Notícia

Uma parceria entre instituições catarinenses, dentre elas a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), e da Guiné-Bissau tem realizado uma série de ações na área da educação no país africano.

A Udesc integra a parceria pelo Centro de Estudos Aplicados ao Desenvolvimento Regional (CDR), que tem ainda o Instituto Federal Catarinense (IFC), a Prefeitura de Florianópolis e instituições públicas guineenses.

A iniciativa é coordenada pelos professores Fábio Napoleão, do Centro de Educação a Distância (Cead), da Udesc,  Marcelo da Silva, do IFC-Camboriú, e Lucas dos Santos Ferreira, da Prefeitura de Florianópolis.

Ações

As atividades envolvem ações de educação escolar, formação profissional do professor, pedagogia, didática e reforma curricular, bem como criação de grupos de estudo dedicados à organização da cultura científica e produção livresca em diversas regiões do país.

Segundo os organizadores, "o êxito do trabalho técnico-científico-institucional realizado na Guiné-Bissau resultou na ampliação da parceria", incluindo a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, e o Ministério da Educação Nacional da Guiné-Bissau.

Segundo Fábio Napoleão, "a liderança exercida desde 2019 pelo professor Marcelo da Silva na condução in loco e a distância de ações de ensino, pesquisa e extensão, somado à criação do CDR da Udesc, em 2020, sedimentaram a excelência da parceria com os guineenses". Napoleão foi pró-reitor de Extensão, Cultura e Comunidade da Udesc na Gestão 2016-2020.

"As interações resultam em novos saberes e ganhos de cunho administrativo e acadêmico no trato da educação, que já se fazem refletir nas instituições superiores no Brasil e na Guiné-Bissau, vide a reforma curricular realizada no curso de Geografia da Escola Superior de Educação – Unidade Tchico Té, na Guiné-Bissau", destaca Napoleão.

Adesão

Segundo o docente, a parceria ganhou novo fôlego com o ingresso do professor Lucas dos Santos Ferreira, representando a rede municipal de ensino de Florianópolis. Lucas e Marcelo têm formação em graduação e pós-graduação na Udesc e, atualmente, são membros do CDR, desenvolvendo atividades nas áreas finalísticas do ensino superior.

Dentre elas, os dois docentes atuam no programa de extensão Educação, Democracia e Desenvolvimento, contemplado no Edital Paex-Proceu da Udesc em 2021.

"Relacionadas à área da educação, as ações do programa são planejadas e executadas sob a orientação da concepção dialógica e de educação problematizadora de Paulo Freire, em articulação com ideias e debates promovidos pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (Forproex) e originados em estudiosos progressistas, com destaque para Dermeval Saviani e sua pedagogia histórico-crítica, bem como Moacir Gadotti e Carlos Rodrigues Brandão, e a abordagem da educação popular e da escola cidadã, além de Milton Santos e a perspectiva da geografia cidadã consubstanciada aos ideais de Amílcar Cabral da pedagogia da revolução", afirma Napoleão.

Sobre o CDR da Udesc Cead

Criado pela Resolução nº 002/2020 do Conselho da Udesc Cead, o CDR "articula conhecimentos do campo da Geografia, Educação e Desenvolvimento, com a finalidade de buscar soluções para o desenvolvimento regional, através de equipe multidisciplinar e trabalho colaborativo em rede interinstitucional".

O centro de estudos visa "auxiliar no processo de detecção, potencialização e geração de vocações locais, construído por ações e planejamento estratégico rebelde à conjuntura de curto prazo e as flutuações e descontinuidades da práxis governamental. Através de frentes de trabalho nas áreas de ensino, pesquisa, e especialmente extensão, busca contribuir com a redução das desigualdades econômicas e sociais, intra e inter-regionais, por conseguinte em favor da criação de oportunidades de desenvolvimento que resultem em crescimento econômico, geração de renda, melhoria da qualidade de vida da população e sustentabilidade ambiental".

Ações em 2023

Em continuidade aos trabalhos da parceria, em 2023 está previsto o lançamento do livro sobre a Geografia da Guiné-Bissau, além da oferta de cursos, a realização de eventos interinstitucionais na área da Educação, a exemplo da 1ª Edição da Semana Amílcar Cabral – Libertar Pelo Conhecimento, promovida em 2021 pelo CDR, e visitas in loco no país africano.

Para Napoleão, "tem-se na parceria a oportunidade de aprender e contribuir com os guineenses, um povo que acredita no poder transformador da educação, como sempre afirma o professor Marcelo da Silva, que também desenvolve tese de doutorado sobre as marcas do colonialismo na educação guineense".

Sobre Guiné-Bissau

A Guiné-Bissau é um país na costa atlântica da África Ocidental, multiétnico e multilíngue, em que o português é a língua oficial. De clima tropical, conta com uma área total de 36.130 km² e uma linha costeira total de 350 km, com cerca de 100 ilhas, sendo um dos menores países da África em termos de área.

Apresenta fronteiras nacionais diretas com Guiné e Senegal. Guiné-Bissau se declarou independente de Portugal em 24 de setembro de 1973, tornando-se a primeira colônia lusa no continente africano a separar-se oficialmente da metrópole. A luta contra o colonialismo e pela independência ocorreu de forma organizada a partir da fundação do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, liderado por Amílcar Cabral, em 1956.

Com uma população de 2,2 milhões (2022), composta predominantemente por mulçumanos, sunitas, representando cerca de 45% da população, apresenta o PIB per capita e o IDH dentre os mais baixos do mundo, com a economia dependente da exportação de produtos primários.

"Verifica-se na Guiné-Bissau forte precariedade e desajuste no sistema educativo do país face às necessidades da população", afirmam os organizadores da parceria. Mais sobre o país africano podem ser obtidas no canal do YouTube – Geografia Irada, do professor Marcelo, na lista de reprodução – Segunda Bissau. 

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