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Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Maio e Junho/2016)

A RENOVAÇÃO ESCOLAR NA DÉCADA DE 1950

Escrito por Norberto Dallabrida

     A busca da qualidade de ensino na Educação Básica deve olhar para experiências exitosas nos dias que correm e no passado. Na história da educação brasileira, o período que merece uma releitura atenta é a década de 1950, quando brotaram ensaios escolares singulares e inspiradores em todos os níveis de ensino. Trata-se, em realidade, de uma tradição educacional renovadora colocada em prática em reformas estaduais nos anos 20 e 30 do século XX e defendida com contundência pelo Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), sendo contida nos anos da ditadura getulista.

 

     Em primeiro lugar, deve-se citar a criação, em 1950, na cidade de Salvador, do Centro Educacional Carneiro Ribeiro – mais conhecido como Escola Parque. Trata-se de uma escola pública de qualidade, idealizada por Anísio Teixeira na condição de Secretário de Educação do Estado da Bahia, que foi visitada e distinguida por técnicos da UNESCO. A experiência da Escola Parque foi desdobrada e atualizada nos Centro Integrados de Educação Pública (CIEPs), no Estado do Rio de Janeiro, na década de 1980, e nos Centros Educacionais Unificados (CEUs), na cidade de São Paulo, no início do século XXI. 

 

    Em segundo lugar, é preciso registrar a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), em 1955, sob a batuta de Anísio Teixeira – então diretor do INEP. Essa iniciativa foi viabilizada por meio de uma parceria entre a UNESCO e o MEC-INEP, visando produzir pesquisas educacionais que concorressem para a modernização do sistema público de ensino, com destaque para a formação de professoras/es. O CBPE tinha a sua sede no Distrito Federal, mas era formado por centros regionais de pesquisas educacionais com núcleos em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife.

 

     Em terceiro lugar, é importante lembrar as “classes secundárias experimentais”, experiência inédita em estabelecimentos de ensino secundário público iniciada pelo professor Luís Contier e autorizada pelo MEC, a partir do ano letivo de 1959. Trata-se de um ensaio educacional fundante, que foi apropriado das classes nouvelles francesas, particularmente por meio de estágio de professores/as brasileiros/as no Centro Pedagógico de Sévres. Praticamente esquecidas pela historiografia brasileira, as classes secundárias experimentais podem ajudar a inspirar o Projeto do Ensino Médio Inovador.

 

      Por fim, no final dos anos 1950, Paulo Freire iniciou o seu trabalho criativo e politizado na educação de adultos, que o conduziu, no final do Governo Jango, à coordenação nacional do “Plano Nacional de Alfabetização”. A partir da década de 1960, a Pedagogia Paulo Freire se converteu numa referência brasileira e mundial da “educação libertadora”.

 

     Esse reflorescimento educacional que emergiu nos anos 1950 foi cortado pelo golpe militar. É preciso rememorá-lo na clave do tempo presente.

 
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