Segundo Rustom Bharucha, o diálogo entre os teóricos teatrais Ananda Coomaraswamy e Edward Gordon Craig deu origem ao uqe conhecemos como Interculturalismo teatral. Tomando este emblemático debate do início do século XX como base temática, a disciplina propõem resgatar outros diálogos interculturais que permearam o século XX. No bojo da ideia vagamente construída de globalização, discutiremos estas “trocas” teatrais feitas ao redor do mundo – inclusive no Brasil. Buscando compreender este processo “vitorioso” de globalização, utilizaremos as obra de Milton Santos e Zygmunt Bauman na caracterização deste fenômeno e de suas idiossincrasias.
Neste percurso será inevitável tocar no célebre debate entre o próprio Bharucha e Richard Schechner. Ao debruçarmo-nos sobre estes diálogos, saltam reveladores elementos da mecânica intrínseca que norteiam (ainda) estas abordagens interculturais. A cada réplica, a cada parágrafo, a cada linha.
Fórmula de sucesso no mundo inteiro, inclusive no Brasil, a incorporação de elementos de outras culturas é amplamente defendido como um processo natural, inevitável e irreversível.
Paralelo a isso, faremos uma abordagem histórica e cultural da riquíssima e singular tradição teatral do eatado de Kerala do sul da Índia, provavelmente a região mais teatral do mundo. Todas as etapas estilísticas – ainda ali existentes – que deram origem a espetacular fomalização técnica e estética do Kathakali e sua contemporaneidade na Índia.
Além disso, propor uma abordagem à obra importantíssima de Ananda Coomaraswamy, muito pouco estudada em nosso país. E que isso possa servir de introdução a outras leituras de outros autores que não os mesmos que estamos acostumados a ler por décadas sobre este e outros assuntos teatrais.
A tradição de todas as formas cênicas clássicas, incluindo até o “nosso” ballet clássico, tem como princípio a ideia de que seu livro de regras, seu manual mais fundamental, onde se encontram todas as dinâmicas mais importantes e disciplinas devem ser escritas no corpo de seus intérpretes. Portanto, existem livros que só se conseguem ler, na prática. Para compreender os motores da técnica do Kathakali e talvez vislumbrar os segredos de sua potente expressividade e de sua longeva vitalidade, propomos uma breve experiencia prática com a técnica pura, exatamente como feita na Índia. E que estas leituras possam retroalimentar as reflexões teóricas sobre os diálogos interculturais.