Escrito por Gilmar de Oliveira
A ênfase às competências que têm por base as habilidades não cognitivas vem tendo destaque desde o início da década passada e ganhou força nos últimos anos, quando o comportamento das pessoas e suas formas de lidarem como suas emoções passou a ser vista como determinante para o sucesso das relações interpessoais, tanto no ambiente corporativo como em instituições de ensino. Vários autores passaram a escrever que a administração das próprias emoções pode impactar e melhorar o aprendizado dos alunos, favorecendo o alcance de objetivos e tendo forte influência na vida como um todo.
Desde o início da década de 2000 tem sido muito comum ver profissionais serem contratados de acordo com suas competências cognitivas, mas demitidos por falta de competências socioemocionais.
A Educação Socioemocional traz uma forma autônoma do aluno pensar e agir no desenvolvimento de suas potencialidades, reduz a indisciplina e o desinteresse, além de elevar o nível da aprendizagem.
É muito importante que saibamos que a Educação Socioemocional pode desenvolver em sala de aula. Dentro da BNCC, vemos que as habilidades socioemocionais a serem trabalhadas nos alunos são divididas e em 4 áreas:
Cognitiva – Resolver problemas, planejar, tomar decisões, estabelecer conclusões lógicas, investigar e compreender problemas, pensar de forma criativa, fortalecer a memória, classificar e seriar. Trata-se de entender ideias, contextualizá-las e identificá-las no mundo. Vai desde as aquisições motoras quanto a construção de hipóteses. É a curiosidade, a ânsia por buscar mais, de solucionar problemas a partir de dados que se encontram em seu meio e na mediação dos saberes.
SUGESTÕES DE MANEJO:
Na Educação Infantil, a habilidade cognitiva é adquirida com o lúdico, através de jogos que estimulam o raciocínio lógico, como o xadrez, quebra-cabeça, lego, massinha, atividades que estimulem a percepção visual (jogo dos 7 erros), a linguagem, os jogos que envolvam quantidades, comparações e estratégias simples.
Já nos Ensinos Fundamental e Médio, criar hipóteses e soluções locais, valendo-se da pesquisa, do trabalho em grupo, da busca e organização de dados são atividades que desenvolvem a cognição e a inteligência.
Emocional – Lidar com as emoções, com o ganhar e o perder, aprender com o erro, desenvolver autoconfiança, autoavaliação e responsabilidade. É a forma de entender os sentimentos, desenvolver a empatia, dialogar sobre as diferentes formas de reagir frente a uma situação e aprender a respeitar a pluralidade e a diversidade de sentimentos e sensações que as pessoas possuem.
SUGESTÃO DE MANEJO:
É essencial que se trabalhe com a família para que se tenha sucesso em desenvolver competências e habilidades emocionais nos alunos. Assuntos que envolvam a família (mas analisados, sem deixar que uma forma de pensar seja a expressão da verdade, pois há muitos valores familiares divergentes entre si), que busquem observações de diferenças e pontos comuns são excelentes práticas.
Em todos os níveis de ensino (do infantil ao superior) as dinâmicas de grupo são muito eficazes para despertar uma consciência das emoções, bem como trabalhos que busquem cooperação, solidariedade, debates, simulações e modos de compreender sentimentos, impressões e reflexões, levando os alunos a perderem o medo de errar, de discutirem soluções e socializarem suas vivências.
Cada vez mais, estamos em contato direto e rodeados por tecnologias e afastados do humano.
Social – Cooperar e colaborar, lidar com regras, trabalhar em equipe, comunicar-se com clareza e coerência, resolver conflitos, atuar em um ambiente de competição saudável.
SUGESTÕES DE MANEJO:
Refletir sobre regras e leis, as rotinas e funções de instituições e as razões dessas contingências, as formas de se comportar em diferentes situações e lugares (como na praia, na igreja, num funeral, por exemplo), mas sem ditar as normas. Poder refletir as razões delas existirem e serem da forma como são, propor soluções, mediar debates são formas assertivas de se buscar habilidades sociais.
Trabalhar normas e combinados em sala e no ambiente escolar e deixar claro o respeito à maioria, à democracia e ao contraditório sendo respeitado trazem forte consciência grupal e senso coletivo.
Ética – Respeitar, tolerar e viver a diferença, agir positivamente para o bem comum. As competências éticas estão estritamente relacionadas às competências sociais, pois elas convidam os estudantes a refletir sobre as variadas maneiras de respeitar os colegas e suas diferenças em várias situações da vida. A participação em sala de aula e a compreensão das normas de boa convivência são bons exemplos.
SUGESTÕES DE MANEJO:
Desenvolver o espírito ético nos alunos é mais do que trabalhar uma competência socioemocional. É essencial para o progresso e o desenvolvimento de um país. Desde a Educação Infantil, com a contação de histórias, a dinâmica de criação de finais alternativos, até o Ensino Superior pode-se trazer temas para debates, fazer refletir sobre assuntos polêmicos, trazer à tona o combate aos preconceitos, dar luz sobre a necessidade do senso coletivo, o respeito e as razões das leis e tantas formas de valorizar princípios universais são bases para aulas maravilhosas.
E não esqueça: para que tenhamos sucesso no desenvolvimento socioemocional, a saúde mental do professor precisa ser valorizada. Se o professor não está bem, perde-se a essência de seu exemplo e sua liderança! Cuidem-se!