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Notícia

15/08/2014-18h33

Incubadora criada a partir de projeto da Udesc Planalto Norte está entre 300 melhores do mundo

Itfetep funciona ao lado da universidade estadual, no Bairro Centenário - Fotos: Rodrigo Schmitt

A Incubadora Tecnológica de São Bento do Sul (Itfetep) é uma das 300 melhores incubadoras associadas a universidades no ranking global de 2014 da instituição sueca de pesquisa UBI Index, que é considerada a principal referência mundial na análise de desempenho de incubação. A lista foi divulgada em julho.

Ligada à Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) no ranking, a incubadora de São Bento do Sul foi analisada em mais de 60 indicadores de desempenho, divididos em três critérios: valor para o ecossistema de negócios, valor para os clientes e atratividade do programa de incubação. 

"Quase 800 incubadoras universitárias de todo o mundo foram analisadas e nós selecionamos cerca de 300, de 67 países, como participantes finais", diz o diretor-executivo da UBI Index, Ali Amin.

A edição de 2013 do catálogo, por sua vez, tinha escolhido 150 incubadoras universitárias de 22 países. "Estamos muito orgulhosos de termos conseguido atrair tantos programas de incubação excelentes neste ano", enfatiza Amin.

Dissertação foi ponto de partida

A criação da Itfetep na década passada teve, como ponto inicial, a dissertação "Concepção e desafios na implantação de incubadora de conhecimentos de base limpa: caso cidade São Bento do Sul", escrita de 2005 a 2007 pelo professor Carlos Roberto Werlich, do Centro de Educação do Planalto Norte (Ceplan), mantido pela Udesc no município.

O trabalho do docente foi desenvolvido no Mestrado Acadêmico em Administração do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag), também da Udesc, em Florianópolis.

"Com meu projeto, consegui a aprovação para implantar uma incubadora de conhecimento com viés de sustentabilidade ambiental e futuro embrião de um parque tecnológico em São Bento do Sul", conta o professor.

"A partir de 2005, resolvi reunir na região, pela primeira vez, 12 entidades, algumas das quais histórica e politicamente antagônicas, que foram sensibilizadas desde os encontros iniciais para as vantagens de envolverem-se e trabalharem em conjunto e de aproveitarem a oportunidade, única, de mudar o paradigma socioeconômico regional", destaca Werlich. 

Entidades parceiras 

A coordenação dos trabalhos teve colaboração, por exemplo, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Bento do Sul, que, no seu planejamento estratégico, já previa a implementação de mecanismos para modificar a situação econômica do município, sendo uma delas a instalação de incubadora com uma universidade da região.

O secretário na época, professor Roberto Corrêa da Silva, diz que entrou em contato com o docente Carlos Werlich para verificar a possibilidade dessa parceria entre a prefeitura e a Udesc e propôs uma contrapartida econômica da Prefeitura de São Bento do Sul para viabilizar o projeto. 

"Obtido esse aceite, o professor Carlos conseguiu a autorização para desenvolver a pesquisa regional sobre o projeto de uma incubadora de conhecimentos por meio de uma parceria púbico-privada, passando a contar com o apoio da secretaria em procedimentos técnicos, burocráticos e na oficialização", lembra Silva, que atualmente trabalha como economista na prefeitura. 

Outro apoio importante veio da classe empresarial, que também apoiou a criação da Itfetep para diversificar o perfil econômico da cidade, historicamente ligada ao setor moveleiro, fortemente exportadora e, por isso, afetada por crises cambiais a partir dos anos 90.

Segundo o atual presidente da Associação Comercial e Industrial de São Bento do Sul (Acisbs), Osmar Mühlbauer, que já ocupou o cargo de 2004 a 2006, os empresários buscaram referências em municípios como Maringá (PR), que conseguiu reverter uma crise semelhante.

