O nome biologia tem origem na expressão grega bios, “vida”, e logos “estudo”. É a ciência que estuda os seres vivos em todos os seus aspectos: anatômicos, funcionais, genéticos, ambientais, comportamentais, evolutivos, geográficos ou taxonômicos. Apesar de compreender muitos princípios e leis, a biologia se baseia essencialmente na observação e descrição dos fenômenos intrínsecos à natureza dos chamados sistemas organizados.
O século XIX foi marcado por notáveis avanços na área da biologia, como o aperfeiçoamento do microscópio, a formulação da teoria das células, o início da moderna embriologia, com a ascensão da microbiologia e a descoberta das leis da hereditariedade. Durante o início do século XX, os biólogos aprimoraram as ideias básicas de Aristóteles, Goethe, Kant e Cuvier.
Em função do papel cada vez mais relevante desta ciência, diz-se que estamos vivendo a era da biologia. Num futuro próximo, a humanidade não poderá mais dar um passo sem esbarrar na necessidade de conhecer os processos biológicos. Neste contexto, o Brasil ocupa um papel central dentro dos processos biológicos em escala mundial, seja por sua dimensão continental, seja por concentrar a maior biodiversidade do planeta. O País ocupa quase metade da América do Sul, englobando diversas zonas climáticas e biomas. Esta diversidade de biomas reflete na enorme riqueza da flora e da fauna brasileiras. O Brasil abriga a maior diversidade do planeta, com mais de 20% do número total de espécies conhecidas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, isto eleva o Brasil ao posto de principal nação entre os 17 países mega diversos.
Destaca-se ainda a costa marinha de 3,5 milhões de km2 que engloba uma enorme diversidade de hábitats, e é particularmente conspícua ao longo do litoral brasileiro. A zona costeira brasileira concentra quase um quarto da população do país e abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental e econômica. A densidade demográfica média da zona costeira do Brasil é de 87 habitantes/km², cinco vezes superior à média nacional, que é de 17 habitantes/km². A zona costeira apresenta enormes contrastes quanto a sua ocupação, necessitando de ações corretivas e preventivas para o seu planejamento e gestão de forma a atingir padrões sustentáveis de desenvolvimento.
Dentro deste contexto, é fácil perceber a importância de Santa Catarina na conservação destes ambientes e da biodiversidade dos mesmos. Na tentativa de preservação destes o Estado possui 15 Unidades de Conservação federais, 09 estaduais, 22 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e inúmeras áreas municipais e privadas. Mas muito ainda deve ser feito, principalmente em termos de conscientização, pois a degradação ambiental e a extinção de espécies são ameaças constantes. Uma ferramenta importante deste objetivo é a educação, tornando os investimentos nesta área fundamentais.
Outra característica importante do Estado de Santa Catarina é que ele possui sua história intimamente ligada ao ambiente marinho. Os primeiros habitantes da região foram os índios tupi-guarani, que tinham na pesca e coleta de moluscos as atividades básicas para sua subsistência. Já no início do século XVI, embarcações com destino à Bacia do Prata aportavam na Ilha de Santa Catarina para o abastecimento de água e víveres, dada a abundância de pescados na região. Em meados do século XVIII, começou a implantação das "armações" para pesca da baleia, centralizadas nas localidades da Armação da Piedade em Governador Celso Ramos, Armação do Pântano do Sul em Florianópolis, Armação de Imbituba, entre outras. O óleo era comercializado pela coroa portuguesa. A herança açoriana da pesca vingou e Santa Catarina é hoje o maior produtor de pescado marinho do Brasil.
O munícipio de Laguna, localizado na região sul do Estado de Santa Catarina, é uma região de contrastes, constituindo-se exatamente por isso num campo privilegiado para o exercício das atividades do biólogo em diferentes estratégias de uma gestão ambiental tanto costeira como terrestre. Localiza-se dentro da APA da Baleia Franca, maior Área de Proteção Ambiental do Estado, e próximo ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, da Reserva Biológica do Aguaí, do Parque Estadual da Serra Furada e do Parque Nacional de São Joaquim. A zona costeira, de praias, lagoas costeiras e fauna marinha exuberante, dá lugar rapidamente à planície costeira, à Serra Geral e ao Planalto Serrano das Matas de Araucária. Tudo isso em menos de 100 km de distância. Poucos locais no Brasil possuem tanta diversidade de ecossistemas. Pensando em aproveitar todo este potencial, a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC optou pelo oferecimento deste Curso de graduação. Em primeiro lugar, pela carência de profissionais com o perfil de Biólogo Marinho e de Biólogo da Biodiversidade para atender, com urgência, as necessidades de planejar, implementar e gerenciar ações ligadas à melhoria da qualidade de vida das populações e o uso sustentável da biodiversidade. Além disso, a existência de um mosaico ecossistêmico único apresentado pelo Estado de Santa Catarina, e que claramente necessita de profissionais aptos para sua gestão, é outro motivo que justifica a sua implantação.
A concepção de um curso de graduação é apenas uma etapa inicial de formação e não o momento de esgotamento do conhecimento. Considerando-se que em uma sociedade globalizada as mudanças no conhecimento são cada vez mais relacionadas, é na educação continuada que está a chave para o ensino superior acompanhando estas transformações. A UDESC tem a missão de contribuir com o desenvolvimento sustentável regional. Ela deve fomentar a transformação do imenso potencial natural em fonte de conhecimentos buscando a melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.
A criação do Curso de Ciências Biológicas – Opção Biologia Marinha / Opção Biodiversidade está de acordo com a previsão para cursos de graduação proposto pelo Plano 20 (2010-2030) da UDESC-Laguna e atende os focos pedagógicos planejados para o Centro, que prevê o atendimento das potencialidades e necessidades vocacionais da região.
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