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Notícia

16/08/2024-12h11

Tese de doutora em Artes Cênicas pela Udesc aborda mediação teatral para crianças no espectro autista

A pesquisa de doutorado, orientada pelo professor Flávio Desgranges de Carvalho, foi indicada pelo PPGAC ao Prêmio Capes de Tese 2024.

Projeto TEAtro para InfânciaS no Assentamento Poço Longe, Bahia. Foto: acervo pessoal
Como se inicia e como se finaliza uma pesquisa? Para muitos, é algo linear, vem de uma ideia que se desenvolve de forma horizontal e caminha até chegar a um ponto final. Já para Rosa Adelina Sampaio Oliveira, egressa do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) da Udesc, o caminho para a construção da tese foi como um longo rio – repleto de curvas, afluentes e riachos.

Seu trabalho, “Mergulhos dionisíacos nas águas do Paraguaçu: (Re)Montagem e mediação teatral para uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA)”, aborda uma investigação acerca do processo de formação de leitores e leitoras do espectro autista a partir da experiência com uma criança autista, Dionísio – seu filho. A pesquisa, em sua forma bruta, gira em torno da sua história como mãe solo, professora e pesquisadora. “Essa também é uma história e uma homenagem à Dionísio e às águas [...] É um encontro de águas”, escreve na introdução.

O desenvolvimento da tese teve como eixo condutor a mediação teatral e foi desenvolvida a partir do TEAtro para InfânciaS, projeto que ocorreu no Assentamento de Reforma Agrária Poço Longe (Ruy Barbosa, BA). A ação contou com a remontagem e apresentação do espetáculo "Paraguaçu, o rio que corre em mim" e com uma "Oficina de Mediação para InfânciaS.”

“Reúnem-se questões ligadas à recepção, à mediação e à criação teatrais; mas também águas que brotam da educação, da sociologia da infância, de reflexões sobre conceitos como capacitismo, inclusão, acessibilidade cultural e tantos outros”, conta Rosa ao introduzir sua tese.

Rosa conta que foi logo após ingressar no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas que ela recebeu o diagnóstico do seu filho, Dionísio, de Transtorno do Espectro Autista. Ela descreve esse período como turbulento e confuso, no qual precisou juntar energia para alterar substancialmente seu projeto inicial, que era sobre Educação do Campo e Teatro em Comunidade — área na qual já atuava há cerca de quinze anos. “Me reinventei enquanto pesquisadora e mergulhei em conhecimentos completamente desconhecidos”, relata.

Além da tese, a pesquisa gerou outros frutos, como uma oficina de atuação mediadora ofertada na Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), enquanto ação de extensão, que terá continuidade em breve na Universidade Federal da Bahia, na qual Rosa é docente. “Precisamos debruçar olhares e ações para a acessibilidade e inclusão no campo teatral, para a acessibilidade das produções acadêmicas, além de qualificar o corpo docente para essa questão”, destaca.

A pesquisa de Rosa é uma das indicadas pela Udesc Ceart ao Prêmio Capes de Tese 2024. A doutora compartilha que ser indicada à premiação proporcionou uma sensação de reconhecimento pelo percurso trilhado. “Mãe absolutamente solo, atípica e com uma rede de apoio restrita, o caminho foi um desafio pessoal de resistência e reinvenção, perceber que consegui e que tive tal reconhecimento me traz muita alegria, não apenas de ter concluído uma grande etapa, mas de ter concluído com qualidade”, disse. Ela ainda acrescenta que sua experiência na Udesc foi "riquíssima", apesar de o contato presencial ter sido pouco por conta da pandemia.

O trabalho foi orientado pelo professor Flávio Desgranges de Carvalho e pode ser acessado neste link. Confira também o vídeo sobre o projeto TEAtro para InfânciaS no Assentamento Poço Longe, Bahia.

Sobre o prêmio

O Prêmio Capes de Tese é realizado anualmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As inscrições de trabalhos são feitas pelos programas de pós-graduação, responsáveis pela pré-seleção das teses. A avaliação leva em conta originalidade, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social, metodologia utilizada, rigor da redação, organização do texto e qualidade e quantidade de publicações decorrentes da pesquisa.

O prêmio deste ano reconhecerá os melhores trabalhos de doutorado defendidos em 2023 em 50 áreas de avaliação. Os autores das teses selecionadas recebem bolsa de até um ano para estágio pós-doutoral, certificado e medalha. O orientador do trabalho, coorientadores e o programa de pós-graduação também são premiados. Além desses, três trabalhos vão receber o Grande Prêmio Capes de Tese; também serão concedidos prêmios especiais para algumas áreas.

O resultado será divulgado em setembro e os vencedores do Grande Prêmio serão conhecidos em dezembro, mesmo mês em que ocorrerá a entrega das premiações. Em 2023, a pesquisadora Khetllen Costa, doutora em Artes Visuais pelo Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) da Udesc, foi uma das premiadas na área de Artes com a tese "Ressonâncias de Afetos - Raízes Afro-indígenas Retratadas". Saiba mais nesta notícia.

Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
Por Matheus Alves, estagiário de Jornalismo, sob supervisão da jornalista Carolina Dall'Agnese
E-mail: comunicacao.ceart@udesc.br Telefone: (48) 3664-8350
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