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Jornal da Educação

Histórias da Educação (Edição Outubro/2013)

Classes experimentais secundárias: inovações no ensino secundário

Escrito por Letícia Vieira

    O Ensino Médio brasileiro tem sido amplamente problematizado e tornou-se alvo de críticas, vindo a ser considerado o "elo frágil" da educação no país. Avançou-se pouco, não se tem finalidades bem definidas e os dados sobre o abandono escolar neste nível de ensino são alarmantes.

 

    Nesta direção, pesquisas voltadas ao estudo de propostas como a efetivada nas classes experimentais secundárias, caracterizada como uma tentativa inovadora e que colocou em práticas medidas que visavam aprimorar aspectos ainda hoje discutidos, tornam-se importantes e necessárias, visto que o estudo das práticas pedagógicas e da cultura escolar das instituições que abrigaram estas experiências inovadoras podem auxiliar-nos na compreensão dos atuais impasses do Ensino Médio.

 

    Inspiradas nas Classes Nouvelles francesas, pensadas pelo intelectual Gustave Monod, as Classes Experimentais Secundárias foram promovidas pelo Ministério de Educação e Cultura em 1958, e funcionaram sobretudo entre o final da década de 1950 e meados dos anos 1960.

 

    O cenário nacional durante este período caracterizava-se pela presença maciça de medidas que intentavam a renovação do ensino, efetivadas sobretudo à luz das iniciativas do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais e de seus Centros de Pesquisa.

 

    Ligadas ao ideário escolanovista, que até então havia voltado suas atenções principalmente ao Ensino Primário, estas Classes intentavam inovações no Ensino Secundário e serviam como campo de aplicação e experimentação a novos métodos e currículos pedagógicos e a programas de aperfeiçoamento do magistério.

 

    Tais práticas pautavam-se também pelas discussões de intelectuais brasileiros ligados ao movimento de renovação do ensino, alguns de projeção internacional, tais como Anísio Teixeira, Jayme Abreu, Fernando de Azevedo e Lauro de Oliveira Lima.

 

    As inovações pretendidas pelas Classes Experimentais buscavam atribuir um sentido concreto de formação para as tarefas e responsabilidades da vida social e profissional. Era desejado que se buscasse promover uma maior articulação entre as disciplinas e que fossem dadas aos alunos oportunidades de maior permanência na escola, através da realização de atividades extracurriculares, e de estudar conteúdos que estivessem de acordo com as suas aptidões individuais.

 

    Esta tentativa de inovação do Ensino Secundário brasileiro, que ganhou vida ainda na década de 1950 e atingiu apenas 1% do total de turmas deste nível de ensino, considerava aspectos acerca dos quais eram tecidas críticas à época, entre eles o excesso de disciplinas, a falta de flexibilidade, a dissociação nas necessidades e interesses dos alunos, o excesso de provas e a avaliação quantitativa – estas que são, ainda nos dias de hoje, as principais críticas direcionadas ao Ensino Médio.

 

 

* Letícia Vieira é aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), a nível de mestrado, onde realiza pesquisa sobre as Classes Experimentais Secundárias do Estado de São Paulo (1955-1964).

 
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