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Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Abril/2014)

Porque as escolas públicas não têm psicólogos?

Escrito por Gilmar de Oliveira

A capital da Paraíba, João Pessoa, na sua rede municipal de ensino, implantou psicólogos escolares e assistentes sociais no seu quadro de funcionários, atuando de forma conjunta também com orientadores e supervisores escolares. As notas do Ideb começaram a subir, mostrando a validade dessa parceria. A nota do Ideb da escola dos meus filhos (nos mudamos recentemente para esta cidade) é a segunda maior do Nordeste, a    melhor da Paraíba, dentre    públicas   e particulares: 6,1.

 Chama-se Aruanda. Pode ser que os profissionais da sala de aula tenham feito a diferença, também creio nisso, mas é inegável que a presença de psicólogos nas escolas municipais tenha relação com o aumento das notas nas provas de verificação.

A imensa maioria das cidades e dos Estados não pensa na questão. Afinal, a imensa maioria não vê como positivas a melhoria da qualidade das aulas, dos conteúdos e da formação da cidadania.

Agora, por exemplo, para o deputado estadual Kennedy Nunes, é prioridade aprovar o projeto de distribuição de kit’s bíblicos nas escolas públicas, com dinheiro do povo (cristãos e não-cristãos) embora o Estado seja laico (neutro; leigo, creio que ele nem saiba isso). Para tal deputado (evangélico), só existe cristianismo no mundo. Ele poderia usar a mesma força política para o projeto de psicólogos escolares nas escolas estaduais. Mas isso não agradaria seus eleitores. Nem ajudaria a alienar o povo.

O papel do psicólogo escolar é o de atuação no planejamento e execução de ações específicas para a saúde mental e o equilíbrio educacional dos membros da comunidade escolar.

É o profissional que analisa, discute, coordena e delimita ações voltadas para a aprendizagem, para a formação da cidadania, para o equilíbrio das relações entre os atores da cena educacional e suas correlações: professores e especialistas, funcionários da escola, alunos, pais, profissionais da saúde (nutricionistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, médicos...) que trabalham com o contexto escolar. 

O psicólogo escolar trabalha com a análise das metodologias de trabalho, colaborando na parceria com supervisores, orientadores, coordenadores pedagógicos. Tanto na orientação de práticas de ensino efetivas, para esclarecimento sobre as questões do desenvolvimento mental, maturidade do desenvolvimento para determinadas abordagens, quanto nas formas de avaliação, de recuperação de déficits de aprendizagem e no desenvolvimento de projetos de ensino.

Também atua nos processos de inclusão, onde se estuda e se implantam as melhores práticas de inserção da pessoa com deficiência na comunidade escolar.

Outra vasta gama de atuação do psicólogo escolar é na identificação de dificuldades, distúrbios e problemas de aprendizagem, como dislexia, discalculia, déficits de atenção, distúrbios de maturidade de desenvolvimento ou de personalidade.

Também atua na instrumentalização de educadores para lidar da  melhor forma possível para a aprendizagem de todos. Trata do  encaminhamento, providencia-se o devido retorno para a comunidade escolar: diagnóstico profissional, comunicação com os pais, procedimentos, orientações, esclarecimentos, preparo das turmas para lidar com as diferenças, preparo e capacitação dos professores, análise das atuações dos demais profissionais são algumas das atuações a partir dos distúrbios de aprendizagem. Capacitar e instrumentalizar professores, pais e comunidade escolar para lidar com as diferenças advindas de danos à aprendizagem ou ao comportamento também entra nesse rol.

Outra atuação do psicólogo escolar abrange o debate de temas sociais que desenvolvam a cidadania e o preparo para um mundo pluralista: sexualidade, a prevenção contra o Bullying, a compreensão das sexualidades, a prevenção ao uso de drogas lícitas e ilícitas, os debates sobre temas polêmicos na sociedade, como a pedofilia (e sua prevenção) a compreensão sobre as leis e a cidadania, sobre o consumo e o consumismo, sobre o meio ambiente, sobre a amizade, o respeito às diversas religiões cristãs e não cristãs, o respeito às diferenças culturais em geral são da alçada do psicólogo escolar. Promover a amizade, prevenir e mediar conflitos na comunidade escolar também faz parte do trabalho.

O diálogo com os pais nas suas dúvidas, ouvir as queixas dos alunos sobre suas famílias e sobre suas vidas, lidar e colaborar com órgãos de defesa do Menor, como Conselho Tutelar e Promotoria da Infância e Juventude fazem parte das ações da Psicologia Escolar.

Ou seja, é ou não e um universo amplo e maravilhoso a Psicologia Escolar? Pena que os políticos não lêem jornais, muito menos os de Educação. Talvez, se você mandar este texto a um deputado ajude a trazer um projeto de inserção de psicólogos escolares. Tente! Para o Kennedy, mandemos todos!

 
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