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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Abril/2016)

AONDE ESTÁ O ENSINO DA ÉTICA NAS ESCOLAS?

Escrito por Gilmar de Oliveira

Vivemos um momento crucial para nosso país. Os jornais noticiam, a cada dia, escândalos de corrupção que partiriam em pedaços qualquer governo de uma nação “séria”. Aliás, o povo derrubaria todo e qualquer governo com uma fração do que se vê diariamente na televisão.

A classe estudantil, outrora tão politizada e tão importante na construção da democracia e de um sentimento de nação, sequer se mobiliza para opinar sobre a situação atual ou ao menos para dizer que existe. Claro que, isto se deve às ligações históricas dos movimentos estudantis com os partidos de esquerda, hoje no poder, fazendo o contrário do que pregavam e eles mesmos protagonistas diários de esquemas de corrupção. Mas, nossos jovens não são mais aqueles de outrora, antenados no mundo.

Outra questão importante para entendermos a inércia de nossa classe estudantil é a ausência do Ensino da Ética nas escolas. Ainda que timidamente, muitas escolas particulares passaram a substituir as aulas de Ensino Religioso por Formação Humana, Ética e Cidadania. Já é um avanço, desde que nestas aulas as discussões e temáticas sejam realmente de temas vivenciais e estimulem o pensar.

O que se vê é que o “conteudismo” neurótico de todas as disciplinas voltou com força total, com a insana e desrespeitosa desculpa de “fazer passar no ENEM”, obrigando cada vez mais cedo os alunos a rotinas excruciantes de assuntos desnecessários em 99% da vida de todos. Podem até dizer: “Ah, mas outros países ensinam por mais horas por dia”. Sim, mas com aulas dinâmicas, onde tecnologia e raciocínio vivencial caminham juntos, dinamizando aulas com saberes usuais.

 

Trata-se AINDA, em plena Era da Informação, de um ensino morto, enciclopédico, que qualquer computador resolveria o problema de “passar conteúdo”, matando a verdadeira função da escola, que é ensinar a pensar, a raciocinar e compreender a vida, o mundo, os dilemas, a ter opinião crítica e uma visão transformadora do mundo e de seu meio. No modelo atual de escola, que ainda persiste e até parece voltar com força total, pode-se dispensar todos os professores, pois com as tecnologias atuais e as mídias de acesso à informação resolve-se bem melhor esta necessidade criada de apenas repassar dados, sem transformá-lo em conhecimento. A verdadeira função da escola, que é ensinar a ser, a transformar, a entender e modificar, está morta e esquecida.  Talvez porque não se deram conta que INFORMAÇÃO NÃO É NADA; CONHECIMENTO E ATUALIZAÇÃO SÃO A BASE PARA TUDO!

 

A Ética poderia ser, a meu ver, uma disciplina diluída em todas as outras, não necessariamente uma cadeira isolada. Mas com um professor da área (Filosofia, Sociologia) trabalhando com todas as outras disciplinas, coordenando projetos integradores na escola toda, levando às discussões sobre as famílias, a sexualidade, a economia, a moda, a política, as leis, os planos de futuro, o consumo, o dinheiro, a estética. Aulas que passariam a analisar valores morais, mas não a ensiná-los, pois como eu já disse neste espaço, algumas vezes: ensinar moral é um veneno, pois a moral muda e é um olhar individual sobre um valor ou princípio; já a ÉTICA é universal, permanente, não impõe, apenas trabalha a compreensão de princípios que são necessários para o bem comum, à coletividade.

 

Pensar na coletividade, no bem comum, eu creio que seja a maior de todas as faltas que nossa sociedade comete. Ainda estamos no pensamento medieval de salvar apenas a nós mesmos dos males, sem nos importar com os semelhantes nem com o ambiente. Isso, num mundo dinâmico, é tão venenoso quanto ter opiniões rasas ou nenhuma opinião sobre nada. Aliás, no modelo atual de escola, apenas reforçamos o vazio das cabeças reproduzido nas famílias. Pais que mal dialogam com crianças, que dão ideias prontas, que se sentem culpados e são dominados pelos pequenos devido às suas culpas internas, deixando o papel de educadores para uma escola que, por sua vez, se preocupa com o conteúdo, uma instituição inerte frente a alunos desinteressados, mal educados, travados, sem opinião própria, alienados, sem autocrítica, criados por bananas com olhos no ter, no status e inseguros até a raiz dos dentes clareados a laser. 

 

O ensino da ÉTICA ajudaria muito a formar cabeças pensantes, a trabalhar a Filosofia dentro de todas as áreas, a formar pessoas com conhecimento, senso crítico, capazes de intervir no seu meio, de propor soluções numa sociedade zonza e perdida. Aliás, sociedade esta que elege justamente as pessoas que, a cada dia mais provado, simplesmente desconhecem o real valor da palavra ÉTICA.

 
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