação e Investigação em Ciências Humanas (IDCH-UDESC). A segunda ação reside na sistematização dos jornais escolares localizados, selecionando-se os publicados entre 1930 e 1960 nos âmbitos do ensino Primário e Secundário. Essa organização será feita com o objetivo de estabelecer sequencias diacrônicas e sincrônicas para serem analisadas, por meio de um olhar em escalas (REVEL, 1998; RICOEUR, 2007).  Além disso, a elaboração de sequencias temporais permitirá investigar esses periódicos como vestígios de presentes passados de memórias e culturas de escola, de história e de políticas.  As questões suscitadas pelas escalas material, simbólica e também pelas narrativas, imagens, propagandas serão interpretadas principalmente a partir das intersecções entre as noções de tempo e memória (RICOEUR, 2004; 2007; KOSELLECK, 2014), culturas política (BERSTEIN, 1998; 2009), histórica (LE GOF, 2003; RÜSEN, 2009; 2014), escrita (CASTILLO GOMÉZ 2002; 2003; 2004) e escolar (MAGALHÃES, 2006; ESCOLANO BENITO, 2017). O entrecruzamento dessas noções, sempre por meio de exercícios de escalas, pode contribuir para dotar de inteligibilidade permanências e mudanças de projetos políticos e práticas culturais, de formas ver e habitar o mundo de sociedades que disputaram memórias sobre si mesmas no espaço da escola.

Formação docente em História: experiências, aprendizados e reflexões

Coordenadora: Luciana Rossato 

Esta pesquisa tem como objetivo investigar quais os impactos do Pibid e do Profhistória na formação dos professores de História no país. A pesquisa se dividirá em dois momentos: levantamento dos projetos e pesquisas que foram desenvolvidos no país tanto no Pibid como no Profhistória e posterior análise dos materiais, relatórios e dissertações que foram produzidos pelos discentes que participaram destes programas vinculados as universidades federais e a UDESC. O material a ser analisado é bastante variado e é formado por cadernos de campo, relatórios, materiais produzidos, relatos de experiências, entrevistas e dissertações. Pretende-se, a partir da análise do que foi produzido no decorrer dos anos 2009 a 2022 nestes dois programas nacionais de formação docente inicial e continuada, identificar quais os principais enfoques que estão sendo priorizados na formação dos professores de história no país. Outro objetivo desta pesquisa é desenvolver um banco de dados sobre esses dois projetos de formação docente que foram implantados no século XXI. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) iniciou suas atividades em 2007 (o de História em 2009). O Profhistória surgiu a partir de um projeto inicial que estava sendo desenvolvido por seis universidades localizadas no estado do Rio de Janeiro e se tornou um programa de formação em rede a partir de uma demanda da CAPES. Aprovado em 2013, sua primeira turma iniciou as atividades de agosto de 2014 em 12 universidades localizadas nas regiões sul, sudeste e centro-oeste. Atualmente 39 universidades fazem parte deste programa de mestrado em rede.

A imprensa e os jovens: representações sobre a juventude veiculadas na imprensa brasileira (1960-2000)

Coordenadora: Luciana Rossato 

 Esta pesquisa tem como objetivo investigar os discursos veiculados por órgãos da imprensa brasileira acerca da juventude, seus interesses, suas demandas e espaços de atuação, entre 1960 e 2000.  Serão pesquisados diferentes órgãos da imprensa: as revistas semanais Veja e Isto é, a revista mensal Capricho, os jornais Folha de São Paulo, O Globo, O Estado e Diário Catarinense, e dois impressos vinculados a instituições religiosas, a revista Família Cristã e o Jornal Folha Universal.  A análise deste conjunto documental será feita a luz dos referenciais teóricos produzidos pela História Cultural e pela História da Imprensa, bem como pelas discussões acerca dos conceitos de juventude, geração, gênero, etnia e raça. Pretende-se identificar quais os discursos produzidos sobre os diferentes tipos de jovens, sua atuação na sociedade, nas questões políticas e culturais de seu tempo e as expectativas em relação ao seu papel nos projetos futuros da sociedade brasileira.   

História das mulheres, relações de gênero e ensino de História: documentos, processos e possibilidades (1996-2020)

Coordenadora: Nucia Alexandra Silva de Oliveira 

O objetivo deste trabalho é conhecer aspectos relativos as temáticas da história das mulheres e dos estudos de gênero em diferentes processos e movimentos relacionados ao ensino de história, sejam eles prescritos ou experienciados em situações escolares. Desse modo interessa mapear a inserção da temática dentro de documentos balizadores para a educação e para o ensino de História. A saber: Parâmetros Curriculares Nacionais, Base Nacional Comum, Curricular, Proposta Curricular de Santa Catarina, Currículo Base do território Catarinense. A proposta na análise desses documentos é perceber a circulação de temáticas relativas à História das Mulheres e aos Estudos de gênero. Outra frente de pesquisa é a busca por materiais didáticos (no caso, especificamente livro de História Local) e por pesquisas cientificas cuja temática seja relacionada a História das Mulheres aos estudos gênero que tenham sido feitas dentro do Mestrado Profissional em Ensino de História no Estado de Santa Catariana. E por fim, um terceiro movimento se dará com entrevistas com professores e professoras de História com a intenção de conhecer aspectos de seus processos de trabalho no momento de inserção das temáticas referidas em suas aulas.  A pesquisa se caracteriza como um esforço para conhecer as potencialidades destes temas legitimando-os como relevantes ao processo de ensino e aprendizado de História que tenha como compromisso o respeito as diferenças, a igualdade de gênero, o combate a todas as violências – valores incontestáveis a cidadania e a democracia.