Em meados deste ano veio à lume o livro intitulado “História da Escola: métodos, disciplinas, currículos e espaços de leituras” com o selo da Editora da Universidade Federal do Maranhão e da Café & Lápis. Trata-se de um calhamaço de mais de 600 páginas, organizado pelos professores César Augusto Castro e Samuel Luís Velázquez Castellanos, ambos da UFMA.
A apresentação desta coletânea esclarece: “este livro privilegia quatro eixos numa perspectiva histórica: os métodos de ensino traduzidos nas formas de ensinar e aprender; as disciplinas escolares como representações formais dos conhecimentos a serem partilhados em sala de aula que atendem a uma série de dispositivos didáticos e operacionais [...]; o currículo entendido como cômputo de saberes e práticas articuladas objetivando a troca de vivências entre docentes e discentes e; por último, os espaços de leitura, por compreendermos que todo processo de educação (formal ou não) requer práticas leituras que se configuram a partir de diferentes espaços (família, escolas e bibliotecas)”.
Desta forma, os 24 textos reunidos na obra “História da Escola” oferecem uma leitura multifacetada da história da escolarização brasileira nos séculos XIX e XX. Esses textos, escritos por duas dezenas de autores brasileiros e por um punhado de estrangeiros, focalizam métodos de ensino, abordam disciplinas-saber e dão uma atenção especial para os processos e espaços de leitura – uma questão cara aos organizadores. A maioria dos autores brasileiros é formada por historiadores da educação, cujo textos foram apresentados inicialmente no Encontro Maranhense de História da Educação (EMHE), organizado anualmente pelos professores César e Samuel e que vem se consolidando na região norte/nordeste e no Brasil.
A interface internacional da coletânea é feita pelos seguintes autores: Roger Chartier, que escreve os artigos intitulados “Literatura e cânone escolar” e “”As bibliotecas, a história da cultura escrita e as novas tecnologias”; Elsie Rochwell que reflete sobre as múltiplas apropriações da escrita; Agustín Escolano Benito que nos apresenta a perspectiva etno-histórica da cultura escolar; e Jean-Yves Mollier, que assina o capítulo sob o título “Os manuais escolares no ensino na França: produção, circulação e recepção (séculos XIX e XX). Os três primeiros são bem conhecidos do público brasileiro, enquanto o último, que tem trabalhos instigantes, vem sendo difundido no Brasil especialmente pelos organizadores do livro.
Desta forma, a coletânea “História da Escola” deve ser presença obrigatória nas bibliotecas das faculdades/centros de Educação porque nos oferece textos que lançam novos olhares em torno das pesquisas sobre métodos, disciplinas-saber, manuais e leituras como dimensões curriculares.