Investigação da variabilidade genética do gene B-L alfa (MHC classe II) em Gallus gallus domesticus.
Este trabalho propõe-se a analisar o polimorfismo do gene B-L alfa (MHC classe II) em galinhas caipiras brasileiras, tendo em vista a obtenção do melhor desempenho produtivo possível destas aves. Os locos B-L codificam as moléculas B-L e são os principais responsáveis pela apresentação de antígenos exógenos às células efetoras do sistema imune das galinhas e pelo desencadeamento da resposta imune a esses agentes nestes organismos. Cada molécula B-L é formada por uma cadeia alfa e uma cadeia beta. Sendo assim, as diferenças apresentadas pelas moléculas de classe II, as quais são responsáveis pela variação na resposta imunológica aos diferentes patógenos exógenos, são, principalmente, devidas aos diferentes alelos dos genes B-L alfa e B-L beta presentes no genoma das aves. A cadeia alfa é codificada pelo único gene B-L alfa presente no genoma das galinhas. Para esta análise a amplificação dos fragmentos desejados será realizada pela técnica da PCR, seguida da clonagem e sequenciamento dos produtos amplificados. As sequências obtidas serão alinhadas pelo programa Clustal W e as frequências gênicas e a adequação ao equilíbrio de Hardy-Weinberg serão analisadas pelo método de cadeia de Markov, um teste de qui-quadrado para alelos múltiplos, utilizando o programa Arlequim versão 2000.
Coordenador: Prof. Carlos André da Veiga Lima Rosa
Término: 07/2023
Análise de impacto de espécies exóticas invasoras (Casuarina equisetifolia L. e Pinus sp.) em uma área de restinga no Cabo de Santa Marta, Laguna - SC.
O presente projeto visa analisar e comparar a composição florística e parâmetros fitossociológicos em áreas com e sem influência das espécies exóticas invasoras Casuarina equisetifolia e Pinus sp. em uma área de restinga no Cabo de Santa Marta, Laguna - SC, bem como, analisar o impacto dessas espécies, propor estratégias para o seu manejo, promover conscientização ambiental e, consequentemente, ampliar o conhecimento sobre a flora e processos ecológicos das restingas de Santa Catarina. A amostragem será realizada através do método de parcelas, abrangendo áreas com ou sem influência de Casuarina equisetifolia e/ou Pinus sp. Os materiais serão coletados e processados segundo técnicas usuais de Botânica e a identificação será feita no Laboratório de Botânica desta instituição, com auxílio de literatura específica e consulta a especialistas. O impacto das plantas exóticas sobre as nativas será calculado segundo o Índice de Impacto Ambiental de Exóticas (IIAE), efetuado a partir do cálculo dos coeficientes do impacto ambiental. Espera-se que os resultados obtidos por meio do desenvolvimento deste projeto auxiliem na elaboração de planos de manejo e recuperação das áreas degradadas sob influência de Casuarina equisetifolia e Pinus sp., além da conscientização da população local e dos turistas que visitam a região sobre a importância da não introdução e da remoção dessas espécies para a conservação da biodiversidade dos remanescentes de restinga do estado de Santa Catarina.
Coordenador: Prof. Christian da Silva
Término: 07/2023
Levantamento florístico das formações de restinga da praia do Mar Grosso, Laguna-SC.
As restingas, juntamente com os manguezais, constituem as formações vegetais que ocorrem ao longo da faixa litorânea, conhecidas como formações pioneiras. Em função da intensa ocupação urbana e atividade turística, praticamente toda a vegetação original das restingas brasileiras foi erradicada e substituída por formações secundárias. As restingas de Santa Catarina estão entre as maiores restingas brasileiras em superfície e possivelmente são as que têm maior riqueza de espécies de plantas vasculares no Brasil, incluindo as situadas no município de Laguna, que possui em seu território uma série de espécies endêmicas e ameaçadas. Contudo, o conhecimento detalhado da composição, estrutura e processos ecológicos das restingas ainda é incipiente para Laguna. Desta forma, o presente projeto tem como objetivo realizar o levantamento da flora angiospérmica dos remanescentes de restinga da praia do Mar Grosso, visando ampliar o conhecimento sobre a flora local e regional, e promover ações de conscientização ambiental junto à população da região e visitantes. O levantamento florístico será realizado utilizado o método de parcelas, que serão dispostas arbitrariamente ao longo da orla da praia do Mar Grosso, abrangendo as diferentes fitofisionomias existentes no local. A identificação será feita com auxílio de literatura específica e consulta a especialistas. Por fim, os materiais coletados durante o projeto auxiliarão no enriquecimento do acervo do Herbário Anita Garibaldi, em vias de implementação nesta instituição (UDESC-Laguna).
Coordenador: Prof. Christian da Silva
Término: 07/2023
Determinação de metais em camarões (Farfantepenaeus paulensis) capturados na Lagoa Santo Antônio dos Anjos em Laguna - SC.
A Lagoa de Santo Antônio dos Anjos localizada no município de Laguna, SC, é considerada um dos principais estuários da região Sul do Estado. A sua ligação com o oceano pelos molhes da barra confere uma característica particular, devido à variação de salinidade, o que proporciona uma elevada diversidade da fauna. Esta diversidade fez com que se desenvolvesse no entorno da lagoa várias comunidades de pescadores, que criaram diferentes artes de pesca. Neste contexto destaca-se a pesca do camarão, uma das mais tradicionais da região. Entretanto, com o desenvolvimento urbano e industrial da região do Complexo Lagunar, com a falta de saneamento básico nos municípios vizinhos à Laguna e em Laguna e, principalmente, com a retificação do rio Tubarão, um dos principais afluentes da Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, esta recebe um aporte considerável de poluentes. Dentre os poluentes tóxicos encontram-se os metais, que podem ser emitidos pelas indústrias de mineração de carvão, por práticas inadequadas aplicadas à rizicultura, bem como, por dejetos emitidos pela indústrias e esgotos domésticos. Boa parte destes compostos tóxicos podem estar dissolvidos na coluna d’água ou concentrados no sedimento. Desta forma, o camarão (Farfantepenaeus paulensis) que possui hábito de fundo, pode apresentar concentrações de metais acima do máximo permitido pela legislação. Baseado nesta hipótese, este projeto tem como objetivo determinar a concentração de metais em amostras de camarão (Farfantepenaeus paulensis) capturados na Lagoa Santo Antônio dos Anjos em Laguna - SC.
