Escrito por Gilmar de Oliveira
Olá caros leitores. Espero que ainda não estejam enfadados com a série de artigos sobre a Educação Socioemocional aqui da coluna. Afinal, foram tantos pedidos sobre o tema que vi como necessário dar continuidade a estes tópicos, até para dar maior base de busca de informações a quem realmente se interessar em adentrar nessa abordagem magnífica e que é, sem dúvida, a tendência para as próximas décadas. Além de, claro, observarmos os aspectos que as BNCC´s trazem a respeito da Educação que leva em conta as emoções, sentimentos e autoconhecimento, quais as bases que norteiam a busca por tais competências. Vejamos, então:
Na Educação Infantil, por exemplo, as competências são indicadas para trabalhar com os eixos estruturantes, que se dividem entre Interações e Brincadeiras, assegurando assim, que crianças tenham seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento como: Conviver; Brincar; Participar; Explorar; Expressar e Conhecer-se.
No Ensino Fundamental, a BNCC preconiza uma transição da educação Infantil para as séries iniciais baseadas (de forma muito correta) nas experiências lúdicas e no aprimoramento das impressões e nas formas de entender e explicar o mundo. Nas séries finais, levar a criança/adolescente a entender o mundo com formas mais complexas de pensamento é a tônica do documento (disponível no portal do MEC). Assim, respeitam-se os estágios de desenvolvimento cognitivo, assim como se prioriza o entendimento da linguagem, da matemática mas sempre enfatizando que tais habilidades sejam trabalhadas em consonância com a realidade, com a visão de mundo, priorizando o grupo, o coletivo, a compreensão do outro, ou seja, a empatia e a socialização. Mesmo não sendo específicos na questão da Educação Socioemocional, ainda assim conseguem focar no campo das emoções, da relação da pessoa no mundo e o desenvolvimento de um pensamento que, à medida que vai se tornando mais complexo, mais abstrato, tem de lidar com o ser no mundo, levando à compreensão de si como ser integrado e autônomo, protagonista. Isso pede, claro, que os conteúdos sejam também esclarecedores sobre as etapas de desenvolvimento e da necessidade de se expressar para poder então entender e si mesmo e seus pensamentos e emoções. Como o texto todo da BNCC do Ensino Fundamental é extenso e não se encontra claro as habilidades socioemocionais, li os parâmetros e as bases teóricas e fui interpretando para poder esclarecer estes tópicos aqui na coluna (aceito contribuições e correções, sem me frustrar, pois posso aprender mais... olha só a vivência socioemocional, aí, rsrs!) index.php (mec.gov.br)
Para o Ensino Médio, a BNCC indica que os alunos podem escolher os chamados itinerários (trilhas) de sua preferência, levando em conta suas aptidões, habilidades e aspirações, definidos em quatro objetivos formativos:
Aprofundar as aprendizagens relativas às competências gerais, às áreas de conhecimento e/ou à formação técnica e profissional.
Consolidar a formação integral dos estudantes, desenvolvendo a autonomia necessária para que realizem seus projetos de vida.
Promover a incorporação de valores universais, como ética, liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade.
Desenvolver habilidades que permitam aos estudantes construir uma visão de mundo ampla e heterogênea, tomar decisões e agir nas mais diversas situações, seja na escola, seja no trabalho, seja na vida. (fonte|: documento das Base Nacional Curricular Comum, site do MEC).
O papel da Escola:
Como se vê, a reinvenção profissional vai exigir trabalho do professor. E é papel da escola apoiá-lo nessa caminhada. É muito importante discutir o papel da escola na formação de uma linha educacional baseada na Educação socioemocional. Isso porque tem se dado cada vez maior atenção nas aprendizagens não cognitivas, uma vez que os neurocientistas descobrem a cada dia mais evidências do impacto positivo no aprendizado de conteúdos formais quando ligados à administração das próprias emoções e nos vínculos criados com os conteúdos trabalhados, influenciando na vida, como um todo.
E, na sociedade, é cada vez mais comum as grandes empresas contratarem os profissionais priorizando suas habilidades relacionais, não levando tão em conta a competência técnica (obviamente que não se pode negligenciar a habilidade técnica na Era da Informação, mas não se aceita uma discrepância elevada entre os saberes técnicos e emocionais, sendo que a inteligência emocional e a capacidade de lidar com suas emoções é, sem dúvida, o fator diferencial). Tem sido muito comum ver profissionais serem contratados de acordo com suas competências cognitivas, mas demitidos por falta de competências socioemocionais.
A abordagem das habilidades focadas na Educação das emoções é fundamental para promover o pensamento autônomo dos estudantes e suas potencialidades, o que, consequentemente, pode reduzir a indisciplina e melhorar os índices de aprendizagem.
Para finalizar, sugiro que assistam à minha palestra sobre Educação Emocional, disponível no meu canal do Youtube, no link: https://youtu.be/awpnyf6NwXA