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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Ago e Set/2021)

ANITA GARIBALDI NA FORMAÇÃO DOCENTE

Escrito por Maria Tereza de Queiroz Piacentini e Norberto Dallabrida

     No presente ano rememoram-se, particularmente no Brasil e na Itália, os 200 anos do nascimento de Anita Garibaldi. Em 2019 foi instituída, pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), a Comissão Estadual Comemorativa ao Bicentenário de Nascimento de Anita Garibaldi, que está promovendo publicações e eventos sobre a “heroína de dois mundos”, bem como o Concurso Literário Bicentenário de Anita Garibaldi, cujo público-alvo são os estudantes de Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino.

 

      De sua parte, a Secretaria de Estado da Educação (SED) de Santa Catarina está oferecendo aos seus docentes o ciclo de webinares intitulado “Formação Continuada de Professores de Educação Básica: Bicentenário de Anita Garibaldi – heroína de dois mundos”. A promoção deste evento é uma iniciativa da Gerência de Educação do Ensino Médio e Profissional da SED, cuja titular é Letícia Vieira, que conta com equipe técnica formada por Maike Cristina Kretzschmar Ricci, Olires Marcondes do Espírito Santo e Lauro Roberto Lostada. Além das quatro webinares, em que especialistas de várias áreas analisam diferentes facetas da trajetória de Anita Garibaldi, também integra a formação docente a exibição online dos filmes ANITA (2016) e ANITA E GARIBALDI (2013).

 

      Por que proporcionar reflexões sobre Anita Garibaldi na formação docente da rede estadual de educação? Letícia Vieira, gerente da SED, afirmou que o objetivo do ciclo de webinares é “tornar conhecidas na rede estadual e, por consequência, no estado de Santa Catarina a história e as representações tecidas em torno da figura de Anita Garibaldi”. Trata-se de uma afirmação alicerçada numa concepção atualizada da disciplina-saber História porque diferencia o processo histórico passado pela Aninha do Bentão/Anita Garibaldi, ocorrido no período de 28 anos, e as representações que se fizeram dela em diferentes momentos históricos e por variados grupos sociais. Segundo o historiador Roger Chartier, a representação é a presentificação do ausente, que é também uma construção social desse ausente, de forma que cabe aos historiadores se ocupar da crítica às representações dos fatos e atores do passado.

 

      No Brasil, e particularmente em Santa Catarina, Anita Garibaldi veio a ter visibilidade a partir da proclamação da República (1889). Especializado na História de Laguna, João Batista Bitencourt assevera: “É somente com a implantação do regime republicano que passa a ser construída uma nova representação da República Catarinense e de Anita Garibaldi, especialmente por meio do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, criado em 1896 [...]”. Como a heroína da República Juliana, Anita Garibaldi começou a ganhar diversas publicações como livros e artigos, estátuas, nome de praças e de municípios – a exemplo de Anitápolis e Anita Garibaldi no território catarinense.” Desta forma, hoje ela faz parte do panteão nacional, junto com Tiradentes, entre outros republicanos.

 

      A República Catarinense e Anita e Guiseppe Garibaldi foram usados pelo movimento separatista “o sul é meu país”, que emergiu nos anos 1990. Na moeda do país planejado com os três estados do sul do Brasil (o pila), Anita Garibaldi está estampada na nota de vinte pilas.

 

      De outra parte, Anita Garibaldi é lida na clave dos feminismos como uma mulher que, ao abandonar o marido (o qual já não estava ao lado dela, segundo consta) e se juntar a Giuseppe Garibaldi, rompeu a disposição de gênero do século 19. Naquela época, por certo, uma boa esposa não deixaria o marido só por não nutrir sentimentos românticos por ele, nem por ser traída ou maltratada, pelo simples fato de que ela teria inúmeros contratempos para se sustentar sozinha. E, sempre que houvesse filhos, o amor materno se somava à dificuldade de uma separação. No entanto, Ana Maria de Jesus Ribeiro não tinha prole quando foi flechada por Cupido. Tendo essa liberdade e arrebatada pela perspectiva de vivenciar uma grande paixão longe de sua terra natal e de todos os olhares reprovadores, ela seguiu em frente. Corajosamente, sim. Não podemos lhe negar a façanha de subverter os costumes e romper com sua vidinha apática.

 

      É lícito, pois, afirmar que a Aninha do Bentão não foi revolucionária somente a partir do momento em que conheceu o corsário italiano, mas antes – como sugere o filme ANITA (2016). Além de ter sido extraordinariamente revolucionária nos campos de batalha aqui e além-mar!

 

      Em gg.gg/formacaoanitasc pode-se acessar a programação da formação docente da SED de Santa Catarina e, de modo especial, as quatro webinares e os filmes da Mostra Anita Garibaldi. Este material disponível online merece ser visto/ouvido neste mês de agosto em que celebramos o bicentenário da “heroína de dois mundos”.

 
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