Coordenador: Prof. Cristian Berto da Silveira
Término: 07/2023
Desenvolvimento de tecnologias voltadas à otimização da shearografia como técnica de inspeção não-destrutiva em ambiente submarino.
Com o avanço tecnológico de todos os setores industriais, tem-se cada vez mais, a necessidade de materiais e estruturas com maior vida útil e menores custos de operação e manutenção. Consequentemente, a utilização de procedimentos de inspeção, principalmente aqueles realizados de forma não-destrutiva, torna-se extremamente importante para a verificação da integridade destas estruturas, garantindo a segurança de trabalhadores e do meio ambiente. Neste contexto, os materiais compósitos vêm ganhando espaço em diferentes setores, em função de seu consagrado uso nos setores aeroespacial e naval. Para estes materiais, a shearografia (técnica interferométrica capaz de identificar defeitos internos nas estruturas inspecionadas) tem se mostrado um dos métodos mais adequados de inspeção não-destrutiva. No Brasil, ao longo dos últimos dez anos, a shearografia vem sendo utilizada com sucesso para detectar e avaliar defeitos em revestimentos e estruturas de laminado sólido. No entanto, até o momento, todas as pesquisas foram voltadas às inspeções fora do ambiente subaquático. Por este motivo, as atividades propostas por este projeto serão voltadas à aplicação da técnica em ambiente submarino, onde as pesquisas relacionadas ainda são muito escassas, mesmo em condições de laboratório. Testes preliminares já demonstraram a capacidade de inspeção desta técnica interferométrica no ambiente subaquático. Além do equipamento, será necessária a criação de metodologia de inspeção capaz de ser realizada em ambiente submarino. Portanto, o desenvolvimento de equipamento de inspeção para ambiente submarino, a avaliação de novos métodos de carregamento e a determinação de novos procedimentos de inspeção serão as principais atividades deste novo projeto de pesquisa.
Coordenador: Prof. Daniel Pedro Willemann
Término: 07/2023
Aquicultura de precisão.
A aquicultura pode ser considerada uma atividade recente, tanto no Brasil, como no resto do mundo. Contudo, é notório que outros países já se encontram a nível de tecnificação muito acima do Brasil, notadamente grandes produtores globais, a exemplo do Chile. Neste sentido, pode-se dizer que estamos “atrasados” e muito precisa ser desenvolvido, justamente para que a aquicultura brasileira consiga ganhar escala. O objetivo do projeto “Aquicultura de Precisão” é contribuir com informações e com o desenvolvimento de projetos de equipamentos que possam auxiliar na mecanização e automatização da criação de organismos aquáticos no Brasil. O projeto será desenvolvido no Laboratório de Mecânica, Máquinas e Motores (Lab3M) e no Laboratório de Aquicultura (LAQ), ambos da UDESC/Laguna. No primeiro ano no projeto será realizada uma ampla revisão bibliográfica dos avanços tecnológicos no Brasil e no mundo, visando dar subsídios aos próximos anos do projeto. No segundo ano, o foco será o desenvolvimento do protótipo de uma bomba de despesca para peixes e camarões, utilizando-se equipamentos e materiais disponíveis nos laboratórios Lab3M e LAQ. No terceiro ano, o objetivo será o desenvolvimento do projeto de um filtro de tambor rotativo, que é um dos principais filtros mecânicos de sistemas de recirculação. O projeto “Aquicultura de Precisão” é o ponto de partida para esta nova área de pesquisa dentro da UDESC/Laguna. Não há dúvidas que seus resultados contribuirão fortemente para a transformação do setor de aquicultura da região de Laguna/SC e do Brasil no que diz respeito à otimização dos processos produtivos por meio da mecanização e automatização.
Coordenador: Prof. Daniel Pedro Willemann
Término: 08/2024
A importância de diferentes habitats do Sistema Estuarino de Laguna (SC) para a assembleia de peixes: Padrões de utilização e ecologia trófica das espécies de peixes.
Estuários são considerados ambientes importantes por prover refúgio, alimentação, locais de reprodução e crescimento ao servir como habitats berçário para muitas espécies de peixes e outros grupos animais. A utilização de habitats dos ecossistemas costeiros, pelos organismos, pode estar relacionada a mudanças na dieta das espécies durante seu ciclo de vida, e a análise do conteúdo estomacal das diferentes fases ontogenéticas em diferentes habitats pode gerar informações a respeito dos padrões de movimentos entre os habitats utilizados como berçário e os habitats dos adultos. A presente proposta foi estruturada para se analisar os padrões utilização espaciais e temporais de diferentes habitats do SEL (vegetados e não-vegetados) pelas assembleias de peixes e fauna acompanhante, além de avaliar sua ecologia alimentar e aspectos reprodutivos. Os habitats serão escolhidos de acordo com a cobertura vegetal predominante na área: manguezal, marisma, macroalgas e não vegetado. Em cada um desses habitats serão realizadas três amostras mensais (réplicas), totalizando 36 amostragens para cada habitat. Será utilizada um rede de arrasto de praia do tipo picaré com abertura de 7,10 m (tralha superior: 10 m; tralha inferior: 10 m; altura: 1,5 m; comprimento: 8,5 m) e malha de 10 mm na asa e 5 mm no saco (entre-nós). Será analisado o conteúdo alimentar das principais espécies capturadas para se inferir sobre a ecologia trófica das espécies. Essas informações são essenciais para a elaboração de um manejo sustentável que visem a preservação das espécies e a manutenção de processos ecossistêmicos no Sistema Estuarino de Laguna (SC).
Coordenador: Prof. David Valença Dantas
Término: 08/2022
Variação espacial e temporal do ictioplâncton na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos, Laguna, SC.
