Um semestre marcado pela multiplicidade de experiências e expansão da diversidade dentro da sala de aula. É assim que descreve a professora de Interpretação Teatral I, do curso de Licenciatura em Teatro da Udesc Ceart, Brígida Miranda sobre a turma X do 1º semestre de 2023, que na próxima terça-feira, 4 de julho, apresenta a prova pública com dois espetáculos, a partir das 17h, no Espaço 2 do Departamento de Artes Cênicas (DAC) da universidade, e aberto ao público de forma gratuita.
A pluralidade de corpos, juntamente com as vivências da turma, é que trouxe a característica ao grupo de calouros, calouras e caloures, o qual é composto em parte por pessoas com deficiências físicas e pessoa com espectro do autismo, que trazem à turma um diferencial e a expansão no aprendizado da interpretação. Juntam-se a eles/elas, uma monitora voluntária, intérpretes de libras, cuidadores/as, professores/as, estagiários/as, bolsistas de acessibilidade e outros/as estudantes para o resultado: o exercício cênico de trechos das peças "Retrato de Augustine", dramaturgia de Peta Tait e Matra Robertson, e "Lunik", dramaturgia de Luciana Lyra, voltada ao público infantil, que serão apresentadas.
“Ao iniciar semestre, durante a atividade proposta para conhecer o que foi preciso para estarem no curso, as variadas respostas revelaram a importância do sonho de estudar e fazer teatro”, afirma a professora. De acordo com ela, as trajetórias que guiaram os estudantes delineiam diversidades nas suas experiências, o que oferece um novo fazer teatral. Ela revela que a passagem pela disciplina neste semestre, a fez pensar sobre as práticas e pedagogias teatrais, considerando a transformação no campo. “Eu fiquei considerando como o teatro e as pedagogias poderiam se transformar a partir do ator que não anda, mas que se move sobre rodas e nos ensina que nosso corpo pode mais do que imaginamos. Da atriz que com sua voz nos emociona ao interpretar textos mesmo com suas limitações auditivas, do ator que diz que o teatro lhe ajuda a conviver com o autismo”, afirma.
Compondo essas trajetórias, está Sidinei Junior, aluno PCD (pessoa com deficiência) que nunca pensou estudar Teatro e, por incentivo da mãe, fez a inscrição no vestibular da Udesc. “Foi amor à primeira semana, me apaixonei”, exalta. Anteriormente, Sidinei iniciou o curso de Serviço Social em outra universidade e a trancou, mas encontrou um novo horizonte na nova graduação. “Os desafios enfrentados antes foram muito maiores do que os que eu enfrentei nesse semestre de Teatro. Não pensei em desistir, ao contrário da minha outra graduação”, acrescentou, enaltecendo a compreensão, respeito e atenção da turma com relação às suas capacidades para além das limitações físicas. Sidinei pontua que as técnicas utilizadas foram além dos corpos teatrais padrão, acolhendo as diferenças e capacidades dos alunos.
O estudante Ricardo Luiz relata a experiência da inclusão durante as aulas. “Foi fundamental para mim, eu como autista ser incluído e abraçado por todo mundo e pela professora”, afirma. Ele complementa dizendo que o aprendizado desafiador e enriquecedor faz parte da construção para realização do sonho de ser ator e professor: “O teatro me ajudou a me expressar e me comunicar melhor”.
Para a ministrante da disciplina, a condução dos trabalhos de aula com intérpretes e cuidadores foi fundamental para o aprendizado e a convivência os aproximou. “Além dessas ricas experiências foi se apresentando um novo horizonte, pessoas cujas experiências nos deslocam de nossos lugares de conforto", conclui.
Importante destacar que as intérpretes de libras, cuidadores/as e bolsistas de acessibilidade foram viabilizados pelo NAE Ceart, NAE central e UDESC, com vistas ao cumprimento do estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão, oferecendo o suporte necessário às e aos estudantes PCDs para frequentarem seus cursos.
Sobre as peças
Na turma foram trabalhadas duas peças de teatro, e será apresentado ao público cenas selecionadas de “Retrato de Augustine”, uma peça sobre a histeria, e cenas selecionadas de “Lunik” uma peça para o público infanto-juvenil.
Retrato de Augustine é um espetáculo documental sobre a jovem Augustine, paciente do neurocientista Jean Martin Charcot (professor de Freud). A peça reflete sobre a história das mulheres consideradas histéricas na França do final do Século 19. Foi escrita em 1991, pelas dramaturgas australianas Peta Tait e Matra Robertson e traduzida e dirigida por Brígida Miranda em 2010, com o prêmio Funarte Myriam Muniz. A apresentação será às 17h.
Lunik é uma peça de 2021, da dramaturga brasileira Luciana Lyra. Ainda não publicada, o espetáculo trata de um mundo mágico dos astros do firmamento, no qual aparecem as personagens: lua, estrelas, e mundo onde sábios e sábias se reúnem para restaurar a alegria e o amor cósmico. Lunik será apresentada às 18h.
Serviço
O quê: Prova pública de Interpretação Teatral I, Turma X com cenas escolhidas das peças Retrato de Augustine e Lunik (infanto-juvenil).
Quando: 4 de julho, às 17h e 18h, respectivamente.
Onde: Espaço 2, do Departamento de Artes Cênicas (DAC) da Udesc Ceart.
Quanto: gratuito e aberto ao público. Lotação Máxima 50 pessoas.
Assessoria de Comunicação da Udesc Ceart
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