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Jornal da Educação

Notícias Anteriores (Edição Setembro/2020)

Em tempos de ‘homeschooling forçado’... Equipamentos compartilhados

Escrito por Maria Goreti Gomes

Com a palavra a professora 

Professora: Vanessa Bittencourt, 19 anos de magistério.
Turma: Educação Infantil, Colégio Siloé, Joinville.

“A pandemia do corona vírus forçou uma reinvenção por parte dos professores e gestores em relação a novos métodos de aplicação de aulas. Com o fechamento das escolas, tivemos que nos acostumar com câmeras, edição de imagens, vídeo aulas, e pensar em atividades que possam ser executadas em casa com a família. Lembramos que os pais também estão de home office.

Os desafios foram enormes, primeiro buscar treinamento para usar as ferramentas para ministrar aulas online. A escola disponibilizou um curso de dois dias com uma consultora da google. Foi importante e esclarecedor. Conhecer as ferramentas foi o primeiro passo para esta nova modalidade de ensino -EAD.

O segundo desafio é planejar e proporcionar atividades atrativas para os alunos. E terceiro e principal, estudar meios de avaliar os alunos e medir se realmente estão aprendendo com o ensino a distância. Sem dúvida, neste momento eu, como todos os professores, estamos trabalhando mais do que antes da pandemia.

Tenho ido para a escola no período da tarde para aulas online, mas em outros horário estou disponível para tirar dúvidas, receber as tarefas, fazer cursos, planejar etc. Estamos tentando de tudo para diminuir os impactos da pandemia e ajudar as famílias no que for preciso.

Sou professora de educação infantil da rede privada de Joinville, jamais pensei que poderíamos ensinar a distância, principalmente para os pequenos. Minha turma tem entre 5 a 6 anos.

No início, as aulas online foram difíceis. Todos queriam falar ao mesmo tempo, queriam mostrar todos os brinquedos da casa e seus bichinhos de estimação. Com o tempo, combinados precisaram ser criados para uma boa convivência virtual.

As crianças são muito espertas, logo pegaram o jeito, mas o tempo de concentração é curto, então, aulas criativas e dinâmicas precisaram ser elaboras. Observo também que os alunos que participam diariamente das aulas online, não saíram prejudicados e estão aprendendo todos os conteúdos que seriam repassados em sala. O ensino está acontecendo.

Na aula online com os pequenos, em geral, os pais precisam estar juntos para ajudar a usar o computador. É novidade para o professor, acostumado a assumir a educação da criança na escola. Normalmente a intervenção era feita somente pela professora, em sala, tivemos que nos adaptar e os pais assumiram também este papel.

O interessante é que os pais ficaram mais próximos da educação dos filhos neste momento. Muitas vezes em saber, por exemplo, qual o método utilizado para a alfabetização dos pequenos.

Perguntas começaram a surgir, então o professor passou a dar consultoria também aos pais. ‘Prof. ele está escrevendo espelhado, e agora, o que eu faço, corrijo ou não?’. ‘Não quer fazer as atividades, só brincar’. A escola passou a dar assistência para as famílias no ensino em casa e está fazendo um ótimo trabalho.

Em meio à experiência que o mundo todo está vivendo, ainda não é possível mensurar o impacto do distanciamento social em nossas vidas. É fato, porém, que o estresse, a ansiedade e a angústia são sentimentos que muitos de nós estamos experimentando, incluindo as crianças. Muitas vezes de forma inconsciente, mas que se expressam em momentos de agitação, raiva, impaciência e distúrbios de sono.

O difícil, com certeza, é a saudade, sofremos com o distanciamento social. Sentimos falta da rotina, dos amigos, das brincadeiras, risos e gritinhos. Principalmente de estar em sala de aula no convívio diário com os alunos.

A sala de aula é uma troca de saberes, ao mesmo tempo que ensinamos, aprendemos muitos com os alunos. Os beijinhos, abraços e as palavras de carinho fazem muita falta. Certos de que sairemos mais fortalecidos, seguimos confiando em Deus, e tudo vai ficar bem”.

 

Com a palavra os  pais...

Pai- Maicon A. Mannrich
Filha - Maria Helena Campelo Mannrich, aluna do 3º Ano, da Escola Municipal Domingos José Machado, localizada no bairro Ilhotinha, Ilhota (SC)

“As atividades do dia a dia são passadas pelo aplicativo WhatsApp. Os trabalhos e provas temos que ir lá na escola buscar. Devemos bater foto fazendo as atividades juntos e mandar.

Eu acho legal as atividades de educação física do professor Marcelo Félix. Ele pede para filmar a atividade e os pais devem aparecer junto. Na última atividade, ele pediu para fazer uma rima. Então, a Maria estava fazendo a rima e eu tive que dançar atrás dela. O legal é que o professor tem um canal no YouTube e sempre pede autorização para publicar as atividades mais criativas dos seus alunos.

As outras disciplinas como português, matemática, história, geografia eu detesto ajudar, porque tem muita coisa que eu não lembro. Então, sou obrigado a pesquisar na internet. A Maria fica brava. Ela não entende: ‘como você não sabe pai, que vergonha’, fala.

