Logo da Universidade do Estado de Santa Catarina

Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Notícias Anteriores (Edição Junho/2020)

Em tempos de ‘homeschooling forçado’...

Escrito por Maria Goreti Gomes

Com a palavra um  pai...

“Eu sou brasileiro e não desisto nunca”

Pai: David G. da Silva, reside em Campos Novos (SC).
Filho - estudante: Yago, 9 anos, estuda no 4º Ano, da escola municipal CAIC Professora Nair Gris, em Campos Novos (SC).

“Quando soubemos, eu e minha esposa Sabrina Peixoto, da suspensão das aulas e isolamento social, devido a determinações do governo, logo a pergunta veio em nossas mentes ‘O que raios faremos com o aprendizado de nosso filho?’.

Afinal, essa idade é complicada; elas – as crianças – ainda não possuem base acadêmica suficiente para serem autodidatas. O que nos leva a segunda questão: ‘É isso mesmo, aventureiros dessa louca viagem chamada vida, nós teríamos que ser responsáveis por ensinar nossos herdeiros’.

Agora, meu caro amigo professor, você pensou no seguinte? ‘O que a escola tentou fazer por anos, um vírus conseguiu em questão de poucos dias’. Sim, unir escola e família é uma conquista imensa. No entanto, o corpo docente brasileiro não contava com um ‘pequeno’ empecilho; o despreparo total de seus profissionais e do material didático para lidar com a nova situação.

Lembram daquele comercial do pote de margarina? Do dia ensolarado, uma mesa farta; papai, mamãe e filhos rindo e fazendo piada com situações inusitadas que aconteciam à mesa?

Pois bem, foi exatamente o oposto – eu deveria ter pedido danos morais pela propaganda enganosa.

Nos primeiros dias vieram atividades em excesso. Ou seja, os professores deviam estar aflitos em recuperar o tempo perdido em sala de aula. Então, com as excessivas atividades, veio a falta de paciência dos alunos – claro, eu não vou admitir que estava sem paciência - e de tempo de todos para dar conta da demanda de exercícios e conteúdo.

Conforme se estendiam as horas de estudo conjunto, percebi uma coisa interessante. Eu olhava para o material do meu filho e me senti burro. Não devido a ter esquecido o conteúdo, mas porque eu não entendia o que o livro queria dizer. Ficou evidente o motivo de tanta dependência para conseguir concluir qualquer exercício.

Assim, tive outra epifania. Se para a minha pessoa, graduada em licenciatura, já era difícil entender as ambiguidades da apostila de meu filho, imagine para as pessoas que não tem sequer o ensino fundamental concluído? Na região em que moro, meio oeste de Santa Catarina, é comum não concluir o ensino fundamental.

Levemos mais a fundo ainda. E para as pessoas que não tem internet ou para o morador da periferia de grandes cidades? Geralmente, essas pessoas nem acesso à internet conseguem, quem dera ajuda das pessoas em casa para fazer seus exercícios – o que piora exponencialmente com apostilas mal redigidas.

Aí, meu caro leitor, você olha esse texto perplexo e pensa:
- Aaaahhh... mas você está generalizando. As pessoas têm acesso a internet hoje e estão mandando as atividades impressas para as crianças.

Realmente, o acesso à internet é facilitado. Mas, o que você me falaria da mãe que tem dois filhos em idade escolar?

Ou o pai e mãe que estão trabalhando o dia inteiro, chegam somente a noite e ainda tem que dar conta das inúmeras atividades dos seus filhos? E logo após precisam dar conta da casa, das roupas, preparar tudo para no dia seguinte tentar conseguir dar conta de tudo novamente?

Bom, nada que nosso espírito de brasileiros, o famoso jargão ‘Eu sou brasileiro e não desisto nunca’ ou talvez algum ‘tarja preta’ não resolvam. Não é verdade?”

 

Com a palavra a professora

Soraya Rachel Pereira, leciona inglês nas escolas municipais “Professora Eladir Skibinski”, “Professora Laura Andrade” e “Senador Carlos Gomes de Oliveira” e no Centro Educacional Micherrot (Bilíngue).

“Minha quarentena está sendo intensa. Estou fazendo mais atividades físicas do que antes! O começo foi mais tranquilo. No recesso fiz atividades físicas diariamente (faço muitas aulas online). O mais legal é que posso conhecer modalidades até então desconhecidas.