"Uma consultoria apontou três diretrizes básicas para o desenvolvimento de São Bento do Sul, entre elas investimentos em inovação tecnológica por meio de incubação. Assim, visitamos os modelos de Florianópolis, Blumenau e Campinas", recorda. 

Para abrigar a incubadora no município, Mühlbauer ressalta que as entidades envolvidas aproveitaram a estrutura jurídica da Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa (Fetep), que foi criada nos anos 70, com base no Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de São Bento do Sul, durante a gestão do prefeito Osvaldo Zipperer, e formada por setores da academia, do poder público e do setor privado.

Além de Udesc, Acisbs, prefeitura e fundação, a implantação da incubadora foi apoiada por: Associação Regional da Empresa Moveleira (Arpem); Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul (Sindusmobil); Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc); unidades locais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); universidades da Região de Joinville (Univille) e do Contestado (UnC).

Perfil da incubadora

Inaugurada em novembro de 2005, a Itfetep começou a receber empresas já no ano seguinte, inicialmente em salas da Acisbs – a atual sede da incubadora foi inaugurada em março de 2012, em terreno doado pela Udesc Planalto Norte.

"A criação dela diferencia-se por estar pautada em estudo de base científica, apoiar ações e tecnologias limpas, ter conselho gestor rotativo a cada dois anos, com membros de academia, poder público e setor privado, e ser implantada no menor prazo conhecido, de um ano, período no qual foram incubadas três empresas", diz o docente Carlos Werlich.

Na Itfetep, podem ser incubados negócios que busquem gerar, adaptar ou aplicar conhecimentos científicos e técnicos para os setores econômicos do Planalto Norte com produtos e/ou serviços em áreas como automação industrial, informática, design, gestão e logística.

De 2007 até 2014, 22 empresas já passaram ou ainda estão na incubadora: os números atualizados mostram que há sete residentes, seis a distância (duas do município vizinho de Rio Negrinho), oito graduadas e uma pré-incubada.

A maioria dos empreendimentos é de tecnologia da informação, com foco em serviços. Também há negócios nas áreas mecânica, eletrotécnica, elétrica, moveleira e de reciclagem de lâmpadas.

Investimentos já dão retorno

As primeiras empresas abrigadas pela Itfetep se graduaram em 2010 e todas que já saíram da incubadora, após permanência de três anos em média, continuam ativas no mercado, o que representa 100% de sobrevivência.

Dos 22 empreendimentos já envolvidos, 12 informaram o faturamento que tiveram nos dois últimos anos: R$ 7.386.155,99 em 2012 e R$ 8.538.958,28 em 2013 (aumento de 16%).

Segundo a supervisora-administrativa da Itfetep, Ana Cláudia Rimizowski, R$ 2,5 milhões do total de 2013 foram obtidos por quatro empresas graduadas que repassaram as estatísticas. O restante do valor veio de empreendimentos residentes e a distância. 

Uma dessas graduadas, de tecnologia de informação, tem sede própria, emprega 30 pessoas e oferece serviços para clientes como Volvo e Boticário. "Em 2013, só a arrecadação do Imposto Sobre Serviços pela Prefeitura de São Bento do Sul já chegou a R$ 103 mil", acrescenta Ana.

De acordo com o ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Roberto Silva, a prefeitura investiu R$ 1.168.829,98 na incubadora entre 2006 e 2013, aplicando os recursos em materiais, recursos humanos e na construção da atual sede da Itfetep, também financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

"Hoje o investimento da prefeitura tem conseguido retorno com a arrecadação das empresas graduadas e a distância", afirma.

O presidente da Acisbs, Osmar Mühlbauer, tem a mesma opinião: "O que foi gerado pelas empresas já suplantou os investimentos feitos. A incubadora já trouxe frutos, difundindo inúmeras ideias de inovação na comunidade, e certamente ampliará isso. A incubadora era um sonho e um desafio há dez anos. Ela deu certo graças à articulação entre setor privado, academia e poder público. Hoje todos estão satisfeitos com os resultados".

