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Jornal da Educação

Psicologia e Educação (Edição Outubro/2009)

A dor e a delícia de SER PROFESSOR

Escrito por Gilmar de Oliveira

Escrevo este artigo justamente no dia 15 de outubro, dia do professor. Tenho sido um ferrenho crítico à atuação dos professores da região norte de Santa Catarina. Tanto por serem vítimas passivas do mau ensino universitário quanto por deixarem o desânimo tirar a magia da busca por qualidade nas aulas. Ser crítico é querer o melhor, é se preocupar por um futuro melhor para nossos filhos. 

A busca pela qualidade e pela superação deve ser o norte de todos, principalmente do professor.

Afinal, o que é ser professor? Qual é o perfil do professor ideal?

Não há nem deve haver professor perfeito. Não existe aula perfeita, nem ser humano perfeito. A aula é essencialmente uma relação de feeling, de percepção entre o professor e os alunos, mediados por um conhecimento multiplicado e exposto a novas inserções.

Assim, o professor é a peça primordial para que possamos fazer o que nossa programação genética exige desde que nascemos: aprender, comunicar, pensar, conviver. 

Um professor ideal é aquele que sabe ouvir. É receptivo, equilibrado nas ações de ouvir e de expressar. Alguém que seja ao mesmo tempo imaginoso e "pés-no-chão". 

O professor nota 10 coloca a ansiedade para escanteio, pois faz do planejamento e do domínio de conteúdo os maiores aliados de sua racionalidade. Assim, traz consigo a segurança. Não é frio; é gentil, educado, cordial, sorridente e afetuoso, ainda que sua neutralidade o leve a usar a razão e a ciência antes de tudo. O professor-modelo é um cientista e um artista. Aprende e ensina, precisa de pessoas ouvindo-o.

As atividades do professor ideal são planejadas para educar, divertir e despertar o gosto pelo saber mais. Tais atividades se envolvem por uma conversa interessante, sagaz, atualizada e curiosa, atraindo os alunos para o novo, para a busca de sentido em cada atividade, em cada assunto. Ou seja, dentre os traços ideais estão a criatividade, a iniciativa, a organização mental, a perseverança e a auto-estima elevada. Fatores que nos tornam pessoas saudáveis, antes de tudo. 

Os alunos do professor nota mil são exigentes, são barulhentos, mas são organizados. Riem muito, são críticos, mas não desdenham, apontam saídas e propostas, buscam mais conhecimento, trazem complementos às aulas e silenciam quando o grande mestre inicia sua explicação. A bagunça é fruto da impaciência, da falta de soluções, do saco-cheio que apela ao autoritarismo, ao grito, á ameaça. Um professor-fera, modelo, ideal é apenas alguém que é paciente, criativo e que sabe cativar.

Um professor genial é aquele que antes de ensinar por explicações, ensina por seu exemplo. É o que pratica o que ensina em seu cotidiano, que mostra a finalidade de cada tema, que insere na vida de cada aluno novas idéias e possibilidades. Não força a novas condutas, mas abre um leque de opções a muitos alunos que, sem esta grande figura, não teriam alternativas de transformar sua vida.

Ser um professor-modelo é acordar vibrando com a nova aula, com os novos assuntos, com as atividades que vai trabalhar em sala. Como um novato, mesmo prestes a se aposentar. Todo dia, para este professor, é o primeiro dia de trabalho e o último. Não importa seu tempo de carreira, ele sabe da responsabilidade, das dores do ofício e da chance que tem de fazer a diferença.

Seus alunos o admiram pelo conhecimento, pelo preparo e pelo respeito que tem pelos alunos. Não por ele ser a autoridade, mas por esta vir de seu conhecimento e de sua relação saudável com seu grupo. Repare: o preparo, a criatividade e o carisma do Mestre deixam a turma envolvida; a aula flui bem.

Para isso, é preciso ser paciente e abnegado, determinado a não esmorecer, porque sabe o mestre que sua jornada é longa, que a vida moderna incita à diversão rápida e vazia, a falsos caminhos que atraem os mais jovens e nada formam. E sabe o mestre que seu sacrifício não é recompensado com um salário digno. Mas ainda assim, não se permite ser um profissional que ensina mal porque recebe mal. 

A recompensa material virá quando o professor reassumir sua auto-estima e sua dignidade na eficácia plena de seu trabalho e da cobrança para que todos assim procedam.  A sociedade voltará a respeitar o professor quando nossas atitudes voltarem a ser transformadoras de vidas, com nossa conduta e nossa formação. A luta de ser o mais próximo da perfeição deve existir mesmo que estejamos mais próximos do erro e da podridão. O modelo para que nossa sociedade siga o caminho de um mundo melhor vem de quem dirige a sala de aula com ÉTICA. Um professor não deve ensinar valores: deve vivê-los. 

Ser educador no Brasil (o país mais desigual do mundo) exige do professor ideal a busca constante da dignidade e da competência, ambas univitelinas. Ser digno, como professor, traz respeito e novas condutas nas salas mais desordeiras, na escola mais desorganizada, nos dirigentes mais corruptos e dos colegas mais estressados e perturbados. E, como resultado, o professor digno e competente transforma a Educação em VIDA. Fácil não é, mas caro Mestre, tua busca será recompensada!

Só quem é MESTRE sabe a dor e a delícia de fazer a diferença, nem que seja para uma vida, apenas. 

PARABÉNS MESTRE! Minha vida foi salva por mestres preparados. OBRIGADO!

 
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