Acredito que a consciência corporal, o saber respirar corretamente, e o Hoʻoponopono têm sido grandes aliados de muitas pessoas pelo mundo, não apenas de professores.

Além disso, para aproveitar melhor o tempo e não ouvir só notícias ruins na TV, participei de correntes positivas nas redes sociais. Isso é bacana, pois acabamos nos surpreendendo com o olhar que o outro tem de nós.

No dia 18 de março de 2020 foi anunciado, que as aulas estariam suspensas. Então percebi a real gravidade da situação. Caiu a minha ficha.

Imaginei que teríamos muitos desafios pela frente. Eu participei como intérprete do “Programa O Caráter Conta” com professores americanos naquele período, e eles precisaram voltar rapidamente para os Estados Unidos.

Em abril, iniciamos as aulas com aplicativo online e demos continuidade no Google Classroom. No CE Micherrot, as professoras do Ensino Fundamental I utilizam a ferramenta Google Meet e eu opto por utilizar o Zoom para as aulas ao vivo com a turma do Bilíngue.

 

Professoras se reúnem para planejar atividades para o ensino remoto

No início, optei por gravação de videoaulas. Para os alunos do município, do 3º ao 7º ano, a Secretaria de Educação elaborou materiais impressos em forma de apostilas. A partir da 3ª semana, cada professor construiu seu próprio material.

Já estamos no módulo 7. Cada módulo equivale a uma semana de atividades escolares. Optei por manter um grupo no whatsapp com uma turma de 7ºAno, no qual lanço desafios semanais opcionais como criação de vídeos no TikTok, incentivo à prática da Língua Inglesa e tiro dúvidas. Para os alunos do 3º ao 7º ano, também lancei desafios de acordo com a quantidade de acertos no Quiz online (do Google Forms).

Como contar até 10 em inglês, dublar e dançar a música favorita, contar cambalhotas e dar pulinhos, entre outros. Também atendo mães e alunos que enviam mensagens com dúvidas/dificuldades e já atendi ligação também. Adoro ajudar! Estamos aí para isso!

A assistência aos pais e alunos ocorre pela plataforma Google Classroom, pessoalmente na escola ou whatsapp. Têm escolas que optaram por criar grupos, outras não.

Claro que têm os alunos que não estamos tendo contato direto (que não estão na plataforma), infelizmente. Estes, as equipes diretiva e administrativa estão atendendo na escola. Para esses, a prefeitura disponibilizou também aulas na Rádio Joinville Cultural FM 105,1”.

 

Com a palavra os estudantes

Aulas práticas são fundamentais

 

Estudante: Luca Giovani Boldt, 20 anos, acadêmico do curso de educação física do IELUSC.

Bolsista, trabalho em outra área para pagar 50% da mensalidade da faculdade, pois ganhou bolsa de 50% por conta de sua boa colocação no vestibular da ACAFE.

“Nossa faculdade parou com as aulas presenciais em março. Ficamos dois dias sem aula. Depois começamos a ter aulas remotas. O impacto inicial foi muito grande para a maioria dos acadêmicos. É mais difícil a concentração e manter o foco nas aulas. A internet oscila e alguns professores têm pouca experiência com a tecnologia”.

“Porém, o que mais fez falta são as aulas práticas. A vivência é fundamental para a formação do profissional de educação física. Por outro lado, a maioria dos estudantes questionou a continuidade da cobrança integral da mensalidade pela instituição”, acrescenta.

“Vejo isso como um equívoco dos diretores e coordenadores. Afinal, muitos acadêmicos (seus "clientes"), com a crise, ficaram desempregados. Como conseguirão pagar a mesma mensalidade, sem ganhar nada?”.

 

Estudantes da  UDESC

André e Ana Paula são estudantes bolsistas da UDESC Joinville.  Ele está concluindo  a licenciatura em Física e ela é caloura de Matemática. Sem aulas desde 17 de março, os irmãos foram afetados pela indecisão da universidade que deve iniciar o ensino remoto somente a partir de 22 de junho. 

 

Auxílio aos professores de Física

Estudante: André Luiz Sartori Gomes, 21 anos, graduando de Licenciatura em Física, na UDESC Joinville. Cursa disciplinas dos 6°,7° e 8° semestres.

“A UDESC paralisou suas atividades no dia 17 de março, e desde então é um “diz que me disse” sobre ter ou não ensino a distância. Até o momento, apenas foi decidido que o semestre não será cancelado.

