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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Jun e Jul/2019)

TESTES ABC: SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ESCOLAR

Escrito por Juliana Topanotti dos Santos Mello

     No início do século XX, a expansão da escolarização primária estava na pauta dos governos de muitos países, dentre eles o Brasil. Preocupavam-se em como organizar o sistema escolar para que pudesse receber um contingente maior de crianças e para que o processo de ensino e aprendizagem fosse o mais eficiente possível.


      É diante dessas demandas que é criada a primeira escala métrica de inteligência infantil, pelos franceses Alfred Binet e Théodore Simon, em 1905. Havia nestas práticas a seletividade já que, por meio destes instrumentos de verificação da inteligência, as crianças seriam encaminhadas para escolas regulares e especiais. Além disso, havia a classificação, já que as crianças eram alocadas em classes homogêneas de acordo com a rapidez de sua aprendizagem.


      Em 1927 começam no Brasil, com o educador Lourenço Filho, as primeiras experiências com os Testes ABC, instrumento baseado nas versões internacionais. Estas primeiras aplicações ocorreram no jardim de infância e nas escolas modelos anexas à Escola Normal da capital paulista. Em 1934, Lourenço Filho publica a primeira versão deste teste que visava verificar a maturidade e as aptidões necessárias à alfabetização. A diferença do teste brasileiro para os testes de outros países é que o primeiro pretendia produzir um “diagnóstico precoce” e um “prognóstico seguro”, sendo aplicado antes do processo de alfabetização ser iniciado e definindo a organização do ensino primário.


      Neste dispositivo de avaliação o princípio de seleção e classificação foi mantido, visto que A, B e C eram designações para as turmas formadas com base nos resultados dos testes. A turma A era formada pelas crianças que seriam alfabetizadas em 6 meses (fortes), na turma B o processo de alfabetização ocorreria em 1 ano (médios) e na turma C o prazo seria maior de 1 ano, além da turma necessitar de estímulos extras (fracos). Desta forma procurava-se também selecionar as crianças que iriam se beneficiar das escolas regulares de ensino e aquelas que deveriam ser encaminhadas para escolas especiais, seja por estarem além da média de pontuação ou aquém desta medida.


      Além da verificação da maturidade e aptidões necessárias para a alfabetização, os testes ABC se dispunham a verificar também problemas de saúde: a audição e a visão, bem como indicava a existência de problemas emocionais ou desajustamentos sociais que poderiam afetar a aprendizagem. Neste contexto a inteligência ou a capacidade de aprendizagem era a variável mais importante, mas acreditava-se que mesmo crianças com um alto grau de inteligência, poderiam ter seu desempenho escolar afetado por problemas de saúde ou questões emocionais e familiares.

 
     Os testes ABC foram utilizados nas escolas brasileiras durante décadas, sendo que em 1974 a publicação do manual de aplicação do teste já estava na 12ª. Edição. Os usos destes testes visaram a organização do sistema educacional para a ampliação da escolarização escolar, selecionando e classificando as crianças conforme seus desempenhos na avaliação psicológica.

 
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