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Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Fevereiro/2021)

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: Muito além da Escolha da Carreira

Escrito por Gilmar de Oliveira

A orientação profissional é um processo que envolve mais que a escolha de uma carreira: parte do autoconhecimento e dos objetivos de vida, de nosso potencial e também de nossas limitações, além de levar a um conhecimento do mercado de trabalho e das tendências de futuro. É por isso que é um processo: não se descobre as aptidões e interesses para uma escolha com um simples teste.

Em geral, os psicólogos que trabalham com orientação profissional se utilizam de entrevistas com a pessoa interessada em descobrir suas áreas de aptidão, levantamento de dados da família, histórico escolar e depois são realizados baterias de testes em três frentes: testes que traçam o perfil da personalidade, testes de raciocínio que traçam as áreas mentais onde a pessoa tem mais aptidão e só então vem os testes de interesses profissionais.

O processo todo dura em média, dez sessões. Muitas vezes, faz-se testagens para avaliar se a pessoa tem maturidade emocional e cognitiva para realizar a escolha, para depois, caso tenha o devido preparo, vir a passar pelo processo de orientação profissional.

Estes cuidados são necessários para se detectar se o perfil de personalidade é compatível combina com perfil e o estilo das funções da profissão, se as aptidões cognitivas são compatíveis com as habilidades requeridas nas funções da área e, por fim, se o interesse em si pela profissão ou área vem de influência do ambiente, da pressão social ou familiar, desejo do status ou se realmente é fruto da identificação da pessoa com a profissão.

Os psicólogos que realizam as baterias de orientação profissional devem, além de dominar os testes e técnicas para extrair os dados e informações, estudarem o mercado de trabalho, as áreas profissionais que estão em alta, as médias salariais, a empregabilidade, a tendência de mercado, a evolução da carreira, as possibilidades de mudança, enfim, terem a responsabilidade de evidenciar ao candidato a melhor equação entre aptidão e sucesso na área de interesse. É uma responsabilidade enorme, mas recompensadora.

Importante frisar que na atualidade e a tendência futura é que os egressos das faculdades venham a modificar suas formações ao longo da carreira. A longevidade no mercado de trabalho, exigida pelas reformas da Previdência e das leis trabalhistas, elevaram o prazo entre o início e o fim da carreira. Se tínhamos pessoas que, há poucos anos, se aposentavam antes dos 50 anos, num breve futuro veremos pessoas com 65 anos trabalhando.

Aliás, já vemos. Isso indica que, se um jovem técnico inicia sua vida profissional com 20, 21 anos, trabalhará por mais de 40 anos para se aposentar. É um prazo muito longo. É comum, normal e até saudável que este jovem de hoje venha a migrar de área em duas ou três décadas, que aproveite seus saberes e habilidades e arrisque novos ofícios, ao longo de 40, 45 anos de jornada profissional.

As escolas devem investir em Orientação Profissional de duas formas.

Portanto, falar de profissão é pensar na vida de um sujeito, do aumento de chances de que o futuro poderá ser menos duro, embora igualmente desafiador. As escolhas precisam ser muito bem pensadas, afinal, a maturidade de escolha nos adolescentes antes da faculdade ainda não é plena e os pais são leigos sobre as profissões e as tendências de carreiras, falando mais com o coração do que com a razão, na grande maioria das vezes.

Os pais, no papel de maiores interessados na felicidade dos filhos e não querendo perder tempo e nem dinheiro com escolhas equivocadas, precisam do suporte dos serviços de Psicologia Escolar, um serviço que vai, neste campo, muito além da mera abertura de portas para profissionais terceirizados demonstrem seus serviços e sejam contratados pelos alunos, muito além de organizar feiras de profissões ou aplicar testes vocacionais.

É necessário um processo de autoconhecimento continuado, que mostre a realidade do mercado, que mostre a importância da responsabilidade e da seriedade, do desenvolvimento interpessoal na construção de uma pessoa melhor, de um jovem comprometido com seu futuro e com uma sociedade que em breve, exigirá muito dos jovens formados. Por isso, sempre repito: a escola vai muito além do ENEM, muito além dos vestibulares!

 
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