O professor Werlich frisa também a importância da média salarial dos empreendimentos da Itfetep, em torno de R$ 2,5 mil, para a economia local. "A incubadora ajudou a mudar o perfil socioeconômico do Planalto Norte", comemora.

Estrutura e vantagens

A estrutura da Itfetep conta com dois funcionários e nove salas para empresas residentes, estando quase todas ocupadas, e uma para pré-incubada. Atualmente, cerca de 140 pessoas trabalham nos empreendimentos incubados, que recebem apoio físico e administrativo por dois anos, período que pode ser prorrogado por até mais dois.

A supervisora-administrativa Ana Cláudia Rimizowski salienta que há dois tipos de edital para ingresso de empresas na incubadora: contínuo e específico – nesse caso, quando são oferecidas três vagas pelo menos.

"O ano com mais procura foi 2013, quando 15 propostas foram apresentadas e quatro aprovadas. Já fomos contatados inclusive por uma empresa do Rio Grande do Sul", diz.

Até a próxima quarta-feira, 20, a incubadora aceitará inscrições para um novo edital, com 24 vagas, sendo quatro para empresas residentes, dez para pré-incubadas e dez para a modalidade a distância. As inscrições devem ser feitas no site oficial.

A presidente do Conselho Deliberativo da Fetep, Rosa Rodrigues Del Olmo, que é economista na Prefeitura de São Bento do Sul, destaca que as empresas não pagam as despesas pelo primeiro ano de incubação e recebem orientação em diversas áreas, como planejamento, gestão de projetos e de pessoas, finanças, marketing e vendas.

Rosa enfatiza que as empresas graduadas continuam frequentando a estrutura após o término da incubação para participar de novas capacitações. "Elas conseguem usufruir da capacidade e são muito assíduas", comenta.

Entre os outros benefícios oferecidos, estão o uso de laboratórios nas entidades parceiras da Itfetep, acesso facilitado a informações tecnológicas e de inovações empresariais e auxílio na divulgação de produtos e serviços das empresas incubadas através de entidades parceiras.

A Itfetep também promove eventos como o Café de Negócios, no qual as empresas incubadas interagem e trocam ideias com empreendimentos consolidados do Planalto Norte. A última edição ocorreu nesta sexta-feira, 15, no Hotel Stelter, em São Bento do Sul.

Outro evento importante é o Encontro de Negócios, Inovação e Tecnologia (Enit), que foi realizado pela primeira vez no município há dois anos, com palestras e oficinas sobre empreendedorismo, tecnologia e inovação na região. Uma nova edição será promovida em novembro.

Negócios inovadores 

"Aprendemos muita coisa com os cursos, os seminários, as palestras e principalmente com as consultorias oferecidas pela Itfetep", elogia um dos sócios de uma das empresas incubadas, a UKTech, Carlos Alberto Cipriano Korovsky, natural de São Bento do Sul.

A empresa dele, incubada desde janeiro de 2013, trabalha com consultoria e assessoria em tecnologia da informação para pequenos e médios negócios do Planalto Norte. Entre os serviços oferecidos, estão projetos de infraestrutura de rede e instalação e monitoração de servidores de rede.

Korovsky salienta que a UKTech é a única com esse perfil na região, pois se foca em soluções em médio e longo prazos. "As empresas estão muito focadas na parte produtiva e se esquecem da parte administrativa e de tecnologia da informação. Buscamos oferecer condições para esses setores acompanharem o crescimento das empresas", explica.

O diretor da Solidtec – Tecnologia em Projetos, Ivan Gomes, destaca os impactos da Itfetep em São Bento do Sul.

"A incubadora tem dado bons resultados para o município. O primeiro ano dentro dela é fundamental para as empresas, pois ajuda no acesso aos clientes e possibilita a troca de experiências com outras empresas. Às vezes, você consegue negócios dentro da própria incubadora", conta.

