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Notícia

27/03/2025-18h27

Coletivo AfroCAV promove educação antirracista e diversidade na Udesc Lages

A partir de 2024, o AfroCAV reforçou a presença no dia a dia da Udesc Lages, nas produções em comunicação e nas redes sociais. Fotos: Adi Leonardo
Em 2018, o estudante de Medicina Veterinária do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Matheus Mathias, questionava-se ao entrar no prédio do curso e se deparar com o quadro de formandos: “Onde nós estamos? Cadê os(as) professores(as) negros(as) do campus? Estamos em espaços de decisão? Estamos nos centros acadêmicos?”. Era o início da consciência da necessidade de um espaço de acolhimento e representatividade para estudantes negros no CAV. Anos depois, este misto de sentimentos inspiraria a criação do Coletivo AfroCAV, um movimento dedicado à valorização da cultura afro-brasileira, à luta contra o racismo estrutural e à promoção de debates sobre identidade, pertencimento e justiça social.

Em contato com outros coletivos, como o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) da Udesc Campus de Florianópolis, dos Neab’s de Lages e de Criciúma, Matheus encorajou-se a criar o grupo. Entre os objetivos, estava auxiliar outras pessoas que se sentiam e sentem-se deslocadas, por estarem longe de casa, muitas vezes vindas de outros municípios ou até de outros estados. As trocas culturais, as “escrevivências”, e a necessidade de um local de acolhimento e segurança que incluísse uma educação antirracista também deram base à criação do AfroCAV. “Tive uma rede de apoio muito forte no início, obrigado aos envolvidos(!), principalmente ao professor Ubirajara (Costa) e aos profissionais que dedicaram seu tempo em fortalecer o movimento. Obrigado também àqueles que estiveram comigo no início desse lindo projeto” - declara Matheus, que atualmente é acadêmico de Licenciatura em História na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).

Desde sua fundação, em 2022, o AfroCAV organiza debates, palestras e eventos culturais para fortalecer a identidade negra e promover discussões. Como outros coletivos, enfrentou desafios e momentos de menos atividades, especialmente devido ao período pandêmico.


Retomada em 2024

Em 2024, o AfroCAV ganhou fôlego com a iniciativa da estudante do curso de Medicina Veterinária e bolsista do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Vitória Daniela Moreira de Jesus, e do estudante de Bacharelado em Ciência e Tecnologia Nathannael Cutrim. Eles reuniram antigos e novos integrantes, resgatando o propósito do coletivo e ampliando seu impacto dentro da universidade. Além das pautas raciais, hoje o coletivo aborda questões de gênero e sexualidade, reconhecendo as interseccionalidades que afetam pessoas negras LGBTQIAPN+, mulheres negras no meio acadêmico, políticas de inclusão e permanência estudantil. O grupo reivindica medidas para garantir que estudantes de minorias sociais não apenas ingressem, mas permaneçam e concluam seus cursos com dignidade.

“Fazer parte do AfroCAV, para mim, significa resistência. Desde 2022, quando surgiu a ideia de criar o coletivo, eu já senti uma ponta de esperança em relação à representatividade dentro do campus. Ainda estamos longe, mas, aos poucos, conseguimos conquistar espaços e dar voz àqueles que, historicamente, foram silenciados. Cada passo que damos é uma afirmação de que a nossa presença importa, e que nossa luta pela equidade e valorização cultural é legítima e necessária. O caminho é longo, mas a jornada é cheia de força e determinação, e juntos, vamos alcançando novas vitórias” – afirma Nathannael.

Para Vitória, ser parte do AfroCAV tem sido uma experiência transformadora. “Quando entrei na universidade, senti a necessidade de um espaço para fortalecer a representatividade negra e o AfroCAV tem sido esse lugar pra mim. Nosso coletivo é um espaço de acolhimento e resistência, onde buscamos garantir que vozes negras sejam ouvidas e compartilhar o conhecimento e a reflexão crítica sobre questões raciais, sociais e culturais. Como membro da organização do coletivo, busco contribuir para que o AfroCAV continue sendo um ponto de apoio e resistência para todos que compartilham dessa luta dentro da Udesc” – finaliza.

Em sua nova fase, o AfroCAV organizou eventos como o "Novembro Negro" e produções como o podcast "DiversiCAV" – programa veiculado pela Rádio Udesc FM Lages – que trouxe para o público debates sobre diversidade, identidade e inclusão. Além disso, o coletivo passou a discutir temas como masculinidade negra, feminismo negro e a vivência de pessoas LGBTQIAPN+ dentro da universidade, equidade de gênero, liberdade de orientação sexual e direito à educação para todos.


