PROJETOS EM ANDAMENTO
Borges da Silveira e o conceito de resistência: um exercício biográfico
Descrição: O projeto de pesquisa é um desdobramento da tese de doutorado defendida em setembro de 2014 sob o título "Do hábito ao ato: vida religiosa feminina ativa no Brasil (1960-1985)". Nesta, abordamos a participação de religiosas católicas em movimentos de resistência eoposição ao regime militar instaurado no Brasil. Dentre as religiosas presas, nos deparamos com ocaso particular de Maurina Borges da Silveira. Esta fora presa e torturada nas dependências do Dops em fins de 1969. O caso de Maurina é bastante particular por ser a única freira (de que se tem notícia) presa, torturada e extraditada durante o período ditatorial no Brasil. Neste sentido, propomos voltar aos documentos e narrativas sobre madre Maurina (sua trajetória e envolvimentos com a FALN) com a intenção de, a partir deles, problematizar as sutilezas da noção de resistência de uma forma conceitual. Através das leituras realizadas, nossa atenção é direcionada não mais à particularidade da trajetória de Maurina, mas a quais dimensões do passado esta trajetória nos permite conhecer. Se percursos biográficos nos possibilitam pensar questões para além da vida do biografado, nosso objetivo principal neste projeto é o de compreender a complexidade da noção de resistência a partir da análise de margens de ação individual,.
Coordenadora: Caroline Jaques Cubas
Este projeto tem como objetivo investigar diferentes e possíveis ideias e experiências vividas pelos brasileiros quando lançados e inseridos nos fluxos emigratórios para os Estados Unidos. Pretendo investigar mais detidamente a ideia de comunidade e territórios da cultura brasileira em perspectiva transnacional. Embora seja reconhecidamente um tema histórico, o Brasil Emigrante é ainda apenas timidamente considerado pelos Historiadores em geral. A emigração brasileira para os Estados Unidos, mais nitidamente iniciada na década de 1980, é muito difícil de ser precisada em números. Uma considerável parte de estudos acadêmicos produzidos por sociólogos, antropólogos e demógrafos estimam que mais de um milhão de brasileiros estejam residindo nos Estados Unidos. Além da difícil enumeração, é também árdua a tarefa de compreender o fenômeno emigracional brasileiro quanto as suas extensões, visibilidade e as lutas que envolvem o plebiscito diário (Ernest Renan) ou seja, os embates em torno da nação republicana brasileira no Brasil Fora de Si e neste Tempo Presente.
Coordenador: Emerson César de Campos
No calor da hora: a presença da Nova Esquerda na democratização do Brasil (1975-1995)
Este projeto de pesquisa qualitativa pretende levantar dados e interpretar, com base em análise textual e análise de conteúdo, um conjunto de acervos documentais relacionados com a participação, no processo de democratização do Brasil nas últimas década do século XX, da chamada Nova Esquerda, denominação correspondente às estruturas clandestinas e semiclandestinas que se formaram entre as décadas de 1960 e 1980, a partir de experiências que remontam às duas décadas anteriores e da crítica aos posicionamentos e práticas do Partido Comunista Brasileiro, PCB, visando compreender sua presença no referido processo de democratização, com ênfase no Estado de São Paulo por ser já naquela época o mais importante da federação, mas também abrangendo os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, entre meados da década de 1970 e meados da década de 1990. Para tanto, pretende-se trabalhar com os materiais produzidos por tais estruturas clandestinas e semiclandestinas depositados em locais de acesso público como o Arquivo Edgard Leueunroth, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Fundação Perseu Abramo e o Centro de Documentação e Memória da UNESP, ambos em São Paulo, com a documentação elaborada ou apreendida pelos órgãos de segurança e depositada atualmente no Arquivo Público do Estado de São Paulo, e também com as reportagens e outros textos como editoriais e informes difundidos por alguns meios impressos de comunicação de massa com relevante circulação no país naquela época, como o jornal Folha de São Paulo e a revista Veja. Finalmente, cabe dizer que este projeto está relacionado, por uma lado, com a área de concentração do Programa de Pós-Graduação em História, qual seja História do Tempo Presente, e, por outro lado, com os projetos de pesquisa ?Violencia y política. Un análisis cultural de las militancias de izquierda en América Latina?, coordenado pelo professor Pablo Alejandro Pozzi, da Universidade de Buenos Aires, que conta cm apoio financeiro do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais, e ?Estudar a esquerda brasileira: militância e ativismo político em tempos extraordinários pela perspectiva da História Oral (resistência à ditadura civil-militar e engajamento na democratização do Brasil: 1974-1994)?, coordenado pelo autor e que conta com aprovação e apoio financeiro do CNPQ.
