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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Junho/2021)

DÁ PARA VIVER DA PSICOPEDAGOGIA?

Escrito por Gilmar de Oliveira

Este ano, demorei um pouco a retornar, afinal, com pandemia, com as novas realidades e o jornal apenas no modo online, muita coisa mudou. Passei a atender mais pacientes online, ganhei um tempo e ao parar de atender presencialmente e fiquei “apenas” escrevendo meu primeiro livro que, no frigir dos ovos, se tornaram dois. O lançamento deste meu “primogênito” será em breve, relatando os textos mais lidos ou mais polêmicos escritos nesta coluna. E o segundo volume sairá um ano após este livro de estreia, em meados de 2022, portanto. Mas, vamos lá, vamos refletir um pouco sobre esta profissão ainda tão desconhecida, que é a Psicopedagogia. Aliás, a base do meu livro é a Psicopedagogia e a Psicologia Escolar, áreas tão desprezadas pela Psicologia quanto as escolas são desprezadas por quem dirige a sociedade.

Passei, neste tempo de pandemia, a fazer muitas palestras em ensino remoto, para pais, professores, psicólogos e psicopedagogos, iniciei um novo projeto que em breve estará online, o site “evoluo.com.vc” que terá também uma forte presença de divulgação nas redes sociais. Foi necessário toda uma mudança na carreira, muito estudo, muita atualização para que eu pudesse entender o significado de toda essa desgraça, na minha forma estranha de ver este mundo... Mas ao perceber estas situações, vi que a Psicopedagogia está moldando as minhas novas variações profissionais, está na base dos atendimentos clínicos, ao fazer as avaliações diagnósticas dos transtornos e dificuldade de aprendizagem. Mesmo com meus pacientes em psicoterapia, a maioria dos atendimentos semanais ainda vem das avaliações e acompanhamentos psicopedagógicos, onde avalio, diagnostico e prescrevo as intervenções que Sandra, minha esposa e parceira de jornada que também é psicopedagoga, executa para a melhoria dos processos de aprendizagem de crianças e adolescentes. Ou seja: dá para um profissional viver da Psicopedagogia no Brasil atual, com qualidade de vida e autonomia? O que faz um psicopedagogo ter sucesso e reconhecimento na sua profissão?

Numa das “lives” que realizei, no fim de abril, apresentei a profissionais interessados na especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional do UNIPÊ, a estrutura dessa pós-graduação, já que coordeno o curso. Falei da profissão e suas perspectivas no mercado, do salário médio de um psicopedagogo com cerca de 30 horas semanais. E, falando em se reinventar, em transformar suas perspectivas profissionais em chances de sucesso e crescimento, creio que é bom sabermos mais sobre a Psicopedagogia e seu potencial de elevar seus profissionais a uma carreira de sucesso e ajudar a Educação a transformar vidas sofridas de um país desigual em pessoas protagonistas de seu futuro.

Atualmente a Psicopedagogia é uma profissão em vias de reconhecimento, mas, na prática, já é reconhecida como uma área específica, que une conhecimentos da Psicologia e da Pedagogia, e que busca em vários campos da Saúde e da Educação, formas de se entender os mecanismos de aprendizagem e os processos de desenvolvimento cognitivo.

A Psicopedagogia vem à sociedade com o objetivo de diagnosticar dificuldades e transtornos da aprendizagem e elaborar formas de intervenção para a solução dos entraves que impedem uma pessoa de aprender dentro dos padrões planejados e alcançados pela maioria das pessoas. E vai mais longe: é a Psicopedagogia que está a dialogar novas formas de ensinar e de aprender em todos os níveis de ensino, que está a treinar e capacitar professores, de fazer pontes entre instituições como hospitais e escolas, entre empresas e seus processos de Educação continuada e formação constante para seus funcionários, atuando em treinamentos e capacitações de demandas específicas, elaboradas por consultorias compostas prioritariamente por psicopedagogas (a maioria é do gênero feminino), com diálogos inter e multidisciplinares, abordando saberes de várias áreas, priorizando o domínio de vários campos teóricos, como a Psicanálise, a Neurociência, a Psicologia, a Pedagogia, a Linguística, a Fisiologia, a Psicomotricidade, a Nutrição, a Sociologia, a Filosofia e neste mundo digital, a computação e a Inteligência artificial. Aliás, em computação, o desenvolvimento de pesquisas de redes neurais e de programação de inteligências artificiais passa pela Psicopedagogia, mostrando as formas de aprender, de assimilar e de processar informações e dados cognitivos.

A Psicopedagogia vai muito além do âmbito clínico, como vocês, meus 5 ou 6 leitores, perceberam. As áreas profissionais vão desde o atendimento a um preço próximo ou igual ao cobrado pela média dos valores dos psicólogos (por sessão), até a elaboração de cursos para professores do Ensino Técnico, a um custo médio de 15 mil reais pelo planejamento de 120/150 horas desse curso e a posterior aplicação dele (a 120 reais por hora/aula) a projetos de Educação Continuada em empresas, nesta mesma faixa de valores. Isso sem contar as consultorias para elaboração desses cursos, do controle anual das horas cursadas, da administração de plataformas de cursos online (outro mercado promissor), do trabalho de avaliação dos níveis de aprendizagem em nível coletivo para um sistema de ensino, a análise da didática de sistemas de apostilamento em redes de ensino... áreas de trabalho não faltam para quem quer ser mais que um especialista em Psicopedagogia. Há muito trabalho para quem quer ser um excelente profissional da CIÊNCIA DA APRENDIZAGEM!

Todos sabem que sobra campo de trabalho para excelentes especialistas, em todas as áreas e mais chances ainda para quem adentrar com afinco e preparo na Psicopedagogia. Os melhores não nascem prontos. A qualidade se constrói. Na Psicopedagogia e nas áreas de Saúde e Educação a qualidade e a excelência têm nome e sobrenome: leitura e determinação. Sim, do ponto de vista material dá para viver bem da Psicopedagogia. Mas o grande barato da profissão é, sem dúvidas, ajudar alunos e profissionais a aprenderem melhor, a evoluir e superarem limitações cognitivas ou avançarem em seus campos de saber. É salvar vidas, dar qualidade a elas, é abrir horizontes, quebrar barreiras, superar limites.

 

Acesse o canal - https://youtu.be/u-s7g3wPP4o

Gil Oliveira é psicólogo clínico e escolar, especialista em Psicopedagogia, em Ludopedagogia e em Neuropsicologia e Aprendizagem, com mestrado em Educação e Cultura. Atua na área de psicoterapia e avaliação neuropsicológica e psicopedagógica. É psicólogo escolar efetivo da Prefeitura de João Pessoa-PB, professor e coordenador de cursos de pós-graduação do UNIPÊ-PB e responsável pelo projeto e atividades do site www.evoluo.com.vc. Atua como palestrante e consultor para escolas, prefeituras e empresas. Ama a Educação, a Psicologia, a esposa e os 3 filhos, seus amigos, o mar e a natureza.

 
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