Pré-projetos foram feitos na disciplina Alimentação,
Agricultura e Sociedade - Foto: Cepagro/Div.
Produção sustentável de mel de abelhas sem ferrão. Agricultura em ambientes urbanos. Cultivo comunitário de cannabis medicinal. Hortas verticais hidropônicas. Telhados e fachadas verdes. Esses foram alguns dos temas abordados no primeiro semestre deste ano por estudantes do
Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia (Bict), ofertado pelo Centro de Educação a Distância (Cead), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Os estudos foram desenvolvidos como pré-projetos na disciplina de Alimentação, Agricultura e Sociedade, ministrada pelo professor
Renato de Mello para a turma do curso com ênfase em Gestão Ambiental e Sustentabilidade.
Ao todo, 12 trabalhos foram produzidos por estudantes da terceira fase (veja lista abaixo), vinculados ao polo de apoio presencial de Florianópolis (o curso tem seis semestres de duração).
Qualidade e atualidade
Mello destaca que os trabalhos são anteprojetos, mas que lhe chamaram a atenção, além da qualidade da produção acadêmica, a atualidade dos temas abordados e a preocupação social das propostas.
"Muitos abordaram questões que vivenciam em suas comunidades, buscando soluções para problemas que enfrentam", afirma.
A maior parte dos anteprojetos são voltados à agricultura urbana como forma de viabilizar maior acesso a alimentos frescos e saudáveis nas cidades, abordando soluções como hortas verticais, comunitárias e mini-hortas, além de telhados e fachadas verdes.
Agricultura vertical
Um dos trabalhos teve como objetivo propor um modelo de agricultura vertical eficiente para a produção sustentável de alimentos em Florianópolis.
O estudo recomenda o sistema hidro-aeropônico híbrido em estufas verticais automatizadas, sugerindo benefícios sociais, ecológicos e econômicos.
Outra estudante propõe a criação de hortas verticais hidropônicas, baseadas no chamado “Sisteminha da Embrapa”, para residências da Capital.
Conforme o trabalho, o sistema compacto e de baixo custo permite a produção de hortaliças em casa, promovendo a autonomia alimentar e combatendo a insegurança alimentar.
Hortas circulares
Uma das propostas foi idealizada buscando a parceria do movimento Revolução dos Baldinhos, que opera com um modelo de coleta e compostagem de resíduos orgânicos na comunidade Chico Mendes, em Florianópolis, há 16 anos.
O anteprojeto sugere replicar hortas no formato Buraco de Fechadura, que têm formato circular e podem suprir as necessidades de até dez pessoas, na região atendida pelo movimento.
Um dos estudantes analisou a viabilidade de telhados e fachadas verdes como estratégia sustentável para o desenvolvimento urbano, apontando potenciais impactos positivos na segurança alimentar, na economia local e na qualidade de vida da população.
Abelhas sem ferrão
Um anteprojeto aborda a criação de um modelo replicável e sustentável de meliponicultura, que envolve a produção de mel (e produtos apícolas) por abelhas sem ferrão.
O estudo avalia a viabilidade de implementar a prática de forma sustentável, sugerindo benefícios, como a conservação de abelhas nativas e da biodiversidade e a oferta de uma alternativa econômica viável às comunidades rurais.
Cannabis medicinal
O cultivo da cannabis medicinal foi abordado em dois trabalhos. Um dos anteprojetos teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica, econômica e social do cultivo em hortas comunitárias.
O estudo mapeia potenciais benefícios sociais, econômicos e terapêuticos, assim como desafios a serem gerenciados, como regulamentação adequada, educação da comunidade e práticas sustentáveis.
Já o outro anteprojeto busca resolver a dificuldade de acesso a medicamentos de cannabis por famílias de baixa renda, propondo um modelo sustentável e replicável de clubes de cannabis medicinal em áreas periurbanas de Florianópolis.
Outros municípios
Apesar do polo de apoio presencial ser na Capital, dois trabalhos são voltados a outros municípios. Um analisa a viabilidade da agricultura urbana da mandioca em Garopaba, considerando aspectos socioeconômicos, ambientais e culturais; e o outro propõe medidas para desenvolver um modelo de compostagem pública em Joinville.
Por fim, uma estudante propõe mapear tecnologias agrícolas sustentáveis do Sul do País a partir dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) de instituições de ciência e tecnologia (ICTs), criando um portfólio da área.
A ementa da disciplina inclui: impacto social e ambiental da produção de alimentos no Brasil e em outros países desenvolvidos e em desenvolvimento; agroecossistemas nas perspectivas biológicas, econômicas e sociais; impactos das tecnologias agrícolas tradicionais, convencionais e alternativas; biodiversidade e serviços ecossistêmicos na agricultura, culturas transgênicas, biocombustíveis, agricultura urbana e desenvolvimento sustentável; processos biológicos, ambientais e sociais que influenciam os sistemas agrícolas.
Trabalhos apresentados no primeiro semestre:
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Abelhando - Criar para conservar. Produção sustentável de mel de abelhas sem ferrão.
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Agricultura vertical em ambientes urbanos.
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Agroecologia e mudanças climáticas em comunidades de Florianópolis.
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Agricultura urbana, popular e social.
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Desenvolvimento de um modelo de compostagem pública na cidade de Joinville.
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Estudo de viabilidade da agricultura urbana da mandioca em Garopaba.
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Estudo de Viabilidade de Cultivo de Cannabis em Hortas Comunitárias.
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Horta Vertical Hidropônica Baseado no “Sisteminha da Embrapa” para Residências na Periferia de Florianópolis.
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Integração de Telhados e Fachadas Verdes na Mata Atlântica. Uma Estratégia de Sustentabilidade e Segurança Alimentar para o Desenvolvimento Urbano.
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Mapeamento de Tecnologias na Agricultura e na Agronomia a partir dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) no Sul do Brasil.
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Verde Viva. Cultivo comunitário de cannabis medicinal.
Sobre o professor
Renato de Mello tem graduação em Engenharia Civil, mestrado em Engenharia de Produção e doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental, com pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc).
É docente do
Departamento de Educação Científica e Tecnológica (Dect) da Udesc Cead e do Programa do Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais da Udesc Lages. Também atua em pesquisas pela Udesc Planalto Norte e já lecionou na Udesc Esag.
Tem experiência na área de gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação, e atua principalmente nos seguintes temas: lógica fuzzy; simulação; programação dinâmica; apoio à decisão; planejamento, gestão e avaliação ambiental; gestão de riscos ambientais; observatórios tecnológicos.
Sobre o curso
O Bict visa formar bacharéis numa perspectiva geral e interdisciplinar no âmbito das ciências básicas, sociais e aplicadas, e voltada a compreensão da ciência e tecnologia como construção humana, suscetível às transformações da sociedade, comprometidos com a inovação científica e tecnológica, com a responsabilidade social e ambiental, com atuação investigativa na identificação e resolução de problemas a fim de contribuir com o desenvolvimento social, econômico, educacional, científico e tecnológico.
Assessoria de Comunicação da Udesc Cead
Jornalista Gustavo Cabral Vaz
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Telefones: (48) 3664-8454