Ações para salvar animal mobilizam equipes
- Fotos: Lamaq/Ufsc, Div. e Rolando Amboni
Pesquisadores do
Centro de Educação Superior da Região Sul (Ceres), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Laguna, atuam em parceria com diversas organizações para monitorar um boto-pescador localizado no Rio Tubarão, fora de seu ambiente natural.
O principal objetivo do monitoramento é garantir que o animal retorne pelas águas a Laguna, seu local de origem, sem sofrer danos - evitando, por exemplo, que ele fique preso em redes de pesca.
Além da Udesc, o monitoramento e o resgate do boto mobilizam representantes do Instituto do Meio Ambiente (IMA), da Polícia Militar Ambiental (PMA) e pescadores da região desde a semana passada.
Na Udesc Laguna, o esforço para salvar o animal tem participação do professor Pedro Castilho, que é coordenador do Laboratório de Zoologia (Labzoo), do centro de ensino, e também do Programa de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos - Trecho 1.
Primeiros registros
Segundo Castilho, imagens do boto no rio, próximo à ponte ferroviária, começaram a circular pela internet no dia 25 e, na última quarta-feira, 28, a presença do animal foi confirmada e registrada presencialmente por uma equipe da Udesc Laguna e da PMA na altura do KM 60.
Nos primeiros dias, as ações das equipes incluíram o monitoramento via informantes locais, seguidas de buscas pelo animal e a retirada de redes ao longo do rio, além do registro de imagens, inclusive com uso de drone.
As avistagens confirmaram tratar-se do boto conhecido como Caroba, que é identificado pelos pesquisadores com o código #15 e tem idade avançada e doenças na pele.
Tentativas de resgate
Na última quinta-feira, 29, equipes da Udesc e da PMA e pescadores de Laguna iniciaram o trabalho para tentar fazer com que o mamífero retornasse ao local de origem com "aproximações embarcadas e batidas na água", conforme explica Castilho.
Apesar das oito horas de esforço e da resposta positiva do animal em alguns momentos, as tentativas não deram resultado.
Na sexta-feira, 30, uma nova operação foi realizada, agora também com participação de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e o uso de três embarcações, entre outros equipamentos. O esforço passou a contar com o apoio do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (Lamaq), da Ufsc, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Novas operações
"A operação nesse dia incluiu o uso de uma linha, com boias e fieiras verticais e latas e garrafas presas, simulando um anteparo físico de margem à margem, que adicionalmente produzem sons subaquáticos, com o atrito de canos e peças metálicas. Duas embarcações fizeram movimentos assíncronos atrás dessa linha, gerando um estresse acústico, enquanto uma equipe em terra de ponto fixo monitorava e registrava os procedimentos", conta Castilho.
Foram realizadas três tentativas ao longo do dia, novamente sem sucesso. Em contato com diversos pesquisadores, as equipes optaram por evitar o contato físico com o animal, considerando a idade e a presença de patologia, e realizar uma eventual captura somente após descartar todas as alternativas.
No sábado, 1º, a equipe da Udesc Laguna retomou o monitoramento a partir de ponto fixo do comportamento do boto, com registro fotográfico, em vídeo e de sons.
Uma nova operação foi então planejada, com uso de uma rede "capaz de criar uma barreira física mais contundente que as linhas anteriores". "Optamos por uma rede de traineira de malha 5 com multifilamento, para evitar emalhe, e uso adicional de pingers (repelente acústico), cedidos pelo projeto Toninhas, da Univille", descreve Castilho.
A ação no domingo, 2, mobilizou representantes das diversas organizações participantes, mas novamente não deu o resultado planejado - o boto conseguiu romper a rede após duas tentativas, e as equipes decidiram suspender o esforço.
Monitoramento
Desde então, a Udesc Laguna e parceiros mantêm o monitoramento a partir de um ponto fixo, pela manhã, para "acompanhamento comportamental e do escore corporal".
"Ficou claro para nós que o animal não quer sair e provou estar disposto a continuar onde está. Nosso intuito é acompanhar a evolução do caso com o monitoramento sistemático por fotos, vídeos e sons. Essas informações serão analisadas para verificar possíveis alterações, como aumento ou aparecimento de novas lesões, perda de escore corporal, comportamento letárgico ou atípico, estresse aparente, todo um conjunto de aspectos. Chegamos à conclusão que atingimos o ápice do estresse no domingo e, portanto, não é saudável intensificar procedimentos dessa magnitude. De acordo com a resposta comportamental, forçar uma captura pode ter um final muito mais traumático do que aguardar os acontecimentos de forma vigilante", conclui Castilho.
O Labzoo, da Udesc Laguna, foi criado em 2011 com o intuito de "desenvolver pesquisas científicas, extensão universitária e montar uma coleção científica de referência para mamíferos marinhos".
Mais informações podem ser obtidas no
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