Udesc Lages e startup Scienco Biotech fazem estudos
biotecnológicos com apoio da Fapesc - Foto: Divulg.
A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), por meio do
Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV), e a startup Scienco Biotech desenvolveram e patentearam uma biotecnologia inovadora para identificar anticorpos em aves. Isso será usado, por exemplo, para detectar doenças infecciosas em galinhas e codornas e para verificar a eficácia de imunizações nesses animais.
"Essa nova ferramenta molecular será muito importante para melhorar o custo, a eficiência e a rapidez dos diagnósticos em aviários", explica Maria de Lourdes Borba Magalhães, que é professora do Departamento de Produção Animal e Alimentos da Udesc Lages e sócia-fundadora da startup. Segundo ela, o próximo passo é utilizar a biotecnologia em testes comerciais de diagnósticos. "Estamos fazendo parcerias com outras instituições para que possamos substituir a parte de detecção do anticorpo pela nossa tecnologia."
A importância dos testes de diagnóstico usados para detectar doenças infecciosas causadas por vírus, bactérias ou fungos ficou evidente por causa da crise provocada pelo novo coronavírus. A Udesc Lages e a Scienco Biotech, inclusive, estão criando uma tecnologia para detectar a presença do Sars-Cov-2, vírus que causa a Covid-19.
Saiba mais.
Aplicação em aviários
Na biotecnologia criada para aviários, foi desenvolvida uma proteína que se liga aos anticorpos das aves. Usada em testes de diagnóstico, a biotecnologia poderá ser aplicada de duas formas: mostrará se as aves estão doentes ou, após uma vacinação, se estão devidamente imunizadas.
Nos humanos, os anticorpos, que ajudam a proteger de infecções, são do tipo imunoglobulinas G (IgG). "As aves, que têm uma importância econômica para o nosso Estado, também precisam ter a sanidade monitorada através da detecção de anticorpos. Mas os métodos que existem hoje são arcaicos", explica Maria de Lourdes.
Inicialmente, a proteína foi desenhada a partir dos conhecimentos teóricos. Em seguida, passou a ser produzida em laboratório com o uso de bactérias.
"Buscamos no genoma da galinha uma proteína com capacidade de se ligar aos anticorpos. Na verdade, criamos uma proteína meio Frankstein – pegamos o pedaço de uma e juntamos com outra. Ela já se mostrou funcional, provou que detecta anticorpos de galinha e de codorna e não detecta anticorpos de várias outras espécies. E desenvolvemos um protótipo onde determinamos a sensibilidade do teste, para ver o mínimo de anticorpos que ela pode detectar", conta a professora.
Futuramente, a biotecnologia também poderá ser utilizada em testes de diagnóstico de doenças em outros animais e também nos humanos.
Sinapse de Inovação e Tecnova
A história da Scienco Biotech mostra o desenvolvimento do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação de SC. Ela foi criada em 2016 a partir do Sinapse da Inovação, um programa da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) que incentiva o empreendedorismo inovador e oferece recursos financeiros, capacitações e suporte para transformar ideias inovadoras em empreendimentos de sucesso.
A biotecnologia para o diagnóstico de infecções em aves também tem relação com a Fapesc. A empresa recebeu R$ 150 mil por meio do Tecnova II, programa que é voltado para desenvolvimento de novos produtos. Ao todo, mais de R$ 7,5 milhões foram destinados para contemplar 28 empresas em todo o Estado pela Fapesc e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Segundo a professora Maria de Lourdes, da Udesc Lages, o Tecnova está sendo fundamental para o desenvolvimento do projeto. "Conseguimos direcionar uma bolsista de P&D exclusiva para trabalhar no projeto, o que possibilitou avançarmos. Também investimos em matéria-prima. Sem esses recursos, o projeto estaria parado", afirma.
Para o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação e presidente em exercício da Fapesc, professor Amauri Bogo, a trajetória e as conquistas da Scienco Biotech demonstram a importância de aliar ciência, tecnologia e inovação.
"Parabenizamos a startup, que, em parceria com a Udesc, tem conseguido mostrar a força catarinense no sistema de CTI. E ficamos feliz em ter feito parte e dado suporte para este desenvolvimento", destaca.
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* Com informações da Assessoria de Imprensa da Fapesc