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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Dezembro/2016)

Prof. Orestes Guimarães biografado

Escrito por Norberto Dallabrida e Gladys Mary Ghizoni Teive

     A pesquisadora Gladys Mary Ghizoni Teive já estudou o professor paulista Orestes de Oliveira Guimarães nos livros “Uma vez normalista sempre normalista“ (Editora Insular), fruto de sua tese de doutorado na UFPR e “A Escola da República” (Editora Mercado de Letras).

 

     Na primeira obra, ele é analisado como reformador da Escola Normal Catarinense (1910) e, na segunda, como mentor e coordenador da implantação dos primeiros grupos escolar em Santa Catarina, de 1911 a 1913.

 

     Apesar destes trabalhos, Gladys Teive vem pesquisando a biografia de Orestes Guimarães, que pretende focalizar as experiências pessoais e profissionais desse professor em vários municípios paulistas e catarinenses. Por isso, a coluna “Histórias da Educação” deste mês dedicado ao professor resolver entrevistar a entusiasmada biógrafa do professor Orestes Guimarães.

 

     Por que você está elaborando a biografia do Professor Orestes Guimarães?

 

 

      Gladys Teive – Por que se trata de um personagem singular no campo da educação catarinense. Suas reformas, na década de 1910, tanto a empreendida no Colégio Municipal de Joinville, quanto a da instrução pública de modo geral, deitaram profundas raízes no sistema educacional do estado, algumas perceptíveis ainda hoje. Ademais, a sua atuação como Inspetor Federal das Escolas Subvencionadas pela União, nos anos 1920, precisa ser melhor investigada. Isso sem falar do trabalho que desenvolveu em sua terra natal, antes de ser contratado pelo estado de Santa Catarina, ou seja, de sua participação no chamado “Bandeirismo paulista do ensino”. 

 

     Bandeirismo paulista do Ensino? De que se trata?

 

      Gladys Teive - O fenômeno conhecido na  Historiografia Brasileira como “ Bandeirismo Paulista do Ensino” foi desencadeado  pela reforma da instrução pública do ensino paulista, iniciada em 1890, a qual, dentre outros, implantou os  grupos escolares. Esta experiência inovadora foi disseminada em todo o país por meio das chamadas “Missões de Professores Paulistas”, da qual faziam parte normalistas com experiência docente e de gestão em grupos escolares, os quais eram contratados para realizarem reformas congêneres nos estados. Santa Catarina foi um dos primeiros estados da federação a contratar  um professor paulista para  reformar a sua instrução pública. No obstante a sua importância para o entendimento da cultura escolar brasileira, este fenômeno  tem sido  relegado a um quase esquecimento no meio acadêmico brasileiro. 

 

    Qual será o aporte metodológico de sua biografia?

 

     Gladys Teive - Optei por trabalhar com os conceitos de configuração e de experiência, segundo Ginzburg. O conceito de configuração remete a uma imagem gráfica onde todas as linhas partem e concorrem para o nome do personagem pesquisado. Essa metodologia expressa uma posição teórica muito particular: a de que todo indivíduo ocupa um lugar numa teia humana composta de relações que não lhe é permitido modificar senão dentro de certos limites. Escrever um trabalho biográfico é, em parte, pensar essas relações que se precipitam sobre o indivíduo no momento de seu nascimento e por meio das  quais ele se insere e age no mundo.  Por outro lado, o  conceito de experiência  possibilita  pensar o contexto em que viveu e atuou não como um cenário  fixo e invariável, mas como lugar de um jogo relacional onde se  deu a sua ação em  função de uma situação que lhe era singular: suas relações familiares e sociais, a sua formação, suas estratégias de socialização, sua ação no campo educacional bem como  os conflitos pessoais e políticos por ele vividos.

 
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