As lagunas e estuários representam importantes ecossistemas de transição entre o continente e o ambiente marinho, que proporcionam diversos serviços ecológicos para espécies de peixes e invertebrados. Dentro do componente biótico desses ecossistemas dinâmicos, as larvas de peixes e crustáceos, que fazem parte do zooplâncton, dependem de diversos fatores ambientais para seu transporte e distribuição ao longo da ecoclina lagunar/estuarina. O sucesso do aporte dessas larvas para esses ecossistemas costeiros, e posterior assentamento em berçários, pode influenciar na diversidade e abundância das espécies dentro do sistema. Contudo impactos atropogênicos, como a contaminação do ecossistema marinho por microplástico, podem interferir na ecologia e biologia do ictioplancton, pondo em risco a sobrevivência dos ovos, larvas e juvenis que serão recrutados para as populações de adultos. O objetivo desse estudo é avaliar a distribuição e abundância do ictioplâncton, e demais componentes (zooplâncton e microplásticos), em diferentes áreas da Lagoa de Santo Antônio dos Anjos durante as diferentes estações do ano. Estão sendo realizadas 3 réplicas (arrastos) mensais em cada uma das áreas com uma rede de plâncton cônica de superfície horizontal (500 μm; Ø 0,6 m; 2m comprimento) durante 10 minutos. Os parâmetros abióticos são coletados antes de cada amostragem. As áreas foram determinadas de acordo com a ecoclina estuarina e a proximidade de diferentes formações vegetacionais (manguezal, marisma, bancos de capim marinho) e de impacto acentuados (porto pesqueiro e área urbanizada).
Coordenador: Prof. David Valença Dantas
Término: 08/2022
Clima Pesca: Impacto das mudanças climáticas sobre a pesca.
Informações recentes sobre as mudanças climáticas afirmam que apesar das incertezas associadas às lacunas de dados, o aquecimento global é um fato em curso. No tocante aos impactos deste fenômeno sobre os oceanos, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) atesta que um dos principais efeitos deletérios decorrentes do aquecimento global incidirá de maneira direta sobre a produção de alimentos oriundos da atividade pesqueira, uma vez que, alterações ambientais sobre o ecossistema aquático poderão afetar as condições propícias à manutenção dos estoques pesqueiros. Considerando o caráter assertivo desta prerrogativa, o IPCC aponta que nas próximas décadas a humanidade enfrentará o desafio de fornecer alimentos e meios de subsistência para uma população que possivelmente excederá nove bilhões de pessoas, razão pela qual, ferramentas de gestão pesqueira que contemplem às interações com o clima serão um imperativo. Face ao exposto, o projeto “Clima Pesca”, têm por objetivo fornecer análises e produtos derivados de sensoriamento remoto orbital e modelagem numérica que quantifiquem as possíveis influências das eventuais anomalias climáticas sobre as principais espécies oceânicas e regionais de interesse para o Brasil, identificando zonas de risco para a ocorrência destes recursos pesqueiros, potenciais (novos) sítios de captura e avaliando a possível (rec)ocorrência de fenômenos associados aos processos de acidificação da água do mar e blooms planctônicos correlatos às mudanças climáticas, quantificando os seus impactos sobre a captura e distribuição de espécies comercialmente importantes. Deste modo, esperamos contribuir com material técnico-científico que auxilie em futuras tomadas de decisão consoantes à gestão sustentável dos recursos pesqueiros.
Coordenador: Prof. Eduardo Guilherme Gentil de Farias
Término: 07/2023
PROPRAIS: qualidade ambiental das prais do Brasil e Caribe.
As praias se constituem como territórios de expressivo destaque econômico e ambiental, sendo uma fonte de renda destacada em municípios costeiros ao redor do mundo. Além disso, prestam relevantes serviços ecossistêmicos, atuam de maneira direta na dinâmica sedimentar e servem de habitat para uma quantidade expressiva de espécies marinhas. O planejamento costeiro das praias urbanas envolve grande complexidade ambiental, social e econômica por levar em consideração a interação entre o sistema natural e socioeconômico (infraestrutura, usos e conflitos). Consoante aos impactos antrópicos, possivelmente as praias ficarão ainda mais expostas, dado que, a expansão urbana progressiva tenderá a trazer consigo a especulação imobiliária, os loteamentos irregulares, o crescimento demográfico e o turismo predatório. Paralelamente, as zonas costeiras são extremamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas globais e, segundo a bibliografia, o nível do mar pode chegar a subir 40 centímetros até 2050 em decorrência das mudanças climáticas globais, provocando perdas econômicas bilionárias para as cidades costeiras ao redor do planeta. Deste modo, compreender a sensível relação entre o uso dos recursos naturais e a exploração econômica, torna-se imperativo num cenário de impacto crescente. Neste contexto, a avaliação da qualidade ambiental desponta como uma alternativa sólida para identificar potenciais problemas e adaptar as soluções para evitar a geração de maiores conflitos. Embora estratégica, esta abordagem ainda é pouco explorada nas praias da América do Sul, estando a maior parte dos estudos de caso concentrados no litoral Europeu. Face à relevância deste tema e a carência de metodologias apropriadas à região de estudo, o presente projeto tem por objetivo estabelecer uma parceria entre Brasil e Colômbia, na tentativa de avançar na geração de conhecimentos que possam auxiliar no uso e gestão sustentável das praias da América do Sul.
Coordenador: Prof. Eduardo Guilherme Gentil de Farias
Término: 08/2024
Bioplásticos de microalgas cultivadas em efluente: uma alternativa sustentável para a indústria catarinense.
A importância em destinar um tratamento eficiente aos efluentes gerados em processos industriais, agrícolas e domésticos, cada vez mais é reconhecida, principalmente em épocas atuais em que problemas com escassez de água potável e poluição de ecossistemas aquáticos são frequentes. Este projeto visa desenvolver um sistema de cultivo de microalgas integrado com sistemas de tratamento de efluentes de modo que aumente a eficiência da remoção de nutrientes como nitrogênio e fósforo e produza biomassa microalgal com baixo custo. Ainda mais, visa transformar esta biomassa em biopolímeros para servirem de matéria prima na indústria de fabricação de materiais plásticos. Através dos resultados a serem obtidos, uma nova tecnologia de tratamento de efluentes e geração de coproduto, poderá ser disponibilizada à comunidade (empreendedores, agricultores, gestores públicos, investidores e acadêmicos), disponibilizando uma alternativa sustentável para a indústria catarinense e, posteriormente, nacional. A transformação da biomassa gerada nos tratamentos de efluentes em bioplásticos tem potencial para viabilizar economicamente a aplicação da tecnologia e desenvolver um novo segmento de bioprodutos no estado.
