A oitava edição de
Alguma coisa comentada, ação do programa de extensão "Sala de leitura | Sala de escuta", do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), propõe a conversa
Tempos Reversos: intervalos, sonoridades, escritas, com o artista visual Hélio Fervenza. O encontro ocorre nesta quarta-feira, 22 de novembro, às 19h, de modo on-line.
Hélio Fervenza articulará sua apresentação a partir de sua exposição individual “Tempos Reversos”, realizada na Galeria Mamute, em Porto Alegre, em 2018, e que era constituída por três blocos de trabalhos. Segundo Hélio, “o primeiro bloco foi um conjunto de pontuações, mais especificamente, colchetes, medindo 1,30m de altura, e recortados em acrílico preto, contendo datas históricas brasileiras incrustadas em acrílico transparente. Eles foram suspensos por meio de escápulas de fixação ao longo de todo o espaço da galeria, do hall de entrada no térreo até a última sala do primeiro andar, passando pelas escadas e corredores. Este conjunto de colchetes disseminados no espaço da galeria conectava ou articulava a integralidade das obras apresentadas.
O segundo bloco situava-se na sala do meio, e era ocupado pela instalação intitulada ‘relógios: dias de areia: segundos de chuva:’. Essa instalação era composta por um vídeo que mostra algumas mãos segurando areia, fazendo-a deslizar e transferindo-a para outras mãos, mudando de posição ao longo desse processo (como uma espécie de relógio de areia, uma ampulheta). Além disso, é integrada também por quatro instrumentos (paus-de-chuva) em acrílico preto com sinais de pontuação em branco, possuindo diferentes alturas (1m, 1,20m, 1,40m e 1,60m), e por pontuações em vinil cinza claro adesivadas na arquitetura da sala.
Os sons dos paus-de-chuva constituem um tipo de trilha sonora que dialoga com o vídeo na instalação e são produzidos pelos visitantes que manipulavam eles mesmos esses instrumentos. Ao manipularmos o instrumento, ocorre a lenta transferência das minúsculas esferas situadas no seu interior, de uma extremidade à outra, em uma alternância de movimento e de posição similar à transferência da areia de uma parte do recipiente para o outro em uma ampulheta.
O terceiro bloco situava-se na última sala, e era constituído por um conjunto de trabalhos impressos com carimbos e tinta de gravura na cor cinza-azulada sobre papel de arroz, com molduras de madeira na cor cinza-azulada. As impressões nos trabalhos eram de pontuações, tais como vírgulas e dois pontos, bem como de algumas palavras e frases. Foram feitas alterações na posição das pontuações e letras, invertendo e mudando suas posições, de maneira a produzir erros propositais em sua escrita, e a perturbar sua leitura e seu reconhecimento. O uso das pontuações aqui repercutia o uso das pontuações colocadas diretamente nas paredes da galeria.”
Para o artista, ‘Tempos Reversos’ foi uma exposição que se tornou obra. "Ela tornou-se obra numa composição de diferentes obras. Havia uma ênfase nas relações como ativadoras de sentidos e nas articulações estabelecidas com os diversos elementos entre si, com o espaço expositivo e com o visitante", complementa.
Sobre o convidado
Hélio Fervenz a é artista visual, vive e trabalha em Porto Alegre (RS). Realizou doutorado em Artes Plásticas na
Université de Paris I Panthéon - Sorbonne (1995). É professor no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e no Programa de Mestrado em Arte e Cultura Visual da Universidade da República do Uruguai.
Foi pesquisador do CNPq entre 1996 e 2022. Sua produção textual integra publicações nacionais e internacionais. Apresenta sua produção artística em exposições individuais e coletivas em diversos países desde o início dos anos 80 , entre elas: Bienal de Veneza (Itália), Bienal de São Paulo (sala retrospectiva 1990-2012), Bienal de Yakutsk – BY14 (Rússia), Bienal do Mercosul (Porto Alegre), Weserburg –
Museum of Modern Art de Bremen (Alemanha), Museu da Gravura (Curitiba),
Spinnerei – Leipzig (Alemanha), Museu Victor Meirelles (Florianópolis), Pinacoteca de São Paulo (São Paulo), Bienal de Amsterdã (Holanda), Université de Paris I (França), Instituto Itaú Cultural (São Paulo, Belo Horizonte, Brasília), Centro Cultural del Ministerio de Educación y Cultura (Uruguai), Funarte (Rio de Janeiro), MARGS (Porto Alegre), Fundación Danae (França, Espanha),
Musée des Beaux-Arts de Verviers (Bélgica), Centro Cultural Recoleta (Argentina), Museu de Arte Contemporânea – USP (São Paulo), Centro de Extension PUC (Chile), Sociedade Nacional de Belas Artes (Portugal), Paço das Artes (São Paulo), Galeria Sztuki BWA (Polônia), Grand Palais (França).
Sobre o projeto
O evento
Alguma coisa comentada consiste em sessões com conversas públicas entre artistas, docentes e pesquisadores presencialmente e/ou on-line. Propõe agenciar intercâmbios e interlocuções com investigações em torno de publicações de artista, projetos/processos sonoros, escritas de artista e suas articulações com diferentes contextos.
O programa de extensão
Sala de leitura | Sala de escuta é coordenado por Raquel Stolf no Departamento de Artes Visuais da Udesc Ceart e a coordenação do evento
Alguma coisa comentada conta com a colaboração de Aline Dias (UFES, pós-doutoranda no PPGAV/Udesc) e de Claudia Zimmer (IFC), além de uma equipe de colaboradores que desenvolvem pesquisas no DAV e PPGAV da Udesc, e integrantes do grupo de pesquisa Proposições artísticas contemporâneas e seus processos experimentais (Udesc/ CNPq).
Serviço
O quê: Alguma coisa comentada – "Tempos Reversos: intervalos, sonoridades, escritas" – Conversa com Hélio Fervenza.
Quando: 22 de novembro, às 19h.
Onde: Plataforma zoom, através do
link online (ID da reunião: 869 6929 4071 | Senha de acesso: 881366).
Quanto: Gratuito e aberto ao público, sem necessidade de inscrição prévia.
Mais informações: saladeleiturasaladeescuta@gmail.com
Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
E-mail: comunicacao.ceart@udesc.br
Telefone: +55 (48) 3664-8350
