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Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Julho/2014)

Cuidado com a escola é medida de qualidade educacional

Escrito por Gilmar de Oliveira

Você quer conhecer uma boa escola? Vá até o banheiro dos alunos. Se ele for limpo, as chances de você estar numa escola com alta qualidade de ensino são muito grandes. Se tiver toalha de papel, tampos de bacio, portas preservadas, se ele não feder, a escola tem qualidade de ensino elevada.

Quer ir além, mas não quer comparar com banheiro? Tente verificar o chão do pátio, a limpeza das salas. Quanto mais limpos, melhor o nível de aprendizado, das aulas e da gestão escolar e pedagógica.

Sala depredada, carteiras riscadas? Péssimo nível de ensino. Paredes limpas? Professores competentes. Recreio barulhento, gritado? Aulas ruins. Brigas, vandalismo e roubo no entorno da escola? Péssimo nível de ensino.

Vou além: pais que não respeitam o trânsito na frente das escolas na hora de entrada e saída? Quanto pior o trânsito, pior as aulas dentro das salas de aula!

O que a qualidade do ambiente tem a ver com a qualidade das aulas? Simples: boa ou má gestão. Um diretor que cobra a sua equipe não admite banheiros imundos, sujeira no pátio. Não admite depredação do patrimônio escolar, nem vagabundos perto da escola; lança campanhas, broncas e até chama a polícia para coibir os crimes de trânsito, mesmo dos pais mal educados.

Um diretor obsessivo fiscaliza o trabalho de todos, cobra resultados. Não admite aluno sem uniforme ou professor com filme pirata, laboratório com programas piratas, corrige a zeladora com o pano encardido ou sem luvas. Pede plano de aula, cobra da supervisora, chama os relapsos!

Os alunos sentem a diferença. Uma escola com vasos bem cuidados, sem riscos em carteiras tem alunos que se valorizam, que sentem o zelo e dele fazem parte, sentem rigor e respeito.

Quando um vidro é quebrado ou um material do patrimônio é danificado, o que leva um gestor evitar de se fazer uma queixa-crime? Houve crime e alguém tem de ser responsabilizado. É assim que funciona no mundo real, civilizado e no mundo corporativo. Normalmente, a escola evita a denúncia por não querer colocar polícia no ambiente escolar, em criminalizar uma má atitude. Ou seja: conviver com a lei e a punição dos atos ilícitos é errado, polícia é ruim; conviver com o crime, o erro, o descaso e a impunidade é comum (nunca será normal), é aceitável. O QUE SE ESTÁ DIZENDO AOS EDUCANDOS?

Quando não se pune o infrator, abre-se brecha ao desrespeito e o aluno sente-se sem valor. Sem perceber, perpetua-se a omissão, a indiferença frente ao erro, ao crime, à omissão do zelo e da responsabilidade. Aplicar cedo a ÉTICA na escola e o rigor nas regras é construir um país sem corrupção!

Não, não é exagero. É o dever. Estamos tolerantes demais com contravenções e crimes, parece que é errado cobrar o certo, desde exigir o silêncio do vizinho barulhento, ou denunciar sonegação.

O bom gestor chama o professor relapso para "uma conversinha" e mostra-lhe pulso firme. O bom gestor nunca põe "panos quentes" e não está no cargo para agradar ninguém, muito menos mau profissional, sendo rigoroso com o erro.

O bom gestor educacional jamais deixa de tomar sérias providências para melhorar o trânsito, evitar drogas, espantar desocupados e repelir ambulantes e cobrar bom nível de ensino em sala. Nem combina cobrar ordem e deixar a farra rolar nas salas. Age-se!

Um bom gestor jamais deixa que uma disciplina se torne palanque político ou religioso. Cristianismo, islamismo, budismo, candomblé tem os mesmos tamanhos. Professor que passa ideologia política ou faz pregação religiosa (oração cristã na sala é uma falha ética) é admoestado e orientado a ser neutro e ÉTICO dentro do ambiente escolar pelo bom gestor.

Os alunos sentem a atuação da equipe. Sabem desde cedo a respeitar as regras e entender o mundo. Passa a valorizar o coletivo em detrimento do individual, detalhe que faz toda a diferença na vida da sociedade. O aluno passa a preservar, a zelar, a respeitar e exige respeito. Entende que é mais eficaz fazer o certo. Gestor eficiente sabe que cobrar o certo dá menos trabalho que inventar desculpas, que mendigar verbas de reformas. Exigir do mestre dá resultado na vida futura do aluno. Pois este aluno pode ser um mestre ou um ladrão; depende da cobrança, depende, no fundo, do banheiro limpo na escola!

 
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