Notícia

Combater a violência doméstica e familiar contra a mulher é o objetivo principal de um trabalho realizado há mais de dez anos no Centro de Educação a Distância (Cead), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).

O programa Educação em Direitos Humanos das Mulheres, Gestão e Sustentabilidade é hoje uma das ações de extensão permanentes da Udesc Cead - uma faixa especial instituída pela universidade para apoiar a consolidação de seus programas com melhor avaliação.

Sua principal linha de atuação é qualificar organizações, governamentais e não governamentais, que integram a rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.

O trabalho é feito por meio de cursos online e presenciais, eventos, como seminários e rodas de conversa, e a produção de material didático-pedagógico, dentre outras iniciativas. Neste ano, a estimativa é contemplar, ao todo, cerca de 2,4 mil pessoas.

Impacto

As atividades ocorrem por todo o território catarinense, com ênfase, nas últimas edições, para os planaltos Sul e Norte do Estado, que apresentam baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e indicadores elevados de violência contra a mulher. O trabalho, porém, repercute pelo País e também no exterior.

A coordenadora, Cléia Demétrio Pereira, explica que o programa tem diversas parcerias internas e externas à instituição e contempla sete ações (veja abaixo) "com abordagens complementares e características interinstitucionais, intercentros, interdepartamentais e internacionais".

Na Udesc Cead, ele é vinculado ao Laboratório de Direitos Humanos (LabDH), instituído em 2016. Seu início, contudo, remonta às ações do projeto Feminismo e Gestão, desenvolvido em 2015 e contemplado no edital do Programa de Apoio à Extensão (Paex) do ano anterior.

"Esse trabalho foi inicialmente idealizado pela professora Marzely Gorges Farias, que realizou um trabalho de grande impacto, especialmente, em Santa Catarina, e atuou por quase duas décadas pela Udesc Cead. Com sua aposentadoria, em 2022, ela deixou o programa como legado para que déssemos continuidade e cumprindo com ampliado sua possibilidade de continuar", conta Cléia.

Mobilização

A coordenadora relata que o LabDH surgiu a partir do trabalho iniciado no Laboratório Educação e Sexualidade (LabEduSex), criado dois anos antes e, até hoje, um dos grandes parceiros institucionais nas ações.

Além dos dois laboratórios, a operacionalização e a execução das atividades do programa têm vínculo com o Grupo Extensão, Pesquisa e Ensino em Direitos Humanos, Cidadania e Diversidade, da Udesc Cead, e os núcleos de Estudos Afro-Brasileiro (Neab) e Extensionista Rondon (NER) da Udesc.

A coordenadora destaca que "a multilateralidade do trabalho é resultado de uma equipe interdisciplinar e interprofissional formada por docentes e técnicos que atuam em diferentes unidades da Udesc".

Ação multicêntrica

Além da Udesc Cead, as ações mobilizam docentes e acadêmicos do Centro de Ensino do Planalto Norte (Ceplan), em São Bento do Sul, e do Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed), em Florianópolis.

"Essa mobilização é fundamental para que os objetivos do programa e as expectativas do público sejam alcançadas", afirma Cléia.

A parceria entre Udesc Cead e Udesc Planalto Norte existe desde 2014, com a participação do professor Fábio Manoel Caliari, do Departamento de Sistemas de Informação (DSI).

O objetivo é "elaborar conteúdos e metodologias para a mobilização e a construção do conhecimento em ações de extensão a distância". Caliari coordena duas das sete ações do programa e integra a equipe executora das demais.

A partir de 2018, novas parcerias ampliaram o caráter interinstitucional e deram dimensão internacional ao trabalho.

Tese de doutorado

Na Udesc Faed, o programa foi um dos objetos da tese de doutorado "Territorialiedade e Sociabilidades: a integração operacional da rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher", defendido no ano passado no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (PPGPlan), pelo coronel Zelindro Ismael Farias, que é comandante da 2ª Região de Polícia Militar (PM-SC). Acesse a tese.

A 2ª Região inclui os planaltos Sul e Norte do Estado, abrangendo 39 municípios. O coronel Farias integra a equipe executora das ações do programa.

Portugal

Uma das parcerias internacionais é com a Universidade do Minho (Uminho), em Portugal. Em 2020, o professor Caliari concluiu doutorado na instituição, na área de Tecnologia Educativa, com um estudo relacionado às redes sociais na perspectiva dos direitos humanos das mulheres.

Sua tese criou a estratégia Caliari: Confronto ALIAndo forças contra os Riscos da Internet, adotada em ações do programa.

Também na Uminho, a professora Cléia Pereira fez sua tese de doutorado com foco nas políticas educacionais de inclusão subsidiada pelos direitos humanos.