O ponto de vista dos participantes e parceiros do Coletivo

O AfroCAV reúne atualmente 17 pessoas, oito delas fazem parte da organização. Entre os pioneiros, está o acadêmico do Bacharelado em Agronomia e participante do Coletivo AfroCAV, Henrique Albino. Ele destaca: “Aqui é difícil nos enxergarmos [...] depois da primeira reunião fomos no bar, e pra mim foi surreal a sensação de entrar oito a 12 pessoas pretas ao mesmo tempo naquele lugar. Foi uma mistura de frio na barriga com ‘tá tudo certo’. O coletivo acabou passando por um hiato, vem retornando suas atividades, e desde então vem desempenhando um papel fundamental pro CAV, que vai muito além de reunir os nossos”.

Recém-chegado ao grupo, o acadêmico do Mestrado em Engenharia Florestal Daniel Filho relembra: “O primeiro contato que eu tive com o Coletivo foi no ano passado, em um evento sobre a independência da Guiné-Bissau. Eu não sabia nada sobre o assunto e achei muito interessante, então o que me levou a participar foi a curiosidade. Esse primeiro evento foi incrível e, a partir daí, acho que fui em todos os eventos seguintes. Esses momentos me ajudaram a entender que, apesar de pessoas negras passarem por situações parecidas frequentemente, existem diferenças (regionais e de gênero, por exemplo) que eu dificilmente pensaria se não estivesse ouvindo sobre. No fim das contas, sinto que o AFROCAV criou um ambiente bem acolhedor e me fez uma pessoa um pouco mais capaz de perceber a realidade. Espero que neste ano ainda mais pessoas possam se sentir assim”.

O coletivo também tem atraído parceiros como o professor Adair Wolff, da Escola de Ensino Básico João Paulo, em Correia Pinto. “A visita do AfroCAV foi importante para nossa escola das mais diversas formas, pois a palestra foi capaz de atingir as mentes e os corações dos nossos alunos de tantas maneiras, primeiramente ao apresentar os cursos, bolsas de estudos e projetos oferecidos pelo CAV, quanto as diversas formas de entrar e permanecer em uma Universidade de excelência como o CAV. A palestrante falou durante a conversa com os alunos para que eles permitam-se sonhar, e isso foi lembrado por alguns alunos após a realização da palestra. Outra forma de incentivo bastante útil foi convencer alguns alunos sobre a importância da manutenção das boas notas para ingressar na faculdade por histórico escolar, fazendo com que vários alunos hoje se se preocupem em tirar o máximo de nota possível. Enfim, a palestra do AfroCAV não apenas trouxe informações bem importantes sobre a Universidade em si, quanto tocou o coração de nossos alunos das mais diversas maneiras”, relata o professor.


Agenda em 2025

Para este ano, estão previstas ações que fortalecem a educação antirracista, a cultura e a conscientização social:

AfroCAV nas Escolas: Um projeto que leva informações sobre ingresso e permanência na universidade para alunos do ensino médio. A iniciativa busca divulgar políticas de cotas, auxílios estudantis e formas de acesso ao ensino superior, incentivando estudantes negros, indígenas, quilombolas e de baixa renda a ingressarem e permanecerem na universidade.

AfroCAV Cine: Sessões de cinema toda última quinta-feira do mês, trazendo filmes e documentários que abordam questões raciais, de gênero e sexualidade. A primeira exibição é nesta quinta-feira, 27, com o filme Moonlight : Sob a Luz do Luar, um drama premiado que retrata a trajetória de um jovem negro lidando com identidade, masculinidade e sexualidade. A exibição começa às 19h, no Auditório Pinhão, que fica no prédio do curso de Engenharia Florestal. Após esta e cada sessão, haverá uma roda de conversa para aprofundar as discussões sobre os temas abordados.

DiversiCAV: Programa de rádio na Udesc FM Lages, trazendo debates sobre representatividade, identidade e inclusão. Os episódios da segunda temporada serão divulgados todo mês. Os episódios da primeira temporada já estão disponíveis no Spotify e Deezer, permitindo que mais pessoas tenham acesso a esses debates fundamentais.

Para mais informações, acesse o perfil do AfroCAV no LinkedIn e no Instagram.


Assessoria de Comunicação da Udesc Lages
Jornalista Carla Torres
E-mail: comunicacao.cav@udesc.br
Telefone: (49) 3289-9130 

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  • A partir de 2024, o AfroCAV reforçou a presença no dia a dia da Udesc Lages, nas produções em comunicação e nas redes sociais. Fotos: Adi Leonardo
  • Coletivo hoje reúne 17 pessoas, oito delas atuantes na organização. Foto: Adi Leonardo.
  • Fundador do AfroCAV, Matheus Mathias. Foto: Arquivo pessoal.
  • Retomada do Coletivo em 2024 veio com a estudante do curso de Medicina Veterinária e bolsista do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Vitória Daniela Moreira de Jesus, e o estudante de Bacharelado em Ciência e Tecnologia Nathannael Cutrim. Foto: Adi Leonardo.
  • AfroCAV Cine tem sessões de cinema toda última quinta-feira do mês. Foto: Divulgação.
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