Coordenador: Prof. Fábio de Farias Neves
Término: 07/2023
Estratégias inovadoras e de baixo custo operacional para secagem de biomassa de spirulina e obtenção de pós de alta qualidade
A microalga Spirulina (Arthrospira platensis) é uma cianobactéria que apresenta em sua composição proteínas, vitaminas e compostos com elevado capacidade antioxidante. A Spirulina é comercializada, na maioria dos casos, sob forma de pó, mas os processos de desidratação podem causar consideráveis reduções na concentração de compostos bioativos e de elevado valor nutricional. O objetivo desta proposta é estudar métodos de secagem de Spirulina, inovadores e de baixo custo operacional, para obtenção de pós de elevada qualidade utilizáveis como suplementos ou ingredientes para produção de alimentos e bebidas. Os processos de secagem por Cast-Tape Drying e Vacuum Cast-Tape Drying, atualmente estudados para aplicações em polpas de fruta, têm demonstrado grande potencial para a produção de Spirulina em pó. Serão avaliados os efeitos dos parâmetros de processo nas propriedades físico-químicas e nutricionais dos pós obtidos por esses métodos, e os mesmos serão comparados com os pós desidratados por métodos tradicionais. Posteriormente, será realizado o estudo do scale-up do processo de secagem da biomassa de Spirulina em secador a vácuo, solar e com zero emissões de carbono que está sendo construído no laboratório de Propriedades Físicas de Alimentos – UFSC (escala piloto). O intuito desse estudo é otimizar uma tecnologia que possa ser adaptada às regiões produtoras de Spirulina e que permita a obtenção de pós de elevada qualidade gerando fonte alternativa de renda para os produtores. Por último, através de uma parceria internacional, produtos à base de Spirulina presentes no mercado serão comparados aos pós obtidos nesse projeto, quanto ao perfil de aminoácidos, ácidos graxos e minerais, com a finalidade em divulgar e promover a qualidade dos processos objeto desta pesquisa.
Coordenador: Prof. Fábio de Farias Neves
Término: 07/2022
Concentrado de microalgas para aumento de imunidade e desempenho de camarões marinhos cultivados no sul de Santa Catarina.
As microalgas são imprescindíveis para a alimentação de larvas de peixes, moluscos e camarões. Além disso, atuam na manutenção da qualidade de água, são imunoestimulantes e moduladoras da flora microbiana na água de cultivo e no intestino dos organismos. Apesar do potencial das microalgas para o combate de enfermidades e suplementação alimentar de organismos aquáticos, atualmente não existem produtos disponíveis comercialmente feitos de microalgas para essa finalidade. Produtos como este, feitos de microalgas, podem ser um incentivo para a carcinicultura em Santa Catarina, que já foi um importante produtor de camarões marinhos, mas, em 2004, teve sua produção arrasada pela Síndrome da Mancha Branca. Atualmente a carcinicultura está sendo restabelecida e a produção está voltando a crescer. A fim de desenvolver produtos inovadores a partir de microalgas será estabelecida uma parceria entre o Laboratório de Biotecnologia de Algas da UDESC, que tem expertise no cultivo de microalgas, com a empresa Algabloom que comercializa alimentos para organismos aquáticos à base de microalgas. Dessa forma, o objetivo deste projeto de pesquisa é aprimorar a metodologia de operação de um fotobiorreator de cultivo de microalgas tipo Bolsa Vertical Achatada para cultivar com maior eficiência e biossegurança. Além disso, será desenvolvido um concentrado da microalga Nannochloropsis sp. para uso em berçários semi-intensivos de pós-larvas de camarão Litopenaeus vannamei.
Coordenador: Prof. Fábio de Farias Neves
Término: 07/2023
Efeito da utilização de ácidos orgânicos na sanidade do camarão Litopenaeus vannamei cultivado em sistema bifásico no Sul do Brasil
Em 2016, na maior região produtora de Santa Catarina (complexo Lagunar), após um período de aproximadamente 2-3 anos sem produzir, algumas fazendas da região de Pescaria Brava e Imaruí reativaram suas atividades, apresentando resultados satisfatórios e sem mortalidades massivas. Contudo, após 2 anos de produção sem mortalidades por WSSV, algumas fazendas da região voltaram a sofrer por mortalidades e, por outro lado produtores que aderiram o sistema de cultivo bifásicos com berçários intensivos conseguiram resultados satisfatórios na sua produção. Para combater estes desafios, existem no mercado diversas opções entre elas, estão os aditivos, os mais usados na aquicultura são os probióticos, prebióticos e mais recentemente vem sendo estudados os ácidos orgânicos. Os ácidos orgânicos possuem diversos benefícios no cultivo de camarões marinhos, podendo atuar na nutrição, saúde, combate de vibrios e no sistema imunológico. Sendo assim, se torna interessante um estudo para avaliar o uso de ácidos orgânicos na alimentação de camarões marinhos em região que possuem desafios sanitários, visto seu potencial em auxiliar na saúde dos animais de cultivo. Os produtores ainda usam pouco essas ferramentas e alguns já aderiam o uso de ácidos orgânicos, mas, sem um monitoramento adequado. Através de um trabalho sistematizado com algumas análises, será possível avaliar os benefícios do uso de ácidos orgânicos como ferramenta de combate a manifestações virais. Serão realizados dois ensaios para este estudo: O primeiro será em berçários com sistema intensivo, que receberão pós-larvas de camarão marinhos da espécie Litopenaeus vannamei de fase PL 10 e ficaram acondicionadas até a fase juvenil, com um peso aproximado de 0,2 a 0,3g; O segundo ensaio é a fase de engorda, após a fase de berçário os juvenis serão acondicionados em viveiros escavados e permanecerão até os períodos de despesca. Com os resultados do projeto espera-se contribuir com a carcinicultura do estado de Santa Catarina, visto seus problemas enfrentados desde 2004, os resultados vão poder auxiliar com análises que determinam a saúde do camarão, com isso pode-se saber se medidas de manejo adotadas estão apresentando de fato algum resultado ou até mesmo buscar novas medidas que tragam resultados na saúde do camarão e, consequentemente melhorando os resultados zootécnicos de regiões produtoras.