Entretanto, são marcadas reuniões, onde são marcadas novas reuniões e nessa enrolação, se foram mais de 2 meses sem respostas. É inegável que a UDESC é uma instituição de excelência. Contudo, essa demora na tomada de uma decisão está prejudicando a todos.

Em uma situação normal, eu seria um formando do semestre 2020/2. Contudo, essa esperança se vai com a chegada da pandemia. Isso não é um problema para mim, visto que o Corona vírus vai trazer sequelas para todos, é inevitável. O que me incomoda é a demora na tomada de decisão, visto que estou parado, apenas revisando matérias.

Entendo que é uma decisão muito importante e difícil, visto que pesquisas mostraram que muitos alunos não têm acesso à internet de qualidade e computadores. E, caberia à universidade fornecer alguma alternativa para estes alunos. Além disso, ainda existe o grande problema do preparo dos professores, que terão de migrar para o meio digital. Alguns o farão sem grandes problemas, mas outros por sua vez, talvez nem consigam.

Não sabemos, é tudo uma incógnita para nós alunos. Até o presente momento, tudo é dúvida.

Além desses problemas nas matérias gerais, temos o problema dos estágios. Eu realizo estágio em escola pública. Como fazer um estágio EaD? Todos podem dar sugestões, mas qual a mais adequada, visto que o estagiário não poderá ter a experiência de sala de aula real?

Apesar disso, tenho a sorte de ser bolsista do Programa de Extensão Com Ciência, da UDESC Joinville. No projeto, nós nos adaptamos às necessidades dos professores de física, e estamos auxiliando, buscando materiais como simulações, vídeos de divulgação científica, de experimentos e vídeo aulas, para facilitar o trabalho do professor, ao montar suas atividades online”.

Para contato basta mandar uma mensagem via Instagram pelo Ver emailVer email

 

“Sou muito caloura, não tem como adiantar assuntos”

Ana Paula Sartore Gomes é caloura do curso de matemática, na UDESC Joinville.

Para ela, que ainda estava em fase de adaptação ao mundo universitário, a disposição em estudar por conta própria, esbarra também no desconhecimento do conteúdo programático do curso.

Como nenhum professor disponibilizou oficialmente conteúdos nem mesmo para revisão, ela optou por rever os ensinados nas três primeiras semanas de aulas. Pode contar ainda com a iniciativa individuais de dois professores, um disponibilizando conteúdos teóricos em seu blog. Nele os estudantes podem pedir explicações.

Outro professor, a partir de meados de abril, passou a oferecer aulas remotas por meio de um aplicativo da própria universidade. Para ela, “ é uma maneira de treinar os estudantes para as futuras aulas remotas”.

Em meados de maio, começou a fazer um curso de pré cálculo on line, ministrado por alunos das fases mais avançadas para os calouros.

“Eles pensaram nos calouros, esse curso está bem legal”, comemora. Adiantar assuntos, não tem como, porque eu era muita caloura. Aproveitei a quarentena para estudar e colocar meus exercícios em dia, mas sem orientação do professor, fica bem difícil”, afirmou.

“O meu tempo livre, estou estudando, revisando conteúdos e fazendo cursos on line de língua estrangeira e outros.

O restante do tempo ajudo a família na loja, cuido das plantas e faço outras coisas que gosto”.

 

A professora universitária

Cristiane Clemente, fisioterapeuta e osteopata, a professora leciona a disciplina Recursos Terapêuticos Manuais, no curso de fisioterapia da ACE - Faculdade Guilherme Guimbala.

“Quando a pandemia iniciou recebemos um comunicado da faculdade Guilherme Guimbala que a partir do dia 16/3/20 estaríamos trabalhando somente com auxílio da plataforma digital. Nesses 24 anos de docência nunca passei por uma experiência dessas.

Tive uma certa resistência em dar aula de forma remota por não conhecer o método e nem a tecnologia. Através de curso de capacitação on line recebemos o treinamento para utilizar as plataformas Google Classroom e Google Meeting.

Quase dois meses depois, acho que já estou me adaptando e conseguindo dar as aulas dessa forma. Afinal, é importante, muitas vezes, tentar se reinventar”...

 
ENDEREÇO
Av. Madre Benvenuta, 2007 - Itacorubi - Florianópolis - SC
CEP: 88.035-001
CONTATO
Telefone:
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Horário de atendimento:  13h às 19h
          ©2016-UDESC