Um
trabalho de estudantes do curso Zootecnia do
Centro de Educação Superior do Oeste (CEO), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), aponta a compostagem como alternativa para tratamento de dejetos e garante que o material obtido poderá ser utilizado na produção de fertilizantes de qualidade, com elevada concentração de nutrientes sem poluição, para a adubação de lavouras, pomares, hortaliças e jardins.
De acordo com a pesquisa, 60% da composição dos resíduos no Brasil é matéria orgânica com potencial para compostagem, mas os principais destinos desse material ainda são lixões e aterros sanitários, onde é depositado sem prévio tratamento.
O estudo foi elaborado pelas acadêmicas Andressa Paula Frandoloso, Alessandra Arno, Bianca Francisco, Gabriela Miotto Galli e pelo aluno Thiago Luiz Mattiello, após a conclusão da disciplina de Manejo de Resíduos e Dejetos, ministrada pelo professor Diogo Luiz de Alcântara Lopes.
Segundo o docente, a compostagem é pouca utilizada em municípios do Oeste de SC devido à ausência de mão de obra especializada. Ele lembra que a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Concórdia tem procurado incentivar agricultores a adotarem o sistema, com algum êxito. "Falta investimento", observa.
Benefícios
Conforme o trabalho dos estudantes da Udesc Oeste, o tratamento e a disposição adequada dos resíduos são capazes de disponibilizar nutrientes no solo sem prejudicar o ambiente.
A compostagem é uma das alternativas de manipulação, transformação e reaproveitamento dos resíduos orgânicos agrícolas, industriais e urbanos, como um processo biológico aeróbico e controlado, que acelera a transformação de resíduos orgânicos em húmus estabilizado e pode ser conduzida em instalações de pequeno, médio e grande porte.
De acordo com a pesquisa, os materiais normalmente utilizados na compostagem são divididos em ricos em carbono, compostos por folhas e galhos das árvores, palhas, fenos e pepel, e materiais ricos em nitrogênio, formados por dejetos de animais, solo e restos de vegetais hortícolas.
Os acadêmicos afirmam que os materiais utilizados na compostagem não devem conter substâncias que prejudiquem o processo, como pilhas, vidros, plásticos, metais, pedras, ossos inteiros, produtos com agrotóxicos e inseticidas.
A forma e o tamanho das leiras (sulcos) influenciam na velocidade da compostagem e dependem da área disponível para o preparo. O tamanho das partículas de material utilizado deve ser reduzido para facilitar o trabalho dos micro-organismos, e as leiras não podem ficar expostas ao sol.
Temperatura
O estudo da Udesc Oeste afirma que a temperatura durante a compostagem é importante na manutenção da sobrevivência dos micro-organismos decompositores e que ela não deverá ultrapassar 60°C; no entanto, precisa ser reduzida gradativamente com o passar do tempo. Para verificá-la, além do uso do termômetro, é recomendável a utilização de uma barra de ferro, que deverá ser introduzida na pilha de compostagem.
Se a temperatura ficar próxima do limite máximo, é preciso revolver as leiras para possibilitar a liberação do calor e a homogeneização do material, e a umidade tem de ser monitorada para possibilitar a aceleração da formação do húmus. Após cerca de 120 dias, o material estará com a cor escura, cheiro de terra, temperatura baixa e pronto para ser aplicado.
Se o manejo for realizado de forma adequada, a compostagem produzirá fertilizantes de qualidade, com elevada concentração de nutrientes e ausência de poluentes, que poderão ser utilizados na adubação de lavouras, pomares, hortaliças e jardins e "proporcionarão efeitos positivos no crescimento e na composição vegetal e melhoras na fertilidade biológica do solo".
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Assessoria de Comunicação da Udesc
Jornalista Valmor Pizzetti
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