Feito um presente de natal, recebi a versão final da dissertação de mestrado “Letra A – o jornal do alfabetizador e a concepção de ensino e aprendizagem da linguagem escrita de professores alfabetizadores”, de Dayane Mazuram Trevisoli, defendida no Programa e Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá e orientada pela professora Maria Angélica Olivo F. Lucas. Trata-se de um trabalho incomum em nível de mestrado porque tem quase duzentas páginas e apresenta excelente qualidade.
O resumo do trabalho acadêmico de Dayane começa definindo o seu propósito ao afirmar: “a presente dissertação objetiva compreender a concepção dos leitores do Letra A – o jornal do alfabetizador acerca do processo de ensino e aprendizagem da língua escrita envolvendo os conceitos de alfabetização e letramento. Este jornal, vinculado ao Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE), órgão integrante da Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem por finalidade divulgar estudos e pesquisas que envolvem o ensino da linguagem escrita e fortalecer a formação de professores alfabetizadores”. Isto é realizado efetivamente no terceiro e último capítulo que explora, por meio de entrevistas, como professoras alfabetizadoras leitoras do Letra A se apropriaram do conteúdo deste jornal para tornar a sua prática alfabetizadora mais eficaz – palavra adequada para o nosso tempo marcado por vacinas.
No entanto, o primeiro e segundo capítulos também são pedagogicamente relevantes. No primeiro é apresentada uma visão panorâmica do campo de estudos da alfabetização e do letramento no Brasil, dando relevo às concepções teórico-metodológicas e críticas. Nesta parte é explorada a obra monumental de Magda Soares, coordenadora do CEALE que colocou o letramento no centro do debate sobre alfabetização, indicando o mote “alfabetizar letrando”. Na medida em que analisa “O Letra A – o jornal do alfabetizador”, o capítulo 2 desdobra o movimento pedagógico animado por Magda Soares. Desta forma, procurando disseminar o binômio alfabetização/letramento no chão da escola, o CEALE criou, em 1990, o jornal “O Letra A” com o intuito de realizar formação de docentes alfabetizadoras. Esta segunda parte do trabalho faz uma análise consistente sobre o jornal “O Letra A”, que merece ser conhecido pelas educadoras brasileiras, particularmente aquelas que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental.
A leitura da dissertação de mestrado de Dayane é altamente recomendável para as docentes e estudantes dos cursos de licenciatura em Pedagogia no Brasil, que facilmente se perdem em digressões contextuais e geralmente não aprofundam as questões de alfabetização e letramento.