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A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) avança em direção à institucionalização das políticas de ações afirmativas para a pós-graduação. Em seminário promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg) nesta última terça-feira, 10, foram reunidos 19 programas de Pós-Graduação da universidade, representados por coordenadores, secretários e estudantes. Também participaram diretores-gerais e diretores de Pesquisa e Pós-Graduação dos centros de ensino.

A professora Geisa Bock, coordenadora de Pós-Graduação da Udesc e coordenadora do evento, destacou a importância do momento para a universidade, principalmente para a pós-graduação, afirmando que “ainda é um espaço que carece de políticas para que todas as pessoas possam ocupar com legitimidade, com garantia de permanência, finalizando os seus processos nos níveis mais elevados de ensino”.

Durante a abertura do evento, a coordenadora contextualizou que atualmente a Udesc conta com 2.155 estudantes de pós-graduação, dos quais 16 são pessoas com deficiência e 83 se declaram pessoas negras. “Quem ocupa estes espaços? Nós somos a universidade. Cabe a cada um de nós torná-la mais acessível, criar mais oportunidades a cada estudante do Estado de Santa Catarina e de fora de Santa Catarina. Queremos que os números reflitam cada vez mais a realidade do nosso Estado”, afirmou.

O reitor José Fernando Fragalli destacou a meta de elevar os números apresentados, na garantia de equidade e de que a universidade se torne mais diversa. Afirmou, ainda, que as ações afirmativas para a pós-graduação colocam a Udesc no "caminho no seu papel principal, de atendar a comunidade”.

Na parte da manhã os participantes acompanharam a apresentação de uma performance-palestra com o estudante de Artes Cênicas Sidinei Júnior, e uma mesa-redonda sobre as políticas afirmativas na pós-graduação, abordando questões como políticas de cotas, suportes e apoios aos estudantes dos grupos representados e estratégias para a criação de ambientes acadêmicos mais inclusivos.

Participaram os professores Pierpaolo Negri (Universidade Estadual de Maringá - UEM), Claudia Regina Xavier (Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR), Martinha Clarete Dutra Dos Santos (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura – OEI) e Ewelin Monica Paturi Navarro Canizares (integrante da Mangata Rede de Pesquisa com Deficiência). O debate está disponível no Youtube da Udesc. 

Experiências dos programas
Na parte da tarde, alguns programas de pós-graduação da Udesc que já incluem ações afirmativas em seus editais de seleção apresentaram suas experiências. Foram relatadas as iniciativas dos cursos de pós do Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed) e do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart), além dos programas de pós em Enfermagem (PPGenf), vinculado ao Centro de Educação Superior do Oeste (Ceo), em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH), vinculado ao Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), e do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva (Profei), pertencente ao Centro de Educação à Distância (Cead).

No caso do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart), por exemplo, as reservas de vagas para ações afirmativas iniciaram em 2017 com o Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC), e expandiram-se para os demais cursos de pós-graduação a partir da aprovação de uma Política de Ações Afirmativas para a pós, aprovada em 2022. A política prevê a inclusão de pessoas negras, indígenas, com deficiência, quilombolas e trans, por meio de reserva de vagas previstas nos editais dos processos seletivos de seis programas de pós-graduação destinados à comunidade.

Segundo a diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da Udesc Ceart, Viviane Beineke, busca-se no momento implementar também outras políticas de permanência, além das reservas de vagas de bolsas e dos programas do Centro que auxiliam a participação de estudantes em congressos nacionais e internacionais: o Programa de Internacionalização e Ações Afirmativas da Pós-Graduação (PIAA-PG) e o Programa de Ações Afirmativas, Formação e Divulgação Científica na Pós-Graduação (PAAFI-PG).

Já no caso do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid), o primeiro edital do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) prevendo as ações afirmativas foi lançado neste ano. “O edital sinaliza que estamos de portas abertas. Mas os principais desafios são pensar em ações voltadas para a permanência dos estudantes que ingressam por ações afirmativas e garantir consolidação da política, que precisa ser da instituição, e não de um coordenador ou de determinados professores do programa de pós-graduação; e nas barreiras encontradas”, afirmou a diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da Udesc Cefid, Caroline Ruschel, durante o seminário.

Atualmente a Udesc conta com 35 programas de pós-graduação, que oferecem 58 cursos entre mestrado e doutorado. Segundo a coordenadora Geisa Bock, a realização do seminário é um marco significativo para a Udesc, pois é a primeira vez que a universidade concentra seus esforços para discutir e implementar ações afirmativas especificamente voltadas para a pós-graduação de toda a instituição.

Política de Ações Afirmativas e Diversidades
Está em tramitação na Udesc também a Política de Ações Afirmativas e Diversidades da instituição, que apresenta as diretrizes fundamentais para o desenvolvimento de iniciativas voltadas à inclusão e diversidade na Udesc, abrangendo estudantes de graduação, pós-graduação e servidores.

O trabalho foi conduzido pela Comissão de Ações Afirmativas da Udesc (CAAD/Udesc), que encaminhou nesta última terça-feira, 10, o documento para a reitoria da universidade. Os próximos passos envolvem a avaliação na reunião da Câmara de Ensino de Graduação (CEG) e do Conselho Universitário (Consuni). Saiba mais aqui.

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