Logo da Universidade do Estado de Santa Catarina

Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Março/2020)

SOCORRO! Quando os pais negam as dificuldades de aprendizagem de sua criança.

Escrito por Sandra Petry

Início de ano letivo é sempre igual... nos primeiros dias o professor fazendo a sondagem de seus alunos para conhecê-los e saber seus níveis de aprendizagem. Não raro percebem que existem, na turma, alguns alunos que apresentam dificuldade.

Neste momento começa a preocupação: Qual a origem de sua dificuldade? É orgânica? É cognitiva? É emocional? O que fazer para que aprenda e acompanhe a turma?

Porém, é difícil para o professor, frente a uma turma lotada, identificar déficits de aprendizagem, pois não recebe formação para saber identificar a demanda. Veja: não se fala em tratar, mas identificar para encaminhar com mais precisão, orientando pais e alinhando ações com os especialistas da escola.

Em muitas situações é necessária a avaliação por especialistas (médico, neuropsicólogo, psicólogo clínico, psicopedagogo, fonoaudiólogo). Se a família é receptiva e aceita as orientações da equipe escolar, logo buscará os especialistas que poderão ajudar seu filho a descobrir e tratar essas dificuldades.

O problema está quando os pais são chamados e alertados pela escola, mas negam a situação. Sentem-se frustrados quando percebem que seu filho tem alguma dificuldade na escola, chegando a negar o problema.

Aliás, a negação é um mecanismo de defesa que o ego utiliza, para privar o sujeito de perceber a incômoda realidade. Perdem tempo procurando “culpados”... Estão apenas camuflando a situação

Enquanto isso a criança sofre, por não saber explicar a razão de não se concentrar ou porque esquece o que o professor acaba de ensinar, o motivo que a faz copiar, mas não entender o texto. É possível que tenha algum transtorno ou dificuldade de aprendizagem, que lhe impede de acompanhar e render o que é esperado para sua idade e turma.

Sente-se cada vez mais acusada, desiludida, “culpada” com tantas acusações e cobranças que logo começa a dar sinais de baixa autoestima, desinteresse, inferioridade – sentimentos que podem se prorrogar na adolescência e até se agravar - e, mais tarde, gerar abandono escolar.

Na literatura encontramos diversas referências que a família pode estimular ou destruir a vida escolar de seu filho, conforme suas atitudes e decisões. 

Cabe aos pais enfrentar esta dura realidade e tornar-se protagonistas na educação, ajudando e apoiando seus filhos para que superem suas dificuldades de aprendizagem. Na maioria dos casos a criança, com a devida atenção e correto atendimento, consegue enfrentar os obstáculos que estão diminuindo seu ritmo, mesmo que seja um processo mais lento.

O ideal é buscar soluções, em vez de culpados. Vejamos algumas frases comuns ouvidas na escola e no consultório:

“Isso é da idade, daqui a pouco passa;” “É culpa da mãe (ou pai) que não sabe educar;”

”É essa professora - ou escola - que não sabe ensinar direito! ” (“É manha – ou preguiça). 

“Ah, vamos esperar sair as primeiras notas... se precisar, depois do boletim a gente vê o que faz”. O que pode piorar, pois a criança tem expectativas e, percebe que “fracassou”, desestimulando-se ainda mais.


Até pode existir a situação de alguma das partes envolvidas no aprendizado da criança esteja falhando. E, por isso mesmo, a avaliação correta do professor, da escola e a aceitação “precoce” dos pais pode ser a salvação atual e futura da aprendizagem e pelo gosto de estudar desta criança.

Uma boa orientação para ajudar esses alunos a COMO APRENDER, explorar suas habilidades de estudo e gerar sucesso escolar e na vida, incentivando-os de forma positiva.

Com uma correta avaliação, o professor torna-se amigo e aliado. Com um laudo, o aluno tem atendimento escolar direcionado a reduzir suas necessidades e dificuldades.

A criança deseja se sair bem na escola, superar-se, ser admirado, aprender! Mas de uma forma que se sinta capaz, plena, funcional, com apoio da escola e da família, tornando este aprendizado significativo.

Portanto, quando os pais superarem seus medos, suas angústias, pararem de se culpar ou de procurar culpados, conseguirão enxergar seu filho como um ser humano, com ideais, sonhos, expectativas.

Quando aceitarem que possa sim, haver alguma dificuldade de aprendizagem que precisa ser diagnosticada e tratada.

Assim, poderão também perceber seu filho evoluindo, crescendo, prosperando e sendo feliz.

 

Sandra Petry é pedagoga, orientadora educacional, especialista em Psicopedagogia e em Interdisciplinaridade. Trabalha como orientadora na rede pública de João Pessoa-PB, como professora de Pós-Graduação e (ufa!) atende no consultório de Psicopedagogia. Pilota motos, cuida dos filhos e da sua arara! (sim, dá tempo!)

 
ENDEREÇO
Av. Madre Benvenuta, 2007 - Itacorubi - Florianópolis - SC
CEP: 88.035-001
CONTATO
Telefone:
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Horário de atendimento:  13h às 19h
          ©2016-UDESC