Coordenador: Prof. Giovanni Lemos de Mello
Término: 08/2023
O papel de distintos habitats estuarinos na manutenção da biodiversidade de peixes e macroinvertebrados bentônicos: subsídios para conservação de espécies e manejo de um ecossistema em área de transição climática.
A paisagem costeira, em sua porção limiar com o ambiente marinho, é formada por ecossistemas transicionais, onde uma combinação de distintos fatores gera uma elevada dinâmica e complexidade ecológica. Dentre os ecossistemas existentes, os estuários são caracterizados por serem ambientes aquáticos espacialmente heterogêneos, onde esta existência de variados habitats suporta considerável diversidade de espécies e abriga organismos em suas fases iniciais do desenvolvimento ontogenético. Os bancos de macroalgas bentônicas e ambientes associados a vegetações intramarés são exemplos de habitats estuarinos que possuem papel relevante como berçário de muitos tipos de organismos marinhos. Mangues e marismas são vegetações entremarés característicos de ambientes tropicais e de regiões temperadas, no entanto, em alguns locais do globo terrestre, mais especificamente em faixas de transição climática, ambos podem co-ocorrer em um mesmo ecossistema. Este é o caso do Sistema Estuarino de Laguna (SEL), no centro-sul do estado de Santa Catarina, onde ocorre o limite austral de distribuição de manguezais no Brasil. Independente de seus aspectos ecológicos relevantes, o SEL é cercado por variados impactos antropogênicos e é alvo de uma intensa atividade pesqueira, com elevada importância social e econômica no contexto regional, mas que incide sobre muitas espécies ameaçadas de extincão. Este cenário é preocupante por si só, no entanto, se agrava pela escassez de informações sobre os mecanismos ecológicos e os fatores abióticos que moldam as movimentações (sazonais e/ou ontogenéticas) e o uso de habitats no gradiente estuarino-marinho no Brasil e em áreas de transição climática. Desta maneira, no presente projeto, propõe-se identificar habitats ecologicamente importantes no gradiente espacial do SEL e se avaliar os padrões de abundância e de biodiversidade da biota associada as condições ambientais destes locais. Os resultados gerados nesta proposta auxiliarão na compreensão da ecologia de sistemas em áreas de transição climática e, no âmbito prático, subsidiarão ações de conservação de espécies ameaçadas de extinção e de manejo ecossistêmico em um ambiente sob intensa pressão antrópica no litoral sul brasileiro.
Coordenador: Prof. Jorge Luiz Rodrigues Filho
Término: 08/2022
Interações de pescarias artesanais de arrasto de camarões e de emalhe de fundo com espécies de elasmobrânquios demersais do litoral de Santa Catarina.
A pesca de arrasto é mundialmente conhecida pela elevada captura incidental de espécies, o que resulta na produção de uma biomassa superior à da espécie alvo. No caso da pesca de emalhe, sua baixa seletividade também é reconhecida, o que causa uma elevada captura de espécies acessórias. Ambas, em Santa Catarina, ocorrem em águas rasas da plataforma continental em distintos pontos do estado, como por exemplo Penha (arrasto) e Garopaba (emalhe). Embora tais atividades careçam de dados de produção, esforço de pesca, desembarque e número de embarcações ativas, diversos estudos indicam a elevada presença de elasmobrânquios nas capturas em ecossistemas rasos. Tais indivíduos são em sua maioria indivíduos jovens sem valor comercial e algumas estão inseridas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN). Com o objetivo de avaliar a interação entre a pesca artesanal de arrasto dirigida a camarões, a presente proposta avaliará os dados produzidos por 756 arrastos conduzidos em oito localidades do litoral centro-norte de Santa Catarina entre 1997 e 2016. Adicionalmente, serão obtidos dados sobre a pesca de emalhe para peixes demersais em Garopaba, um ponto tradicional de pesca no litoral centro sul catarinense. Os dados permitirão avaliar a distribuição espaço-temporal das espécies de elasmobrânquios, os atributos ecológicos, o status de conservação, a vulnerabilidade, a relação das capturas de elasmobrânquios e o papel dos fatores e variáveis ambientais sobre as capturas. Espera-se que as informações geradas possam contribuir na gestão pesqueira destas modalidades de pesca, tendo em vista a presença de espécies ameaçadas dentre os componentes de suas capturas.
Coordenador: Prof. Jorge Luiz Rodrigues Filho
Término: 08/2022
Diversidade genômica e estrutura genética de peixes teleósteos para o desenvolvimento de estratégias de conservação de recursos pesqueiros associados a pesca artesanal.
A produção de alimentos é o principal desafio frente ao crescimento populacional, mudanças climáticas e à diminuição dos recursos naturais disponíveis. A proteína de origem animal oriunda da pesca artesanal é uma importante fonte de alimento e renda para diversas comunidades brasileiras, sobretudo na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. Contudo, apesar desta diversidade de espécies de peixes e da sua grande importância econômica para o homem, ainda pouco se conhece sobre suas características biológicas, ecológicas e genéticas. Muitas destas espécies são diretamente impactadas pela pesca e o monitoramento genético dessas populações é muito importante para orientar as estratégias de valorização de áreas com potencial de conservação. O presente projeto tem como objetivo avaliar a diversidade genética e evolução adaptativa de populações de peixes da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. Os resultados das análises genômicas são fundamentais para elucidação de questões relativas à conservação desses recursos pesqueiros, como estruturação de populações selvagens de diversas espécies, sucesso reprodutivo, taxas de divergências genéticas entre populações, migração, tamanho da população, seleção natural e eventos históricos.
Coordenador: Prof. Miklos Maximiliano Bajay
Término: 07/2023
Análise metagenômica da microbiota intestinal em galinhas tratadas com fitobióticos.
