Conferência de abertura foi realizada por Luzi Borges,
diretora do Ministério da Igualdade Racial. F: Div.
"Quem atirar no meu corpo, atira na hóstia consagrada, porque entre a pólvora e a espoleta, Jesus Cristo fez a morada. (...) As armas e facas que apontarem no meu corpo, na água ficarão. Os ferros que apontarem, em pedaços ficarão. (...) Os seus inimigos conhecerão que Deus é vivo". Uma oração resgatada junto ao corpo de um guerreiro de São Sebastião, que lutou na Guerra do Contestado entre 1914 e 1916, foi a primeira mensagem da abertura oficial do
VIII Simpósio do Contestado - Religiosidades de Matriz Africana e Indígena nos Movimentos Populares no Brasil e na América Latina, que iniciou nesta terça-feira, 2, e segue até sábado, 6, com intensa programação, no Auditório Tito Sena, do
Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Serão realizados 21 simpósios temáticos e quatro mesas redondas com pesquisadores ligados a universidades e outras instituições do Brasil e de países como Argentina, Peru, França e Portugal. Ao todo, serão apresentados 120 trabalhos que visam debater e investigar os fenômenos sociais e históricos ligados à Guerra do Contestado. Confira
aqui a programação completa do evento.
A oração completa do guerreiro de São Sebastião foi lida pelo professor Rogério Rosa Rodrigues, organizador do evento, que coordena o
projeto Estação Contestado, em parceria
o
Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e o Grupo de Investigação sobre o Movimento do Contestado (GIMC). A conferência de abertura foi realizada por Luzi Borges, atual diretora de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos do
Ministério da Igualdade Racial, com o tema "Política Nacional para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana de Terreiros: os desafios no enfrentamento ao racismo religioso".
A conferência também contou com a presença do reitor da Udesc, José Fragalli, do diretor-geral da Udesc Faed, Celso Carminati, de lideranças políticas e de movimentos acadêmicos, entre outras autoridades. "Dar luz a questões como a história de pessoas que já são naturalmente marginalizadas, como indígenas, quilombolas e negros, durante o movimento do Contestado, é de fundamental importância. Esse é o papel da universidade", afirmou Fragalli.
Para o diretor-geral da Udesc Faed, Celso Carminati, o Contestado é uma história de resistência, de luta e de luto, de pessoas que foram sacrificadas e expulsas de suas terras. "Este evento é uma tradição em torno do debate sobre o Contestado, em que coloca essas pessoas como ponto central da história", ponderou, parabenizando a organização do simpósio.
Palestrantes internacionais
Para além do foco na Guerra do Contestado, o evento tem como objetivo colocar em diálogo pesquisadores e lideranças político-populares que trabalhem com religiosidade na organização de movimentos populares no Brasil e na América Latina, com destaque para sujeitos e atividades ligadas a tradições de matriz africana e indígena.
Entre os palestrantes internacionais, estão Víctor Hugo Pachas, da
Universidad Nacional Mayor de San Marcos, que participará da mesa redonda "Religiosidades populares"; Amanda Eva Ocampo, da
Universidade Nacional de Misiones, na Argentina, para a mesa "Religiosidades afroindígenas: museus, patrimônio e cultura materia"; Evelyne Sanchez, do
Institut d'Histoire du Temps Présent, da França, para a mesa "Terra, política e religiosidade"; e João Paulo Avelãs Nunes, da
Universidade de Coimbra, de Portugal, para a mesa "Religiosidades: entre o popular e o oficial".
A conferência de encerramento terá como tema "Canudos, além do 'fanatismo': as origens de um movimento popular e católito no Nordeste do Brasil (c1870-1897)". com o professor Sebastien Rozeaux, da
Universidade de Toulouse, na França.
As gravações com os debates do simpósio e também transmissões ao vivo podem ser conferidas no
canal oficial do Youtube do projeto Estação Contestado.
Assessoria de Comunicação da Udesc Faed
E-mail: comunicacao.faed@udesc.br