Escrito por Norberto Dallabrida
Manoel Bergström Lourenço Filho é geralmente conhecido como um dos principais signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e autor de “Introdução ao Estudo da Escola Nova” – um clássico da Pedagogia no Brasil. No entanto, no atual movimento de revalorização do campo pedagógico, acreditamos que vale a pena reler a trajetória e as contribuições educacionais de Lourenço Filho.
Normalista e bacharel em Direito, Lourenço Filho era multifacetado, atuando como professor, gestor público e escritor. Começou a lecionar ainda enquanto realizava o Curso Normal em Pirassununga, preparando candidatos para o exame de admissão.
Em Porto Ferreira – sua cidade natal – trabalhou como professor primário e em Piracicaba foi professor na Escola Normal, ministrando a cadeira de Psicologia e Pedagogia (1921). Na sua estada no Ceará, lecionou na Escola Normal de Fortaleza (1921 e 1923) e, na segunda metade dos anos 1930, foi docente de Psicologia e Pedagogia na célebre Escola Normal de São Paulo. Já no ensino superior, lecionou a disciplina de Psicologia Educacional na Escola de Educação da Universidade do Distrito Federal (1935).
A experiência docente de Lourenço Filho foi levada para outras funções desempenhadas por ele. Assim, fez parte do grupo de educadores paulistas chamados “Bandeirantes da Educação”, os quais atuaram em diversos estados brasileiros na renovação pedagógica do ensino primário e da Escola Normal. Assim, coordenou a reforma destes níveis de ensino no estado do Ceará (1922), sendo considerada a primeira reforma educacional de corte
Depois de ocupar o cargo de diretor do INEP durante o Estado Novo, em 1947 foi nomeado Diretor do Departamento Nacional de Educação, quando concebeu e liderou a implantação da 1ª Campanha Nacional de Alfabetização de Adultos no Brasil em parceria com a UNESCO.
Como escritor publicou artigos em diversos jornais como o Estado de São Paulo e Jornal do Comércio e revistas especializadas em educação. Criou a “Revista de Educação”, uma publicação da Escola Normal de Pirassununga, e a “Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos” – periódico científico do INEP. Publicou muitos livros dentre eles “Juazeiro do padre Cícero” (1926), “Introdução ao Estudo da Escola Nova” (1930) e “Testes ABC”, além de cartilhas e outros livros didáticos. Organizou a Biblioteca da Educação, uma coleção de livros de sua autoria e outros de autores estrangeiros traduzidos para a Língua Portuguesa.
Embora tenha atuado em diversos níveis de ensino, Lourenço Filho deu relevo ao ensino primário e, particularmente, às questões de alfabetização. O seu livro sobre os testes ABC deve ser lido como o coroamento da sua preocupação com a alfabetização de crianças.
De outra parte, ao colocar em marcha a 1ª Campanha Nacional de Alfabetização de Adultos no Brasil focalizou o aprendizado de ler e escrever dos maiores de 15 anos. Por isso, acreditamos que Lourenço Filho foi um educador dedicado à alfabetização.