Coordenador: Luiz Felipe Falcão
Repressão em carne e osso: Formação, treinamento e trajetória profissional de agentes repressivos da ditadura militar brasileira (1961-1988)
Amparada na divisa desenvolvimento e segurança a ditadura militar implementou um modelo de sociedade que tem sido conceituado por especialistas como uma modernização autoritária. Para tanto, apropriou-se das novas teorias e técnicas de luta contra a subversão, desenvolvendo-as: espionagem, infiltração, propaganda e contrapropaganda, uso sistemático e controlado na tortura física e psicológica. Já em 1961 iniciam-se na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais os estudos sobre a guerra revolucionária. Pouco tempo após o golpe, o governo militar preocupou-se com a criação de novos órgãos de controle social e mobilizou militares e policiais tecnicamente preparados para implementar a profissionalização da repressão política. Nossa proposta consiste em explorar: 1. Como foi efetuada a seleção e o treinamento, em instituições nacionais e estrangeiras, de dezenas de agentes destinados a compor o coração de um novo Estado policial. 2. Como evoluíram as carreiras desses profissionais da repressão ao longo do período autoritário. 3. Como ocorreu sua reinserção após o retorno dos civis ao poder em 1985, até 1988, marco decisivo da democratização. Para tanto, contamos com a documentação recém disponibilizada à pesquisa pela Comissão Nacional da Verdade e suas congêneres nos âmbitos estaduais e municipais, arquivos das Forças Armadas e da Polícia Militar brasileiras, fontes do Arquivo Nacional dos Estados Unidos relativas ao treinamento policial e militar a brasileiros, promovido em instalações estadunidenses, arquivos do Ministério do Exterior e do Exército franceses. Por meio dessas fontes pretendemos traçar como o Estado constituiu um corpus de agentes com formação policial ou militar especializados em contra insurgência para atuar em uma área considerada então crucial para a ditadura militar e seu projeto de reconfiguração da sociedade brasileira: a segurança interna.
Coordenadora: Mariana Joffily
Um país impresso: revistas semanais, democracia, política e cultura no Brasil (1970-1990)
Projeto financiado com recursos da Chamada 43/2013 - Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas. O projeto de pesquisa é orientado para a investigação histórica do acervo de revistas semanais brasileiras com vistas a problematizar a construção de uma memória histórica do processo de consolidação do regime autoritário instaurado com o golpe de 1964 e sua posterior transição para uma abertura democrática negociada e, na qual, a imprensa apareceu com um dos articuladores privilegiados. Nesse caso, a problemática aqui desenvolvida questiona o desempenho de setores da imprensa no processo de democratização, como parte indispensável das negociações políticas levadas a cabo pelos agentes sociais e políticos envolvidos. Este foco de investigação compreende o estudo das representações sociais relativas às adesões de amplas camadas da população brasileira a formas de poder político, práticas coletivas e individuais, imaginários e simbolismos. Tais representações sociais, que conformaram imagens e discursos, são imprescindíveis para a compreensão histórica do papel dos meios de comunicação na produção de efeitos de verdade e configuração de relações de força. O objetivo é o de problematizar representações e memórias em disputa sobre a sociedade brasileira entre 1970 e 1990, por entender que a construção do que viria a ser o regime democrático brasileiro envolveu experiências individuais e coletivas por meio de permanências, rupturas e tensões, mas também conjugou a elaboração de uma narrativa sobre o país e sobre a sociedade brasileira como um todo, em suas pretensas características socioculturais e marcos históricos reconhecidos, com a afirmação do que seriam seus traços em termos de relações políticas, de gênero, étnicas e em termos de estratificação social.
Coordenador: Reinaldo Lindolfo Lohn
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