O Brasil tem uma posição de destaque na produção mundiais de ovos de galinha. A alta produtividade na avicultura é resultante dos avanços em genética, nutrição animal, saúde e ambiência, e também do uso de antimicrobianos para otimização de resultados zootécnicos e econômicos das galinhas criadas em condições intensivas. Diante desse cenário, existe uma pressão da sociedade para a substituição dos antimicrobianos nas dietas dos animais, com finalidade de reduzir problemas econômicos, sanitários e fornecer produtos seguros e de qualidade ao consumidor. Os produtos oriundos das plantas possuem propriedades capazes de atuarem como melhoradores de desempenho na produção animal, podendo reduzir problemas econômicos, sanitários e fornecer produtos seguros e de qualidade ao consumidor. Assim, eles podem ser uma opção ao uso dos antimicrobianos, os quais são apontados como causadores de riscos à saúde humana, devido ao potencial de desenvolvimento da resistência múltipla cruzada em humanos. Os fitobióticos ou aditivos fitogênicos são substâncias derivadas de plantas medicinais que podem equilibrar a microbiota intestinal, apesar dos mecanismos de ação dos fitobióticos na nutrição das galinhas não estarem totalmente elucidados. O microbioma intestinal, que compreende toda a microbiota, seus genes e genomas que vivem no intestino têm papéis significativos na promoção da saúde e produção animal. Os experimentos propostos pelo presente projeto têm o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão de fitobiótico na alimentação de galinhas poedeiras na microbiota intestinal. Para essa avaliação será feita a metagenômica do DNA das fezes de 4 grupos de tratamento com a inclusão do fitobiótico Enterosan® na alimentação (7, 14, 28 e 56 dias, respectivamente) e um grupo controle. A identificação do microbioma será realizada utilizando-se o sequenciamento de nova geração das regiões V3/V4 do gene 16S rRNA. Além do padrão de espécies encontradas na microbiota intestinal, também será caracterizado a alfa e beta diversidade de cada tratamento. Espera-se que a informação detalhada de quais microrganismos compõem as amostras da microbiota intestinal de cada tratamento e sua respectiva diversidade ajude compreender melhor os benefícios da utilização de fitobióticos na alimentação de galinhas poedeiras.
Coordenador: Prof. Miklos Maximiliano Bajay
Término: 07/2023
Avaliação dos impactos imediatos e de curta duração das atividades de TOBE no comportamento de baleias-francas (Eubalaena australis) nas Enseadas da Praia do Gi e Praia do Sol.
Uma das principais áreas de concentração reprodutiva das baleias-francas no Hemisfério Sul localiza-se no litoral sul do Brasil, onde permanecem no período de julho a novembro (Lodi & Bergallo, 1984; Câmara & Palazzo, 1986; Palazzo & Flores, 1996, 1998; Simões-Lopes et al., 1992), com pico de ocorrência em setembro (Groch, 2005). Devido a importância dessa área para a proteção da espécie, foi criada em 2000 a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APABF) com objetivo proteger a baleia-franca-austral (Eubalaena australis), ordenar e garantir o uso racional dos recursos naturais da região, a ocupação e utilização dos solos e das águas, o uso turístico e recreativo, as atividades de pesquisa e o tráfego local de embarcações e aeronaves. Atualmente a APABF possui seis áreas de refúgio para estes cetáceos, proibindo a aproximação de embarcações motorizadas com finalidade esportivas, turísticas e recreativas nestes locais (Instrução Normativa 102/2006). O turismo de observação de baleias embarcado na região da APABF iniciou em 1999, assim como as atividades de observação destes animais por terra (Groch & Palazzo, 2007). A APABF acompanhou o desenvolvimento desta atividade com o objetivo de realizar a gestão e o manejo adequado do turismo de observação, beneficiando a economia local, a pesquisa científica, as atividades educativas e recreativas, o conhecimento público e a conservação desta espécie ameaçada de extinção. O Turismo de Observação de Baleias é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo. Este uso não letal dos cetáceos pode trazer benefícios econômicos a comunidades locais, incluindo as que realizavam caça comercial, propiciar pesquisa científica, desenvolver campanhas educacionais e a conservação do ambiente marinho e dos próprios animais. Em 2012 uma liminar da Justiça Federal suspendeu por tempo indeterminado o turismo de observação de baleias franca até que novos estudos que avaliem a viabilidade ambiental da atividade e estabeleçam novas normas e procedimentos para a aproximação às baleias realizada nos limites da Unidade. Neste sentido a proposta visa avaliar as respostas comportamentais das baleias-francas antes, durante e depois da aproximação das embarcações de turismo cadastradas previamente, considerando prioritariamente nas análises o intervalo respiratório e deslocamento, bem como demais comportamentos conhecidos da espécie através da metodologia de ponto fixo com uso de teodolito e foto-identificação lateral. O estudo será conduzido nas Enseadas da Praia do Gi e Praia do Sol em Laguna/SC permitindo subsidiar medidas de gestão para a manutenção ou não da atividade turística nas enseadas permitidas da APABF. Como hipótese da pesquisa buscar-se-á verificar se a aproximação das embarcações de TOBE alteram o comportamento das baleias-francas nas Enseadas monitoradas. Com intuito de constituir elementos concretos para superar as dúvidas sobre molestamento e bem-estar animal serão avaliados o intervalo respiratório e deslocamento das baleias francas durante a aproximação controlada das embarcações de turismo a diferentes distâncias de ponto fixo em terra (100m, 200m, 300m e 400m); assim como realizar o registro de outras alterações nos padrões comportamentais antes, durante e após a aproximação das embarcações que atuam regularmente na atividade de TOBE. Os indivíduos monitorados serão foto-identificados para o desenvolvimento de um catálogo de reconhecimento lateral das calosidade das baleias-francas permitindo acompanhamento das tendências populacionais da espécie.
Coordenador: Prof. Pedro Volkmer de Castilho
Término: 12/2022
Pra onde elas vão? Interpretando a deriva das carcaças de toninhas (Pontoporia blainvillei) na Área de Manejo II.
