Escrito por Eva Maria Siqueira Alves e João Paulo Gama Oliveira
Alunas em aula de Educação Física, 1936. Fonte: Acervo do CEMA
O evento cultural mais importante da década de 1870 na Província de Sergipe foi a criação do Atheneu Sergipense. Governava Sergipe o Tenente Coronel Francisco José Cardoso Júnior, que, movido por pensamentos reformistas, inovou o sistema da instrução pública. Naquela gestão, Manuel D’Araújo desempenhava o cargo de Inspetor Geral da Instrução, organizando então o ensino público sergipano e elaborando o Regulamento Orgânico da Instrução Pública da Província de Sergipe.
Dois problemas educacionais que vinham desafiando os governantes desde a década de 1830 foram resolvidos: a centralização das aulas de Humanidades e a criação do Curso Normal. Assim, em 1870, foi fundado o Atheneu Sergipano, instituição padrão do ensino secundário em Sergipe. Mesmo sofrendo modificações significativas de local de instalação, de tempo e tipos dos cursos oferecidos e de quadro de professores, o Atheneu Sergipense não se afastou dos seus objetivos: ministrar uma instrução secundária, de caráter literário e científico, necessária e suficiente de modo a proporcionar à mocidade subsídios para prestar os exames de acesso aos cursos superiores, como também no desempenho dos deveres de cidadão.
Assim, o Atheneu Sergipense recebeu em seus espaços agentes administrativos e pedagógicos, que deixaram sinais de um passado educacional com muito a revelar acerca da História da Educação brasileira. Algumas dessas marcas resistiram às ações do tempo e dos homens e, atualmente, constitui uma significativa massa documental acumulada, organizada e disponibilizada para consulta no Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense (CEMAS), criado no ano de 2005. O CEMAS tem por objetivo, salvaguardar a documentação do Atheneu Sergipense, preservando a cultura patrimonial escolar e, desse modo, parte significativa da história de Sergipe. Pois, tratamos aqui de uma instituição pública criada no século XIX e com um funcionamento ininterrupto até a contemporaneidade.
Para as comemorações alusivas aos 150 anos do Atheneu Sergipano, que coincidem com os 200 anos da emancipação política de Sergipe, uma vasta programação foi organizada que prevê, entre outros, os seguintes eventos: solenidade de obliteração de selo comemorativo dos 150 anos do Atheneu Sergipense, calendário festivo do sesquicentenário do Atheneu Sergipense, ciclo de palestras proferidas por diferentes pesquisadores, publicação da coleção “Uma Casa de Educação Literária: 150 anos do Atheneu Sergipense”, sendo constituída por dez livros, concurso de imagens do Atheneu Sergipense, gincana estudantil e alvorada festiva em 24 de outubro de 2020.
O sesquicentenário da criação do Atheneu Sergipano é um momento de celebração e de memórias escolares, mas também uma oportunidade para dar visibilidade à educação pública de qualidade.
Sobre os autores:
1 - Professora Titular aposentada da Universidade Federal de Sergipe e voluntária do Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma instituição. Líder do Grupo de Pesquisa Disciplinas Escolares: História, Ensino, Aprendizagem (DEHEA/CNPq/UFS). Diretora do CEMAS. E-mail: Ver email
2 - Professor Adjunto do Departamento de Educação (DEDI) da Universidade Federal de Sergipe. Membro dos Grupos de Pesquisa Disciplinas Escolares: História, Ensino e Aprendizagem (DEHEA/CNPq/UFS) e Relicário (DEDI/UFS/CNPq). E-mail: Ver email