Escrito por Gilmar de Oliveira
Achei por acaso um desses artigos que recortamos da internet, salvamos e nunca mais lemos. O articulista é LuliRadfahrer, professor da USP, consultor internacional em Comunicação Digital e Tecnologias, que escreve no site da folha.
Tal artigo (Uma Longa Adolescência, publicado em www.folha.com em 02/01/2012) me fez pensar sobre o enorme abismo que existe entre a forma de educar nos países desenvolvidos (e até os que estão no mesmo patamar do Brasil, como México e Colômbia) e a forma que impera. na grande maioria das escolas nacionais.
Como ainda é arcaica nossa forma de querer ensinar! Muito pouco se ensina, nosso ritmo lento e nossas ferramentas educacionais atrasadas impressionam negativamente qualquer estrangeiro. O que vejo nas escolas que visito é que, mesmo os educadores que se utilizam de computadores nas salas e ambientes tecnológicos, exploram muito pouco os recursos disponíveis.
Um viajante do passado não reconheceria este mundo digital, mas reconheceria a escola como igual àquela do seu tempo.
Fomos educados a resistir ao novo, aceitar a verdade como algo que não muda, a preservar o antigo. Lembram-se dos aparelhos de casa? Éramos proibidos, enquanto pequenos, de mexer nos botões do rádio e da televisão.
Hoje em dia, as crianças tocam, interagem e operam os aparelhos sem cerimônia. Chegam às escolas mais familiarizadas com computadores do que com lápis de cor, mal diferenciando, como diz Radfahrer, o Google de Deus.
Os educadores precisam entender que nossos alunos já nasceram inseridos numa outra lógica, num contexto digitalizado, onde não há mais medo nem de quebrar o aparelho, nem de explorar novidades, principalmente as tecnológicas, que já estão nos lares ou no desejo dos alunos. Nada de futuro, pois isso já é presente.
O saber é dinâmico; necessita de ferramentas igualmente dinâmicas para ser repassado com interesse. Exige esforço, atenção e atualização para serem entendidos e aplicados.
Professores de sucesso estão sempre um passo à frente dos alunos porque sabem que atualmente só atrai a atenção o que é inusitado e multimídia. Ir contra esta tendência é enxugar gelo. E só se aprende quando se desperta curiosidade e desejo, quando chamamos a atenção para um desafio, numa linguagem (canal) compreensível.
As formas de exposição do conhecimento, hoje muito mais dinâmicas e claras (apesar de mais resumidas, pouco profundas), precisam ser vistas como parceiros e não mais inimigos do conhecimento.
O uso dos recursos digitais presentes em celulares, tablets e computadores precisa ser prática constante, usados como ferramentas educacionais, um recurso que aproxima o aluno da informação e a transforma em conhecimento.
Professores que já fazem isso em seu cotidiano ganham o respeito dos alunos, que passam a valorizar as aulas e buscar mais conhecimento.
A devoção docente para o "copismo", "resumismo" e "questionarismo" impressiona e ainda reina, em 2012!
Mas... Como os professores podem fazer melhor, se atualizar, se os políticos "cuidam" da Educação?
Nossos mestres, saturados de cursos inócuos, fazem cara feia a qualquer curso ou novidade que venha "de cima", por preguiça, desilusão ou baixa autoestima.
Ao mesmo tempo em que lhes faltam tempo e vigor para pesquisarem, falta-lhes dinheiro para adquirir instrumentos ou capacitação por conta própria (nem devem; é dever do Estado!).
Aqui na região, os politiqueiros usam o dinheiro da Educação para comprar uniformes, mochilas e material escolar, mas falta verba para oferecer cursos e aparelhos adequados à nova forma de ensinar ou mesmo pagar melhor aos professores.
É a podridão da politicalha atrapalhando a Educação e recebendo aplausos do povo abobalhado, babando por uniformes xexelentos (onde alguém lucra no esquema), sem lembrar que pagam por eles.
É a dependência dos cidadãos a um Estado paternalista e eleitoreiro. Como disse um amigo, alemão: "Triste do país onde os pais não conseguem oferecer nem material, nem uniforme aos filhos. Pior ainda quando até conseguem, mas ninguém se opõe a recebê-los do Estado!".
Será que alguma tecnologia conseguirá nos salvar? Afinal, mediocridade ou midiocracia?