Logo da Universidade do Estado de Santa Catarina

Centro de Educação a Distância

Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Abril/2017)

Minhas impressões: A estrutura do sistema educativo na China

Escrito por Norberto Dallabrida

     O educação chinesa vem em constante estado de transição e evolução, assim como a economia do país. Desde o governo de Hu Jintao, sucedido por Xi Jinping, a China tem investido maciçamente em educação, melhorando as instalações, construindo novas escolas e, consequentemente, contratando e capacitando professores para melhorar o nível escolar.

 

     O sistema educativo na China segue divisão em ciclos, contemplando um sistema de 6 + 3 + 3, ou seja, seis anos destinados para o Ensino Fundamental, três anos para o Ensino Médio Júnior, e três anos para o chamado Ensino Médio Sênior.

 

     A educação básica, num total de nove anos, é obrigatória, gratuita (em escolas públicas) e um direito previsto por lei. Nesse ciclo, a taxa de evasão escolar é ínfima. Já a última etapa, de três anos, é optativa. Com o cumprimento de todas as fases escolares, os alunos saem das escolas, em geral, aos 18 anos de idade.

 

    Cada ano escolar tem duração de dois semestres, sendo o primeiro com início em 1° de setembro e término ao final do mês de dezembro (antes do “Spring Festival”, o Ano Novo Chinês); e o segundo com início em 1° de março e encerramento em meados do mês de julho.

 

    Assim, os alunos têm dois períodos de férias: no verão (de julho a setembro) e de inverno (de janeiro a março).

 

   O horário de funcionamento varia de escola para escola, mas, normalmente, as aulas, que são em período integral, começam às 8h e terminam às 12h, e cada aula tem duração de 45 minutos, com intervalo de 15 minutos entre as três primeiras aulas e as duas últimas. Enquanto que as aulas da tarde iniciam às 14h e terminam às 17h. Algumas escolas de Ensino Médio podem ofertar aulas noturnas, que normalmente terminam às 21h30min.

 

     A passagem do Ensino Fundamental para o Médio Júnior é garantida apenas pela matrícula. Já a entrada no Ensino Médio Sênior só acontece por meio de exame admissional, o qual tem a fama de ser bastante difícil e concorrido.

 

    Com essa seleção, o número de alunos que chegam ao ensino superior é muito pequeno, pois é necessário o ingresso e conclusão dessa etapa, além de obter a quantia suficiente para o pagamento do curso universitário.

 

     As disciplinas lecionadas nas escolas de Ensino Fundamental são mandarim, matemática, inglês, história, geografia, desenho e educação física.

 

     Nas de Ensino Médio Júnior, inclui-se o ensino de política, física e química, sendo todas as disciplinas obrigatórias. No Ensino Médio Sênior o aluno tem direito a escolher entre duas áreas: arte ou ciência.

 

     Ao optar por arte, o aluno deverá assistir aulas sobre história, política, geografia, música e Belas Artes.

 

    Já para a opção ciência, cursará física, química, biologia e outras disciplinas científicas, além de tecnologia e informática. Contudo, ambas as opções contemplam o ensino de matemática, mandarim e inglês.

 

     Em todas as escolas e etapas, os alunos utilizam livros didáticos chineses no auxílio da aprendizagem e, em escolas internacionais, esses livros são escritos em inglês.

 

     Essas escolas internacionais cobram uma taxa de matrícula bastante alta, variando entre 50.000 e 100.000 RMB, ou seja, de 25.000 a 50.000 reais. Essas instituições também oferecem alojamento para os estudantes mediante pagamento de mensalidade que, similarmente, custam várias centenas.

 

      Após o término do Ensino Médio Sênior, os alunos são considerados “educados” e podem prestar uma espécie de exame de vestibular, o Gao Kao, encarado como uma prova bastante desafiadora e, assim como a última etapa escolar, dividida em arte ou ciência.

 

      Nos últimos anos, a escola proporciona uma espécie de exame vocacional para orientar os alunos na escolha do curso universitário, mas as instituições deixam bem claro que a função e obrigação de direcionar a futura profissão dos alunos é dos pais.

 

     Essa escolha é tão importante que no primeiro dia de aula na universidade, é de praxe que pelo menos um familiar adentre com o aluno na instituição, eternizando o momento como um dos mais importantes da vida de ambos.

 

     É mister encaminhar a conclusão deste texto falando sobre os professores e sua formação.

 

     Para lecionar nas escolas chinesas, os professores devem satisfazer dois requisitos básicos: 

1. Ter certificado de licenciatura ou bacharelado na área em que deseja trabalhar; 

2. Ter especialização na área de formação. Os cursos que formam professores na China são extremamente rigorosos e, portanto, quem consegue terminar é visto como um cidadão muito inteligente e sábio.

 

      Para conseguir lecionar, o professor deve realizar um exame de admissão preparado pela escola que se candidatou, e a concorrência é absurda, já que, no país, a profissão de professor traz status e respeito, especialmente para as mulheres, que começaram a ganhar voz nas duas últimas décadas. Além disso, a remuneração do professorado é bastante satisfatória e tem melhorado a cada ano, por isso de o recrutamento ser tão rigoroso e a concorrência tão pesada.

 

     É preciso, por fim, destacar que a qualidade dos professores, os recursos de ensino, a gestão escolar e instalações variam de escola para escola e de cidade para cidade. As informações aqui contidas são apenas, e tão somente, um relato do que ouvi e vi em alguns lugares da China, mas que me puseram a refletir sobre os rumos da educação de lá e de cá. Estaremos nós e/ou estarão eles no caminho certo? 

 

*Vanessa Goes Denardi é graduada em Letras e mestranda em Educação pela UDESC.

 
ENDEREÇO
Av. Madre Benvenuta, 2007 - Itacorubi - Florianópolis - SC
CEP: 88.035-001
CONTATO
Telefone:
E-mail: comunicacao.cead@udesc.br
Horário de atendimento:  13h às 19h
          ©2016-UDESC