O estudo da distribuição e padrões de ocupação dos cetáceos na costa brasileira encontra dificuldades relacionadas com a coleta de dados destes animais e com a disponibilidade e acesso às informações. A maior parte dos registros de ocorrência (avistagem; encalhe ou captura acidental) das espécies; é realizado de forma oportunística; gerando informações em diferentes níveis de confiança e que normalmente ficam restritas a determinadas regiões e a alguns poucos pesquisadores (Moraes, 2005). O monitoramento de espécies selvagens é cada vez mais necessária, no contexto de conservação biológica (Asseburg et al., 2006;. Mace e Baillie, 2007; Sergio et al., 2006, 2008;. Thomas, 1996). O monitoramento foi definido por Elzinga et al. (2001) como "a recolha e análise de observações repetidas ou medições para avaliar mudanças na condição e progresso para atingir uma meta". A eficiência de um plano de monitoramento é baseado em três desempenhos esperados: credibilidade da relevância ecológica, princípios estatísticos e a relação custo benefício (Hinds, 1984; Caughlan e Oakley, 2001). No entanto, o monitoramento de vertebrados marinhos através da coleta de dados no mar continua a ser extremamente cara, colocando metas e objetivos para conservação em risco. Os indicadores biológicos são medidas estabelecidas a partir de dados verificáveis que incluem mais informações do que os próprios dados (Bubb et al., 2005), portanto os indicadores são considerados como uma ferramenta de comunicação entre cientistas (conservacionistas) e administradores de políticas públicas (Mace e Baillie, 2007; Müller e Lenz, 2006; Schiller et al., 2001;. Turnhout et al., 2007). Prova disto é a carência de exatidão nas informações sobre a situação atual de pequenos cetáceos nas listas de espécies ameaçadas (MMA, 2008). Com o objetivo de desenvolver estratégias baratas de monitoramento de pequenos cetaceos e fomentar dados sobre o estado de conservação, é fundamental examinar o potencial dos dados de encalhe para fornecer indicadores de populações favoráveis. Em Santa Catarina os dados de encalhes são descritos a partir do final da década de 80 e intensificado mais recentemente pela ocupação mais massificada da linha de costa. O SIMMAM (Sistema de Monitoramento de Mamíferos Marinhos) tem se tornado uma ferramenta útil na ampla divulgação dos registros de encalhe no Brasil (Viana et al. 2016). Os dados de encalhe são classificados como de baixo custo benefício, em comparação com a maioria das outras fontes de dados que necessitam de investimentos mais onerosos de trabalho no mar. O plano de ação nacional para conservação de cetáceos prevê levantamentos aéreos anuais com custo estimado em 240 mil reais por sobrevoo (Série Especial nº18 2010- ICMBIO). Diante das circunstâncias, o resultado proveniente da avaliação dos encalhes é de custo relativamente baixo, considerando a unidade de esforço e os dados que podem ser coletados em um encalhe. No entanto, a relevância ecológica de dados de encalhe é desconhecida, principalmente porque a origem geográfica de uma amostra não é acessível, e sua credibilidade estatística é contestada, porque a amostragem é principalmente oportunista na natureza. É comumente admitido que animais encalhados representam uma medida mínima de mortalidade no mar (Epperly et al., 1996). Assim, os dados de encalhe frequentemente são considerados como não-representativos das populações ou comunidades marinhas, principalmente por causa da falta de uma estratégia de amostragem (Epperly et al., 1996.; Siebert et al., 2006). Considerando-se que os dados de encalhe estão sendo disponibilizados através de relatórios e publicações, é cada vez maior o conhecimento da situação dos pequenos cetáceos, bem como a sua melhor utilização científica. Dados estes que estão subsidiando várias disposições intergovernamentais (Comissão Baleeira Internacional Relatório Científico de 2010; vários acordos no âmbito da Convenção de Espécies Migratórias; Conselho Internacional).
Coordenador: Prof. Pedro Volkmer de Castilho
Término: 08/2022
Boto que pesca, pesca com pescador: Monitorando parâmetros populacionais para conservação do boto-pescador em Laguna (SC).
O boto-pescador Tursiops truncatus é considerado uma espécie de plasticidade comportamental, ocorrendo em águas tropicais, onde pode ser observado utilizando uma ampla variedade de habitats. Atualmente discute-se a situação taxonômica da espécie, cuja caracterização como espécie distinta é defendida por Wickert et al. (2016) como Tursiops gephyreus, sendo neste contexto uma espécie de pequeno cetáceo endêmica so sul do Brasil com menor tamanho populacional no país. A espécie está listada como "Vulnerável" na lista de espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul e foi recentemente avaliada como "Em Perigo" durante a última reunião para avaliação da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção do Brasil, a qual ocorreu no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos/ICMBio em maio 2018. Sua ocorrência no sul do Brasil é bem documentada, com destaque para uma população residente em Laguna (SC) (Simões-Lopes et al. 1998) que, além do explícito valor ecológico, apresenta uma marcante peculiaridade comportamental, a pesca “cooperativa” que alguns botos realizam em parceria com pescadores artesanais. Este evento singular consta na sequência de displays comportamentais cujos botos arrebanham cardumes, principalmente de tainhas, em direção aos pescadores posicionados ao longo da costa; estes arremessam suas redes (tarrafa) após uma sequência estereotipada de comportamentos dos botos; a quantidade e qualidade das espécies capturadas pelos pescadores quando interagindo com os botos é maior do que em pescarias solitárias; já os botos, além de beneficiarem os pescadores, possivelmente se beneficiam capturando os peixes pela desagregação do cardume ocasionada pelo impacto da tarrafa (Simões-Lopes et al. 1998; Daura-Jorge 2012). A afinidade emocional que a comunidade local tem pela interação boto-pescador gerou motivação para sua manutenção. Segundo Fruet et al. (2014) o padrão de distribuição dos botos no sul do Brasil se configura como uma metapopulação, onde algumas unidades de manejo são residentes em estuários e rios como Laguna de Santo Antônio (Santa Catarina), desembocaduras dos rios Mampituba e Tramandaí, e estuário da Lagoa dos Patos (PLE) (Rio Grande do Sul), enquanto outras conectam-se entre estas áreas transitando ao longo da zona costeira. Estudos localizados de marcação-recaptura indicam que as MUs são muito pequenas, com o número de indivíduos variando entre 9 e 90 por localidade, e exibem diferentes níveis de residência e movimentos entre áreas (Simões-Lopes e Fabian 1999, Fruet et al. 2011, Daura-Jorge et al. 2013). Desta forma, esta proposta é um esforço de continuísmo ao que já vem sendo feito, somado a algumas iniciativas complementares como monitoramento de praia, estimativa de idade, condição de saúde e efetividade da interação boto-pescador na praia da Tesoura, de forma a constituir um monitoramento de longo prazo possibilitando estimar parâmetros populacionais com precisão e acurácia, oferecendo uma efetiva análise de tendências populacionais e ameaças deste importante patrimônio natural. Recentemente o aumento da mortalidade acidental por rede de pesca clandestina no rio Tubarão promoveu mobilização popular e uma resposta governamental criando uma área de exclusão de redes de emalhe na área de vida do boto-pescador (ver Lei 1999/2018 e Cantor et al. 2018), no entanto, os reflexos da mortalidade devem ser acompanhados de forma contínua.
