No dia oito de maio de 2017, o GABA (Grupo de Ambiência e Bem-Estar Animal) em parceria com o Centro Acadêmico de Zootecnia (CAZOO), promoveu uma aula prática sobre a interação homem e cavalos na Cabanha Baturitê, em Chapecó/SC. A aula foi ministrada pelo professor José Nicolau Prospero Puoli Filho, Professor Assistente Doutor da FMVZ - UNESP – Botucatu, que demonstrou noções básicas de como se deve trabalhar a interação homem-cavalo.
As pessoas que querem estabelecer uma relação saudável com os equinos precisam compreender que o primeiro passo é entender a natureza do animal. Para tanto, alguns pressupostos devem ser considerados:
- Equinos são seres sencientes que, assim como nós, têm a capacidade de sentir, o que envolve sensações e sentimentos;
- Cavalos têm a característica de se manterem fiéis à hierarquia, sendo que reconhecem o dominado como aquele que mais se movimenta;
- A postura corporal dos indivíduos é de grande relevância no processo de comunicação (tanto cavalo – homem, como homem – cavalo). Muitas vezes dizemos que “o cavalo tem intuição” mas, na realidade, ele possui uma grande capacidade de perceber mudanças discretas na postura corporal humana;
- O equino sempre se sentirá como presa, e enxergará o homem como um ser de mãos em forma de garras e olhos frontais, ou seja, um predador.
Durante a interação com os equinos da cabanha, o Prof. Nicolau demonstrou com maestria que o trabalho com os equinos se baseia em promover reforço positivo e negativo. E, ao contrário do que se possa pensar, reforço negativo não deve referir-se à agressividade por parte da pessoa. Pelo contrário: O professor destacou que contatos agressivos ou equivocados resultam em descarte de equinos devido a problemas comportamentais. No entanto, o professor ponderou que normalmente os proprietários não conhecem “a essência da doma”, principalmente com relação a como este processo é demorado. Esta dificuldade acaba provocando que os proprietários cobrem dos treinadores que o trabalho seja realizado em pouco tempo, o que resulta em problemas comportamentais.
Um exemplo de uso do reforço negativo no processo de treinamento foi demonstrado quando o professor recomendou que os voluntários “punissem” o animal induzindo um trote mais intenso toda vez que o animal parou no redondel.
Ficou evidente no trabalho com os diferentes cavalos disponibilizados pela cabanha que alguns indivíduos apresentam maior distância de fuga em relação aos demais, exigindo maior atenção durante o processo. Durante a aproximação de um animal caracterizado como de grande zona de fuga o professor recomendou que a aproximação fosse realizada em zigue-zague ( vídeo demonstrativo ), de forma a “preencher” os dois campos visuais do animal. É importante também iniciar a interação sem olhar diretamente para os olhos do animal. Ao estabelecer contato físico com o animal de maior reatividade, é importante tocar o animal aos poucos pois este cuidado permite verificar regiões corporais mais sensíveis. Durante a demonstração, o professor promoveu a dessensibilização de diferentes regiões corporais do equino.
Outro ponto destacado durante a prática foi a importância de manter o foco no animal durante todo o tempo. Na ocasião, diversos alunos foram voluntários no aprendizado sobre a interação homem-cavalo e, em algumas situações, um desvio da atenção para o piso do redondel que estava lamoso, provocou problemas de estabelecimento da interação entre os voluntários e os animais - a partir do momento que o voluntário perde o foco na égua, esta passa a não realizar seus comandos.
O professor demonstrou a importância de utilizar com critério materiais que auxiliam o processo de interação com o cavalo. Como exemplo, citamos a utilização de uma corda que foi utilizada como uma forma de criar uma “extensão” dos braços do treinador (vídeo demonstratívo )
Em suma, as pessoas que se dedicam profissionalmente ou não a trabalhar com cavalos devem ter em mente que uma relação saudável deve ser estabelecida para se obter um animal seguro, educado e parceiro. Estes três objetivos são galgados ao longo de toda a interação entre o cavalo e seu domador, e ao final se espera que tenham sido alcançados da melhor maneira possível.
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