Desde 2012 na Itfetep, a Solidtec agora está em fase de transição. Na incubadora, permanecem ainda os setores administrativo e de desenvolvimento, enquanto a área de montagem já foi transferida para um espaço alugado na cidade.

A empresa, que desenvolve projetos especiais para demandas específicas dos setores têxtil, metal-mecânico, moveleiro e de automação, tem seis funcionários e cerca de 50 terceirizados, entre os quais diversos profissionais formados pela Udesc Planalto Norte.

Com 30% dos clientes em São Bento do Sul e o restante em municípios como Curitiba e Caçador, ela pretende faturar 30% a mais em 2014 e repetir o desempenho obtido nos dois anos anteriores.

Liderança e qualificação

O presidente do Conselho Curador da Fetep, Adelino Denk, que comandou a Acisbs de 2010 a 2012, diz que a fundação passou a liderar um processo de incubadoras no Planalto Norte, tendo apoiado a criação de unidades em Rio Negrinho e Mafra e prestado orientação informal em Campo Alegre.

"Somos a segunda incubadora mais estratégica em termos de gestão no Estado", ressalta. "Além disso, vamos levar metodologia de seleção, orientação e acompanhamento para o condomínio empresarial da prefeitura, que está sendo reestruturado."

Denk salienta que, desde 2013, a Itfetep está qualificada pela plataforma do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne), desenvolvida pela Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) em parceria com o Sebrae.

A plataforma busca promover a melhoria expressiva nos resultados das incubadoras de diferentes setores de atuação por meio de boas práticas em diversos processos-chave, associados a níveis de maturidade. Assim, amplia-se a capacidade em gerar empreendimentos inovadores bem sucedidos.


Parque tecnológico

A Itfetep está entrando agora na segunda fase da sua atuação, o parque tecnológico da cidade, que funcionará em um local de 300 mil metros quadrados no Bairro Centenário, onde já estão a própria incubadora, Udesc, Senai, Univille, Sociedade Educacional de São Bento de Sul (Sociesbs), Instituto Federal Catarinense (IFC) e Escola Técnica Tupy (Unisociesc).

A área, que será fechada, também terá o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e o Centro de Inovação de São Bento do Sul, ambos já em construção.

Selecionado para ser uma das 12 unidades do Programa Catarinense de Inovação (PCI), o centro recebeu recursos estaduais de R$ 5.264.281,13 para erguer um edifício de 2,2 mil metros quadrados, que terá auditório e 15 salas para empresas, integrará diversas organizações educacionais e contará com a participação da comunidade.

Depois que as obras forem concluídas – o término está previsto para 2016, um público em torno de 4 mil pessoas circulará diariamente pelo parque, que será gerido pela Fetep. Segundo Denk, a fundação está preparada para assumir a responsabilidade. "Temos estrutura e o planejamento estratégico está organizado para o desenvolvimento das ações com o apoio das entidades."

A Fetep e a Itfetep também estão se consolidando institucionalmente. Em 2013, os regimentos de ambas foram aprovados e o estatuto da fundação foi revisado para se adequar à Lei Federal nº 8.958/1994. "Os regimentos são uma conquista importante, pois facilitarão a continuidade da fundação e da incubadora para as próximas gestões", comenta o presidente do Conselho Curador.

Com isso, a Fetep quer desenvolver a governança do parque tecnológico para torná-lo referência no Estado e no País. "Isso é resultado da visão do prefeito Osvaldo Zipperer, que criou a fundação há 40 anos por se preocupar com o futuro de São Bento do Sul. Hoje o parque tecnológico está se consolidando juridicamente, mas o embrião começou lá", lembra Denk.

Assessoria de Comunicação da Udesc
Jornalista Rodrigo Brüning Schmitt
E-mail: rodrigo.schmitt@udesc.br
Telefones: (48) 3321-8142/8143
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