A Maria não gosta de estudar em casa, porque a professora dela tem mais paciência para ensinar, não precisa procurar na internet e sempre responde as perguntas dela com certeza. Falou ainda que está morrendo de saudade das amigas, das brincadeiras e das conversas no Recreio”.

 

Dificuldades com as aulas online

“Principalmente para pais de adolescentes, que é o nosso caso, que sempre buscamos tirar os filhos da frente do computador, a pandemia só fez com que eles se voltassem ainda mais para a tecnologia. Passaram a ter dupla jornada em frente ao computador, uma de tarefas escolares e outra de lazer. Chegando a ficar até 12 horas”, registrou Vanessa e seu marido Gladionor Ramos .

“Precisamos estabelecer uma nova rotina e organizar a casa. Primeiramente adaptar e preparar o ambiente para que as aulas online acontecessem. “Muitas foram as dificuldades e desafios. Tivemos que disponibilizar equipamentos para atender os dois filhos que teriam aulas no mesmo horário.

Outra dificuldade foi a qualidade do sinal da internet. “As empresas não tem capacidade para fornecer o que cobram. O sinal cai e a criança fica sem assistir a aula, ou às vezes sem fazer a avaliação”.

“Nós dois não estávamos em homeoffice. Então eles tiveram que se virar sozinhos. “Às vezes não tínhamos alguns materiais em casa e as atividades se acumulavam. Mas faz parte”, acrescentam.

“A escola foi super atenciosa com toda esta mudança na modalidade de ensino, nos auxiliando com as nossas dúvidas e anseios. Todo mês recebemos um informativo dos gestores por e-mail com os direcionamentos.

Nos proporcionaram também uma reunião de pais pelo meeting, com o objetivo de escutar nossa opinião em relação as aulas e sobre as condutas de retorno às aula presenciais. A reunião foi com as três turmas dos sextos anos, a participação foi de 144 pais, e fosse presencial acredito que não teria adesão”, registram.

“Mesmo com todos estes desafios que estamos enfrentamos preferimos os nossos filhos com aulas em casa, sentimos mais segurança em relação a sua saúde. Temos um filho no grupo de risco e o outro que precisaria de transporte público para se deslocar até a escola. Sabemos que eles precisam de contato com pessoas, mas acreditamos não ser o momento ainda”, finalizam.

 

Com a palavra os estudantes

Estudante: Vitor Bittencourt Ramos, 12 anos
Aluno do 6ºano Colégio Bom Jesus - Bonja, Joinville

“Achei mais fácil as aulas online, tem muito mais conteúdo. Nas aulas presenciais, às vezes não dava tempo de copiar a rotina, era mais demorado e se a gente perdesse alguma coisa, não tinha como pegar depois. Com as aulas online gravadas, se perdemos algum conteúdo é só escutar a aula novamente, fica no aplicativo da escola. Ficou mais fácil inclusive de estudar para as provas, podemos estudar revendo as aulas.

Os professores também disponibilizam conteúdos e vídeos extras para estudo. A escola já usada o classroom para atividades extras, contribuindo com o estudo dos alunos. Isso facilitou o acesso, não era uma novidade ou algo desconhecido.

No início demorei um pouco a me acostumar com as aulas de idioma online, como não domino muito o inglês, tive mais dificuldade. As aulas eram rápidas, sentia a falta da minha professora e poder perguntar sempre que eu precisa-se. Com o tempo fui acostumando e revendo os conteúdos em outros horários.

Como tenho aula todos os dias, consigo ver e conversar com os meus colegas diariamente. Mas sinto falta de estar com eles, do intervalo e principalmente das aulas de educação física. Fazer exercício sozinho em casa não é nada legal. Em casa não tem espaço, não temos material e muitas vezes podemos até estar fazendo errado os exercícios.

O professor não está vendo, então não sabemos se está certo. Na aula presencial, o professor vai dando dicas.

Sinto falta também dos meus professores que sempre têm novidades para contar. Não acho chato ficar a tarde toda estudando e escutando a aula online, já estou bem acostumado. Pode até prejudicar um pouco a saúde, mas quando não tínhamos aulas online fazíamos outras coisas no computador”.

 

Estudante Murilo Bittencourt Ramos, 16 anos
Aluno do 1º Ano do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus

“Um dos pontos positivos de assistir as aulas em casa é a economia. Eu gastava com transporte diariamente e duas vezes na semana precisava estar na escola o dia todo, com isso, precisava almoçar em restaurantes.

As aulas online são ótimas, como as presencias. Tenho aula todas as tardes e duas manhãs. Os professores são criativos e conseguimos aprender com os conteúdos apresentados. Confesso que estou estudando mais. Os professores sempre colocam textos extras e estudos complementares.

Com os colegas, temos contato diariamente nas aulas e no grupo do whatspp. Acho que estamos nos saindo bem. Mas sinto falta de estar na quadra praticando esportes com a galera, nas aulas de educação física. E, do contato com os equipamentos e experimentos do laboratório, uma aula diferente e interessante”.

 
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