No último dia 24 de outubro, o Centro de Educação a Distância (CEAD) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) comemorou o seu vigésimo ano de existência. Um encontro festivo reuniu autoridades acadêmicas, docentes, técnicos e discentes, bem como ex-professores e alunos egressos. Essa reunião fez um retrato do presente desse centro com homenagens, presenças e ausências, bem como se converteu em um momento de memórias institucionais.
É importante dizer que o CEAD foi criado em 24 de outubro de 2002 como uma unidade de ensino da UDESC para dar formação em nível superior a docentes da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental de escolas das redes públicas catarinenses. Tratou-se inicialmente de um projeto de massificação do Curso de Pedagogia a Distância, de modo que de 2002 a 2014, formou 15 mil pedagogas/os. Nos últimos anos o CEAD passou a diversificar os seus cursos de graduação, de sorte que de 2015 a 2022 formou 2.058 licenciadas/os em Pedagogia, Informática e Ciências Biológicas. Desta forma, em 2018 desmembrou o Departamento de Educação a Distância, criando o Departamento de Educação Científica e Tecnológica, de modo que, atualmente, esses dois departamentos gestionam cursos EaD em 18 polos localizados no território catarinense.]
O banner do encontro que festejou os 20 anos do CEAD dizia: “UDESC/CEAD: 20 anos democratizando acesso da população catarinense ao ensino superior”. Mote preciso! O grande mérito do Centro de Educação a Distância da UDESC é levar cursos de licenciatura para regiões do interior do estado de Santa Catarina, geralmente desprovidas de ensino superior. A UDESC é descentralizada, mas a maioria de seus centros está localizada em grandes cidades como Florianópolis, Joinville e Lages. E o Curso de Pedagogia presencial da UDESC está acomodado na capital catarinense, que já é servida pelo Curso de Pedagogia presencial da UFSC. De forma desbravadora, o CEAD foi para a grande área continental de Santa Catarina por meio da EaD ou melhor através do ensino híbrido que, sobretudo a partir da pandemia, espraiou-se em todos os centros da UDESC.
Os depoimentos mais expressivos no encontro do dia 24 de outubro foram os de representantes de Araquari, que falaram sobre do Curso de Pedagogia a Distância do CEAD/UDESC realizado nesse município, na primeira década do século XX, para qualificar as docentes da rede pública de ensino. A tutora presencial e um ex-aluno – atualmente diretor de ensino do município – exploraram o aprendizado pedagógico das estudantes que já atuavam em sala de aula. O então prefeito de Araquari (hoje secretário da educação do município) lembrou que somente um professor não frequentou o Curso de Pedagogia da UDESC e ressaltou que a formação inicial em nível superior fez o IDEB do município crescer e estimulou professores a continuarem a sua formação acadêmica em nível de pós-graduação.
Oferecer ensino superior em regiões do território catarinense não atendidas pelo ensino superior é uma ação de inclusão de cidadãos, mas o CEAD vai além porque prioriza os excluídos no tripé ensino-extensão-pesquisa. Atualmente os cursos de pós-graduação do CEAD (especialização e mestrado) também vão nesta direção. O Curso de Especialização em Educação Inclusiva tem como propósito “promover práticas escolares no acolhimento às variações humanas numa interface com as políticas públicas e os direitos humanos”, aprimorando a formação profissional de docentes e especialistas em educação. O Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em rede (PROFEI) proporciona cultura pós-graduada stricto sensu em parcerias com treze universidades públicas brasileiras e, no presente ano, realizou as primeiras defesas de dissertações de mestrado. A educação inclusiva dá conta da educação especial, mas envolve também a questão dos direitos humanos.
Durante os seus 20 anos de existência, o CEAD deu respostas a demandas educacionais específicas de Santa Catarina. Todavia, com a flexibilidade espaço-temporal própria da EaD, o CEAD pode repensar a sua atuação acadêmica, levando em conta que a grande maioria das professoras da educação da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental de Santa Catarina já tem curso superior e que o desafio nessas etapas da educação básica é o oferecimento de um ensino-aprendizagem que seja atualizado nos conteúdos e metodologias e digitalmente adequado.