Coordenador: Prof. Pedro Volkmer de Castilho
Término: 07/2023
Ocorrência de Vibrio parahaemolyticus em mexilhões Perna perna (Linnaeus, 1758) de ambiente natural no litoral sul de Santa Catarina, Brasil.
A microbiota presente no ambiente marinho são provenientes de diversas origens, quando retidas nos tecidos dos bivalves, as espécies consideradas autóctones acabam sendo naturais do ambiente aquático, como as do gênero Vibrio. As espécies alóctones são resultados de contaminação externa de coliformes totais e termotolerantes a partir de efluentes domésticos. V. parahaemolyticus é uma das principais espécies, pode causar gastroenterite aguda, como também causar infecção em feridas abertas que tenham sido expostas a água do mar. Ao total serão coletados 200 espécimes de moluscos bivalves Perna perna serão coletados manualmente com auxílio de material cortante (facas, estiletes) de costões rochosos das praias do Gi e Gravatá na cidade de Laguna, litoral sul do estado de Santa Catarina, Brasil. Amostras de brânquias de bivalves Perna perna serão inoculados em caldo BHI (Brain Heart Infusion). e posteriormente identificação presentiva de Vibrio spp. em ágar TCBS (Tiossulfato, Citrato, Bílis e Sacarose). Para a detecção dos genes de virulência (TDH e TRH) de V. parahaemolyticus o DNA total extraído será amplificado pela técnica multiplex-PCR usando os iniciadores específicos dos genes. É de suma importância que em casos de surtos alimentares pelo consumo de bilvalves in natura, pensar no diagnóstico de Vibrio spp., uma vez que em virtude da falta de diagnóstico específico para o vibrião nas rotinas laboratoriais nem sempre o diagnóstico de casos de gastrinterites no ser humano apresentam um desfecho final. Sendo assim, faz-se necessário investigar a presença dessa espécie no ambiente aquático para compreender o potencial patogênico de bivalves provenientes de ambientes naturais.
Coordenador: Profª. Rosiléia Marinho de Quadros
Término: 11/2023
Avaliação da atividade antifúngica da defensina PgD1 da Picea glauca na inibição de Candida spp.
A terapia antifúngica é usada para tratar tanto agentes causadores de infecções superficiais ou sistêmicas, nas quais Candida spp. estão presentes na grande maioria das infecções em indivíduos imunocomprometidos. Devido à resistência antifúngica estarem crescendo, mesmo em diferentes mecanismos de ação, existe a necessidade de novos tratamentos que busquem novas formulações, combinações de terapias e o desenvolvimento de novos compostos bioativos. As amostras de diferentes espécies de Candida spp. serão obtidas pelo Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). As amostras recebidas serão inseridas no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen). Os cultivos de Candida spp. serão analisados a cada semana e posterior repiques a cada 15 dias, onde serão inoculadas no ágar Sabouraud dextrose com cloranfenicol para o crescimento de novas colônias fúngicas e mantidas durante cinco dias em estufa e por fim, será juntado os esporos do fungo e ágar batata para o posterior teste com a defensina. Será analisado se as curvas de crescimento demonstram que as concentrações crescentes da defensina PgD1 de Picea glauca entre 8 µM a 14 µM serão capazes de inibirem o crescimento de Candida spp. Diante deste estudo poderemos analisar se a defensina PgD1 de P. glauca terá uma boa resposta frente ao crescimento de diferentes espécies de Candida spp.
Coordenador: Profª. Rosiléia Marinho de Quadros
Término: 02/2023
Ensaios de biofilme Paenibacillus polymyxa CCGB0421 na presença de glicose-6-fosfato.
1. Resumo
Paenibacillus polymyxa caracteriza-se como uma bactéria Gram positiva e multifuncional, sendo considerado um agente de biocontrole devido a sua capacidade de produzir biofilme, o qual impede o ataque de fungos e bactérias em alguns grupos de plantas, tais como os cereais. Sabe-se que o biofilme é formado por uma matriz de polímeros extracelulares e que o mesmo encontra-se atrelado a existência de infecções crônicas e recorrentes (ocasionadas por microrganismos que tornam-se resistentes a agentes microbianos quando imersos nessa matriz), à contaminação de alimentos em ambientes onde os mesmos são processados, à problemas na cavidade bucal, à risco de pneumonia em pacientes que dependem de ventilação mecânica, à infecções relacionadas ao processo de ordenha nos animais, etc. Diante do exposto, o presente estudo propõe a realização de ensaios de biofilme na presença de glicose-6-fosfato se ligando a enzima β-glicosidase, uma enzima de alta relevância para o metabolismo energético de muitos seres vivos. Neste sentido, reconhecer as rotas bioquímicas e moleculares relacionadas à formação de biofilme torna-se interessante para que estratégias de controle sejam delineadas, impedindo, dessa forma, a sua proliferação
Coordenador: Profª. Rosiléia Marinho de Quadros
Término: 02/2023
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