Colômbia

Outra parceria internacional é com o Instituto Universitário Politécnico GranColombiano (Iupg), com a docente Martha Inês Moreno Medel.

Martha Inês é doutoranda na Universidade de Cooperação do México e seu trabalho visa "a análise de políticas públicas intersetoriais na proteção dos direitos humanos das mulheres em zonas de descoesão (em conflito e pós-conflito), para contribuir tanto no aprimoramento de políticas públicas e de instrumentos de proteção, como também em ações pedagógicas emancipatórias, democráticas e inclusivas".

Argentina

Na Argentina, o programa tem apoio do Detetives Sem Fronteira (DSF), organização privada que é especializada em sequestro e tráfico de mulheres. "São temas complexos e necessários na abordagem dos direitos humanos", afirma Cléia.

Integram as atividades também duas professoras de instituições do Rio Grande do Sul: Soila Arminda Mazzini Monte Blanco, da Faculdade Integrada de Santa Maria (Fisma), e Luciana Kornatzki, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).

Coordenações

Na Udesc Cead, a coordenação e execução das ações mobilizam diversos servidores e estudantes bolsistas e voluntários, incluindo as professoras Ana Flávia Garcez e Soeli Francisca Mazinni Monte Blanco e a técnica Maria Helena Tomaz.

O programa é também uma ação de extensão curricular, uma vez que a Udesc Cead já implementa a curricularização da extensão. A disciplina Direitos Humanos, Políticas Públicas e Multiculturalidade dá embasamento teórico às atividades, e as operações do NER Udesc proporcionam a imersão social.

A iniciativa é alinhada à Política de Extensão da Udesc, à Política Nacional Educacional, ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos e ao Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e da Política Nacional de Desenvolvimento Regional. 

Confira as sete ações deste ano:

• Curso de extensão a distância “Iniciação ao ambiente virtual de aprendizagem Moodle para multiplicadores do programa”: Com a finalidade de ampliar conhecimentos sobre o uso de ferramentas ligadas às tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), essa ação prevê a integração de uma ampla base tecnológica com representações, a fim de contribuir em ambientes diversos para o fortalecimento da rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar.

• Curso de extensão a distância “Qualificação em Políticas Públicas e Tecnologias de Proteção à Mulheres”, com cinco módulos: Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar; A Rede de Enfrentamento à Violência doméstica e familiar; Medidas Protetivas na Perspectiva da Lei Maria da Penha (LMP); As tecnologias oficiais de proteção à mulher em situação de violência doméstica; e Artefatos Pedagógicos para a Educação em Direitos Humanos e Cidadania das Mulheres.

• Curso de extensão a distância “A Internet na perspectiva dos Direitos Humanos das Mulheres”, com três módulos: Tecnologia e Mulheres: O marco civil da Internet e a importância da presença da mulher nas redes sociais; O Comportamento das Mulheres nas redes sociais; e Rede Social de proteção às Mulheres: Aplicativos para a segurança pessoal.

• Curso de extensão presencial ““Empreendedorismo Feminino para mulheres em situação de violência doméstica e familiar”, aborda temas como liderança, empoderamento feminino, negócios, marketing pessoal, redes sociais, produtos e vendas. Tem como objetivo possibilitar às participantes subsídios para empreender e conquistar independência financeira, para melhorar suas condições de vida e/ou livrar-se das situações de violência a que estão submetidas.

• Seminário: Políticas Públicas e Tecnologias de Proteção à Mulher. Voltados ao público da rede de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, no cumprimento da LPM. Ofertada anualmente.

• Roda de conversa interseccional. Espaço de diálogo que reúne uma diversidade de mulheres, especialmente aquelas que têm direitos violados, como negras, quilombolas, com deficiência, indígenas, dentre outras características pessoais e culturais. Sua execução integra o LabDH, o LabEduSex, o Laboratório Centro de Estudos Aplicados ao Desenvolvimento Regional (CDR), o Laboratório Multidisciplinar de Desenho e Produção de Material Didático para a EaD (Multi.Lab.EaD) e o Neab.

• Produção de material didático-pedagógico e publicações científicas. Atende exigências da política pública educacional e da Política de Extensão Universitária da Udesc, e é desenvolvida no âmbito do Grupo de Extensão, Pesquisa e Ensino: Direitos Humanos, Cidadania e Diversidade.

Mais informações 

Mais informações podem ser obtidas nos sites do programa e do LabDH, pelo e-mail cleia.demetrio@gmail.com, no YouTube e no Instagram.

Assessoria de Comunicação da Udesc Cead
Jornalista Gustavo Cabral Vaz
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Telefones: (48) 3664-8454