Escrito por Norberto Dallabrida
A escolarização média no Brasil tem boas notícias. No último dia cinco de maio o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as novas diretrizes nacionais para o ensino médio. Pesquisa do IBGE indica que está crescendo o número de jovens de 15 a 17 anos que só estudam.
As novas diretrizes nacionais para o ensino médio aprovadas pelo CME estimulam os colégios a construir currículos mais flexíveis e afeitos à realidade dos estudantes. Elas sugerem que cada escola estruture o ensino em torno de quatro áreas – trabalho, tecnologia, ciência e cultura.
Todas as disciplinas devem ser ensinadas, mas, a partir do contexto de cada escola, algumas delas podem ser enfatizadas. Em princípio, esse encaminhamento que dá autonomia aos colégios de ensino médio é bem-vindo, mas demanda operacionalização mais clara.
Recente pesquisa do IBGE constata que em 2003 havia no Brasil 26,0% de jovens entre 15 e 17 anos – idade escolar correspondente ao ensino médio – trabalhavam ou buscavam emprego e, no ano passado, esse número caiu para 18,9%, indicando o crescimento expressivo de estudantes.
Segundo a jornalista Mariana Shreiber “para especialistas, a principal causa da mudança é a valorização da educação num ambiente mais competitivo” (Folha de S.Paulo, 9/5/2011, p. A10).
Em boa medida isso é possível devido à expansão da renda nos últimos anos, que viabiliza o adiamento da entrada do jovem no mercado de trabalho e a sua inclusão na educação formal.
No entanto, segundo os últimos resultados do ENEM, o ensino médio brasileiro é marcado por uma clivagem entre os colégios privados, geralmente bem classificados e estabelecimentos de ensino públicos, com desempenho ruim, exceto as escolas técnicas, os colégios de aplicação das universidades estatais e os colégios militares.
Em boa medida essa situação é provocada pelos baixos salários pagos pelas redes públicas de ensino aos professores que atuam no ensino médio. Por isso os cursos de licenciatura e de Pedagogia têm disputas menos acirradas nos seus vestibulares e às vezes as suas turmas se esvaziam. Desta forma, o ensino médio contribui para perpetuar desigualdades sociais e escolares.
Os poderes públicos devem ter a ousadia de criar carreiras mais atrativas para o magistério do ensino médio com o intuito de atrair os melhores profissionais do mercado. Essa é a prioridade das prioridades.
PS.: Por falar em ensino médio, será realizado na UDESC de Florianópolis, entre 17 e 19 de agosto de 2011, o VIº Colóquio Ensino Médio, História e Cidadania.
As informações para realizar inscrição e envio de trabalho podem ser acessadas pelo site www.ensinomedio.faed.udesc.br