Ex-ministro e professor Cristovam Buarque abriu o seminário
em Santa Catarina. Foto: Heloíse Guesser/Secom Udesc
Florianópolis sediou nesta quarta-feira, 12, o primeiro seminário do ciclo nacional “
Autonomia Universitária: fator de desenvolvimento do país”, organizado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). O evento reuniu reitores, professores, gestores, representantes do poder público e membros da comunidade para debater o tema no
Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, da
Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
Durante a manhã, a mesa de abertura composta pelo reitor da Udesc, José Fernando Fragalli, o reitor da
Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), Irineu Manoel de Souza, o ex-ministro da Educação e ex-reitor da
Universidade de Brasília (UnB), Cristovam Buarque, e a deputada estadual e presidenta da Comissão de Educação e Cultura, Luciane Carminatti, destacou a relevância do debate para a sociedade e o desenvolvimento das universidades públicas.
Em sua fala, Fragalli pontuou que o debate não tem com o objetivo estabelecer a soberania da universidade frente a outras instituições, mas sua autonomia. “Só com autonomia poderemos exercer a liberdade de cátedra”, afirmou. O reitor da Ufsc, Irineu Manoel de Souza, reforçou a abordagem e se mostrou otimista com os resultados do seminário. “Temos certeza de que, daqui, sairemos com diretrizes para nossas universidades brasileiras”.
A reunião na capital catarinense foi a primeira de um ciclo de seminários realizados no país. A proposta é realizar um encontro por região, sendo o próximo em 28 de agosto, na Universidade de São Paulo (USP).
Autonomia sob diferentes perspectivas
Após a mesa de abertura, o seminário seguiu durante a manhã com cinco painéis que abordaram a autonomia universitária a partir de diferentes perspectivas. O primeiro a fazer a exposição foi o ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque. Com o tema “Autonomias necessárias e inconvenientes”, o palestrante ressaltou a necessidade de a universidade reforçar seu compromisso com a sociedade e os rumos da civilização.
“Eu estou muito contente com esse encontro pelo tema e pelos tipos de fala que eu vi, em que se colocou a necessidade absoluta da autonomia, mas, ao mesmo tempo, a necessidade de responsabilidade no uso da autonomia, não só do ponto de vista de recursos, mas do conceito de universidade para o presente”, comenta.
Na sequência, o professor da
Universidade de São Paulo (Usp) Guilherme Ary Plonski discutiu como o assunto vem sendo pautado por universidades paulistas e quais os avanços que a autonomia, especialmente a financeira, tem proporcionado às instituições no estado.
“Nos aproximadamente 30 anos em São Paulo, o número de professores dobrou, o número de pós-graduandos multiplicou por quatro, a classificação das universidades subiu. Evidentemente que cada região, cada universidade, vai fazer aquilo que é possível, mas a gente queria pelo menos contar que, na nossa experiência, isso [autonomia] é essencial”, salienta Plonski.
Os dois painéis seguintes exploraram a autonomia sob a ótica das universidades catarinenses. O reitor da Ufsc , Irineu Manoel de Souza, listou entraves para que as instituições sejam plenamente autônomas, enquanto o ex-pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Udesc, Adil Vaz, explanou a trajetória da Udesc em relação à questão.
Logo em seguida, a vice-reitora da Udesc, Clerilei Bier, apresentou a fala “Autonomia Universitária: quimera ou concretude?”. A professora e gestora abordou as possibilidades legais para o exercício da autonomia pelas instituições.
A manhã foi encerrada com espaço para perguntas e discussões entre os convidados do seminário. Além dos debates, os painéis deram origem a relatos produzidos pelos professores Maria do Carmo Sobral (Ufpe), Anelise Zimmermann (Udesc), Bernardo Meyer (Ufsc), Sonia Pereira Laus (Udesc) e Amanda Marina Lima (Udesc). O conteúdo elaborado pelos relatores serviu de base, à tarde, para a construção de um documento único sobre o tema.
Documento reúne debates sobre o tema
No período da tarde, o seminário foi reaberto com falas dos relatores dos painelistas. Entre os discursos, a professora da
Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), que fez o relato relativo à fala do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque, Maria do Carmo Sobral, reforçou a necessidade de repensar o conceito e as funções das universidades públicas no Brasil .
“A universidade pode trazer a questão do humanismo e trazer sentimento dentro da formação. Temos que substituir essa lógica, precisamos sair do Prod uto Interno Bruto, para dizer que o país é rico, e criar outros conceitos. E a universidade pode criar, dentro da visão de bem-estar", discursou a professora.
Após defenderem suas ideias, os relatores realizaram uma reunião particular para a elaboração conjunta de um documento, contendo os pontos comuns entre as fala dos painelistas, para ser apresentado ao público e, posteriormente, enviado às esferas Executiva e Legislativa.
Durante a reunião dos relatores, o seminário teve continuidade com uma mesa redonda, comandada pelo professor da USP Arlindo Philippi Júnior e que contou com a participação do deputado estadual Marquito (Psol) .
O deputado defendeu a necessidade da autonomia para que as universidades, como a Udesc, tenham liberdade para exercer sua gestão no âmbito estadual. “Com autonomia financeira, política e filosófica, as universidades que estão lá na ponta, nas diferentes regiões do estado, cumprirão suas atividades com muito mais qualidade", argumentou.
Ao final da mesa, foi realizado o lançamento do livro “Autonomia Universitária: fundamentos e realidade”, organizado pelos professores da Udesc Rogério Braz da Silva, Peter Johann Bürger e Sandra Ramalho e Oliveira.
Por fim, às 16h, os relatores retornaram ao Plenarinho da Alesc para apresentar o documento final do seminário. A leitura do relatório foi feita pela professora da Udesc Amanda Marina Lima Batista, relatora da vice-reitora Clerilei Bier.
Um dos idealizadores do ciclo de seminários, Philippi Júnior explica que cada encontro terá um arquivo condensando os debates. “No final de tudo isso, a ideia é reunir todas as proposições e elaborar um documento final que possa ser encaminhado, a partir daquilo que cada região fez, aos Estados daquela região e, com a somatória de todos, ao governo federal”, afirma.
Para o professor, o relatório servirá como diretriz para a definição d as responsabilidades e compromissos das universidades e do governo em relação à autonomia . “O documento contempla a preocupação federal em trazer maior autonomia para que as universidades possam conduzir o seu próprio destino ”, completa.
O vídeo completo com a transmissão do evento está disponível no
YouTube da Alesc:
Para saber mais sobre o seminário, acesse o site
udesc.br/autonomia.
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