Escrito por Gilmar de Oliveira
As competências socioemocionais precisam adentrar todos os caminhos e experiências (as trilhas de aprendizagem preconizadas pela BNCC), onde a aula não é mais centrada no professor, mas no aluno e na aprendizagem.
Esta nova visão conceitual auxilia muito para os alunos desenvolverem suas competências e habilidades para interagir de forma autônoma, responsável e coerente com a vida, pois viver é muito além de ser um bom aluno e conseguir se dar bem nos assuntos e na relação com a sala de aula. Ao definir um currículo de ensino-aprendizagem onde as competências aprendidas são de ordem pessoal e social, como a persistência, a assertividade, a empatia, a autoconfiança e a curiosidade para aprender, a Educação Socioemocional atinge esse campo vivencial, dá o alicerce para a inteligência emocional, base de uma relação equilibrada entre a pessoa e a sociedade, dá a devida estrutura para que cada cidadão consiga atingir seus objetivos, realizar seus sonhos, pense com autonomia e expresse suas emoções e sentimentos com clareza, num equilíbrio entre a razão e as emoções.
Por isso, é essencial aplicar as competências socioemocionais indicadas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) tanto nas propostas pedagógicas, quanto no cotidiano escolar.
No último artigo, procurei me ater nas 4 frentes que as BNCC´s (as bases nacionais curriculares comuns a todas as escolas, nas mesmas séries, com os mesmos conteúdos) pretendem desenvolver nos alunos, a partir da necessidade inicial de se conhecer as habilidades socioemocionais (as habilidades cognitivas, emocionais, sociais e éticas. Você pode acessar o artigo anterior neste link: jornaldaeducacao.inf.br/colunas/psicologia-e-educacao/2678-o-que-e-a-educacao-socioemocional-e-como-a-enfase-nessa-abordagem-pode-revolucionar-a-educacao.html). Agora, vamos analisar as demais competências socioemocionais, consideradas essenciais por especialistas e citadas na BNCC:
Identificar as próprias habilidades socioemocionais
Um educador (ou qualquer profissional) que não identifica as próprias habilidades socioemocionais está muito longe de conseguir desenvolver esse fator em outras pessoas. Sabemos que o que educa é o exemplo. Assim, a reação do professor para algum acontecimento em sala é observada e aprendida pelos alunos como uma reação a ser usada. E, sendo o professor uma referência, sua conduta é absorvida como certa pelos aprendentes.
O bom desempenho nesta questão deve iniciar com a identificação de seus próprios valores. É necessária a conscientização e a clareza de entendimento de como se pode mobilizar as próprias habilidades socioemocionais, de reconhecê-las numa determinada situação, pois somente se domina aquilo que se conhece. Aprender a lidar com as próprias emoções e refletir sobre elas é um passo fundamental.
Aprender a ensinar
A maioria dos professores não foi treinada para trabalhar habilidades socioemocionais nos alunos. A maioria dos professores aprendeu e continua sendo conteudista. Na universidade, raríssimas vezes se encontram professores que trabalham a Educação Socioemocional, ou colocam textos dessa abordagem como leitura de base ou complementar nos planos de ensino e ementas. Ninguém aprendeu a trabalhar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos, mas sempre é possível aprendermos mais, nos capacitarmos mais, é possível e necessário que possamos aperfeiçoar nossa forma de ensinar e de trabalhar sob novos prismas, novas alternativas de educarmos com qualidade.
O professor precisa, portanto, aprender a trabalhar de uma nova maneira. E um bom caminho é escolher um curso de formação que o submeta a situações em que possa mobilizar os seus próprios valores, habilidades e competências socioemocionais. O uso dos materiais de apoio da BNCC, daquele material complementar que as escolas possuem nas bibliotecas (utilizado há muito tempo como preparo para aulas com temas transversais), vídeos com especialistas que sejam muito bem referenciados e o apoio de profissionais da Psicologia e da Psicopedagogia ajuda muito a melhorar o preparo das aulas e as formas de expressão das emoções e sentimentos na medida que as atividades das aulas se desenrolam.
Buscar um bom curso de formação
Muitos cursos no mercado são precários, prometem trabalhar as competências, mas não formam, nem informam. Assim, procure cursos que tenham no programa tópicos como reflexões e debates sobre a prática pedagógica, que trabalhe a história de vida, com textos com bom embasamento teórico, trocas de experiências, com professores que já atuam com a abordagem da educação Socioemocional e que sempre valorizem aspectos vivenciais, destaquem sentimentos, sensações, percepções, criatividade, socialização e respeito à diversidade e ao pluralismo de ideias e a construção coletiva de saberes e de experiências.
É mais que necessário que os educadores se capacitem dentro da perspectiva socioemocional, pois é a tendência educacional para as próximas décadas e a real necessidade que os psicólogos e psicopedagogos apontam fundamental para a aprendizagem significativa para uma geração que precisa melhorar e equilibrar o mundo tão caótico que a cada dia se desenha.