No início deste ano letivo, a rede pública de Santa Catarina vai implantar um novo formato de ensino médio, marcado pela flexibilização curricular e pela educação em tempo integral.
Estimulada pelo Governo Federal, essa iniciativa é restrita a apenas 16 colégios públicos espalhados em diferentes municípios.
Do ponto de vista pedagógico, é consistente e salutar dar certa liberdade de escolha de disciplinas aos alunos e ampliar o número de horas semanais de aula.
No entanto, a proposta do novo ensino médio em fase de implantação em algumas escolas catarinenses apresenta no mínimo três limites, que passo a comentar.
Em primeiro lugar, a pressa na implantação da nova modalidade de ensino médio é problemática porque a experiência internacional indica que um novo currículo deve ser elaborado com vagar.
Em especial, é preciso definir a proposta pedagógica que fundamenta a integração de disciplinas e tecer a operacionalização didática no chão da escola. Não é uma tarefa simples para ser feita em poucos meses.
Em segundo lugar, a falta de uma carreira docente atraente é um ponto frágil no novo ensino médio.
No Brasil, os salários dos professores são 39% inferiores aos de outros profissionais com diploma em nível superior.
Não por acaso, as licenciaturas estão esvaziadas e, em Santa Catarina, a metade dos professores ensinam disciplinas para as quais não têm formação. Os professores precisam ser muito bem remunerados e muito bem avaliados!
Por fim, escolher somente 16 colégios públicos para introduzir o novo ensino médio depõe contra a democratização da escolarização. Toda proposta educativa que privilegia um grupo particular de cidadãos exclui a grande maioria, geralmente aquela mais desfavorecida.
Para superar o gargalo do ensino médio, o estado de Santa Catarina precisa implementar políticas educacionais que tonifiquem a carreira docente e universalizem uma Educação Básica de qualidade.